Prólogo

315 14 2
                                    

“Eu nunca acreditei em amor à primeira vista” – Corrigiu ela, rindo, tomando mais um gole da sua xícara de capuccino. “Sempre fui romântica, é verdade...mas não a esse ponto.”

As garotas riram, enquanto a de cabelos vermelhos balançava a cabeça de um lado para o outro.

A tarde caia, avermelhada, pondo-se entre as montanhas que emolduravam a pequena cidade interiorana, dando a impressão de que o mundo inteiro estava colorido em sépia.

Sentadas à mesa de uma padaria discreta, duas garotas conversavam e riam.

Pareciam velhas amigas se divertindo, mas no fundo da voz era possível notar a tristeza se escondendo.

“Vou sentir muito a sua falta” disse uma delas, abraçando estabanadamente a outra por cima da mesa, esbarrando o cotovelo no pote de açúcar e derrubando tudo no chão.

“Eu também vou”, respondeu a amiga, entre risinhos nervosos, recolhendo o pote do chão, “muito”.

Elas levantaram da mesa e se abraçaram fortemente, a ruiva escondendo uma lágrima intrometida que escorregava pelo nariz.

Um menino magrelo de roupas largas se aproximou, interrompendo a emoção do momento, e entregou um folheto colorido para uma delas:

“Últimos dias do circo, últimos dias do circo”  gritou ele, animadamente, antes de sair correndo.

As amigas riram de uma piada interna e saíram caminhando em direção ao pôr-do-sol;as silhuetas contornadas de dourado, como uma melancólica paisagem de um quadro, pendurado para sempre na parede da lembrança.

SpettacoloDonde viven las historias. Descúbrelo ahora