3. A Verdade

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Bianca sentia-se mais solta por conta do álcool, não estava bêbada, mas estava sim ficando mais leve. Ela e Marcela haviam migrado para a sala de estar com algumas garrafas de vinho e petiscos, sentaram-se no espaçoso sofá conversando sobre coisas superficiais até aqui Bia disse:

- Ok! Pronta para o drama RaBia?

Marcela riu do nome que ela usou e disse:

- Prontíssima! Amo confusão e gritaria.

Bia negou com a cabeça antes de começar:

- Então, quando a Rafa estava começando a carreira dela, eu já tinha um público razoável na internet, já não dava tanta atenção ao YouTube, enfim, já estava num outro momento da minha carreira. Até que um dia um amigo meu me disse que havia conhecido a Rafaella e que ela tinha falado de mim, que tinha vontade de me conhecer pois eu era uma das referências dela no meio das influencers. Eu não me surpreendi pois na época eu era uma das poucas a conseguir destaque fazendo isso aqui no Brasil, tu sabe, né?! Quando eu comecei a trabalhar com internet, tudo isso aqui era mato.

- Sei - Marcela riu. - Antes do ryka vírus te picar.

- Tu me respeita, hein - Bianca gargalhou. - Enfim, passou-se um tempo e logo depois outro amigo comentou a mesma coisa, que havia conhecido a Rafa e ela tinha comentado sobre mim. Marcela, te juro, uns três ou quatro amigos meus em comum com ela falaram isso, aí eu não aguentei e fui stalkear ela, né, e porra, eu nunca escondi minha orientação sexual de ninguém então eu já fiquei interessada, tinha certeza que a menina tinha falado de mim assim porque ela também estava interessada, então fui lá e segui ela no Instagram.

Marcela bebericou seu vinho e ergueu o dedo indicador, mostrando que tinha um comentário a fazer. Respirou fundo e disse:

- Olha, antes de você continuar, eu preciso dizer que eu sempre desconfiei da sexualidade da Rafa. Primeiro porque ela te comia com os olhos dentro da casa, segundo porque a cara que ela fez quando tu disse que ficaria com ela foi a melhor de todos os tempos, gay panic maior que aquele só os que eu dava perto de você ou da Titchela mesmo.

Bianca riu e comentou:

- Eu amo que você já pesca as coisas rápido, preciso nem entrar em detalhes - bebeu seu vinho calmamente vendo o queixo de Marcela ir ao chão.

- Meu pai amado, então RaBia é real?????? A patrulha sapatão da internet não perde uma!!!

- Classe reconhece a classe, né, Marcela. Mas não, RaBia não é real, acho que eu e Rafa somos extremamente incompatíveis em tudo, ou quase tudo - deu um sorriso malicioso.

- Mas tu é muito safada mesmo, puta que pariu! Vai, continua a fofoca.

- Então, a gente trocou umas mensagens despretensiosas no Instagram, só umas dicas para ela na carreira dela, enfim, só coisa profissional mesmo, nada com segundas intenções. Aí ela falou que queria muito me conhecer pessoalmente pois gostava demais do meu trabalho e queria trocar umas figurinhas - explicou. - Aí a gente ia se encontrar num evento, mas eu tive uma confusão com a minha agenda, na época eu não tinha uma assessoria, minha mãe fazia tudo pra mim, daí deu ruim e eu não apareci, depois nós iríamos num outro evento juntas só que também deu um problema, dessa vez com ela e não nos vimos, nesse meio tempo a gente sempre se falava pelo Instagram.

Bianca beliscou alguns petiscos e bebeu mais um pouco de vinho antes de continuar:

- Ate que papo de, sei lá, uns quatro eventos que não deram certo, nós duas nos vimos num aniversário de um amigo em comum que eu cheguei de surpresa, ela não esperava me ver lá porque eu estaria em Nova Iorque, mas adiantei minha passagem pra conseguir ir já que era um amigo importante pra mim. Daí beleza, nos conhecemos, foi tudo muito bem, conversamos de boa, só assunto profissional, até que a festa foi ficando boa, o álcool foi entrando e a dignidade dando adeus, e eu na cara de pau mandei na cara dela que tinha achado ela uma gostosa do caralho e se ela era bi porque eu estava com uma vontade fodida de ficar com ela.

Marcela gargalhou, perguntando:

- Tu usou essas palavras doces desse jeito?

- Sim! Doce igual um coice de mula como eu sou.

- Eu daria tudo para ver a cara da Rafa nesse momento - Marcela riu.

- Menina, eu vi aquela mulher ficar vermelha, aquele mulherão todo parecia que tinha visto um fantasma, eu juro para você que durante todos esses anos que conheço a Rafa, essa foi a única vez que a vi sem controle das reações dela, sem palavras, sem nada! Ai pronto, né, eu já achei que tinha feito merda, já comecei a pedir desculpa, disse que tinha interpretado tudo errado, desejei sorte na carreira e sumi da frente dela sem nem esperar resposta nenhuma.

A loira comentou:

- Isso só fica melhor.

- Pois tu não viu nada! Eu saí de perto e fui atrás de quem eu já sabia que ia me dar moral, né, que no caso era a Bárbara Labres.

- É como dizem na internet, nem guindaste...

- Aquela ali é foda mesmo - Bia concordou. - E ela é meio que a minha figurinha certa, se estamos na mesma festa a gente fica, se não terminamos a noite com mais ninguém, a gente se arruma entre a gente, sempre foi assim, então eu fui falar com ela e óbvio que a gente ficou, só que aí é que começa a loucura, eu estava com a Bárbara e a Rafa estava sempre por perto e eu podia jurar que ela estava encarando a gente, mas eu não conhecia a Rafaella bem o suficiente para afirmar que ela estava puta com a cena, mas tudo que parecia na cara dela era isso, que ela estava puta! Puta pra caralho!

- To te falando...amor e ódio andam juntos...

- Garota, escuta que a história fica mais louca ainda - bebeu mais um pouco antes de continuar. - Teve uma hora que a Bárbara subiu para tocar e eu...

- Só um minuto - Marcela interrompeu. - Sexo com uma DJ de verdade é melhor? Tem diferença? Uma curiosidade que sempre tive...

- Porra, Marcela, tá de sacanagem com a minha cara? - Bianca começou a rir. - Olha, vou te apresentar a Bárbara e aí você descobre por você.

- Tenho nem roupa para esse evento.

- Enfim, posso continuar?

- A vontade...

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