Capítulo 55: Ter Sido Tão Cega

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- Filha, o que você fez com o seu cabelo? - minha mãe perguntou, assim que sentei ao seu lado na mesa

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- Filha, o que você fez com o seu cabelo? - minha mãe perguntou, assim que sentei ao seu lado na mesa.

Bruno estava lá fora me esperando no carro. Ele até quis entrar comigo, mas agora eu sabia que isso era algo que eu tinha que fazer sozinha.

- Eu só resolvi mudar - respondi, e cruzei meus braços em cima da mesa. - Você devia ter avisado que estava vindo.

Ela sorriu sem humor.

- Você estava me ignorando, como eu ia avisar? - perguntou, e pegou o cardápio. - Nada de bom para comer aqui. Deveríamos ir para um restaurante.

Essa era a melhor lanchonete que tinha na cidade. Mas, eu não ia discutir com minha mãe sobre isso.

- Você disse que precisava da minha ajuda. - falei. - O que é exatamente?

- Não é bem eu que preciso da sua ajuda, é o Damon. - contou. - Ele está preocupado com o Bruno.

Engoli em seco sabendo que nossa conversa não iria terminar bem.

- Por que ele está preocupado com o Bruno? - perguntei.

Ela largou o cardápio na mesa e voltou a me olhar.

- Você sabe como o Bruno é. Sempre fazendo escolhas erradas e irritando o Damon. - disse. - Acredita que ele está traindo a namorada com uma garota daqui?

Traindo?

Bruno disse que minha mãe sabia que ele tinha terminado com a Charlotte, e eu confiava nele.

Isso quer dizer que minha mãe estava mentindo.

Mas, por que?

Por que ela estava tentando me fazer ver o Bruno com o errado da história?

- Ainda não entendi o que tenho com isso. - falei, tentando parecer indiferente.

- Eu preciso que você me ajude a descobrir quem é essa garota. - falou. - Bruno precisa voltar para casa e ficar com a Charlotte. - ela segurou meu braço. - Vai me ajudar, filha?

Afastei meu braço da sua mão e me encostei na cadeira.

Minha mãe estava estranha e eu começei a desconfiar de uma coisa.

- Quero saber uma coisa antes. - exclamei, fazendo ela franzir o cenho. - Lembra quando você me ligou para falar que o Bruno ia casar?

- Sim. - respondeu.

- Se ele vai mesmo casar com a Charlotte, porque agora você se referiu a ela como namorada dele e não noiva? - perguntei, querendo entender. - Por que mentiu?

Ela me olhou de um jeito que me fez ter certeza de uma coisa.

Ela sabia.

Ela sabia do Bruno e eu.

- Vai me ajudar a achar a tal garota ou não? - repetiu a pergunta, querendo mudar de assunto.

- Por que disse que ele iria casar, mãe? - insisti.

Ela desviou seus olhos dos meus e respirou fundo.

- Se você não vai me ajudar. - disse, levantando. - Eu mesmo procuro ela.

Ela tentou se afastar, mas eu levantei ficando na sua frente.

- Você sabe que ela sou eu, mãe. - falei, não querendo que ela fugisse. - É por isso que você mentiu sobre o casamento? Queria que eu me afastasse de vez dele?

Ela pegou sua bolsa e passou do meu lado não querendo mais conversar.

Mas eu ia deixar ela ir tão fácil.

- Espera. - pedi, também saindo da lanchonete. - Por que é tão ruim para você me ver com o Bruno?

Ela parou de andar e virou para me olhar.

- Porque eu não posso ter sido tão cega. - disse, parecendo irritada. - Você disse que iria fazer da minha vida um inferno, mas não achei que chegaria tão longe.

Fiquei alguns segundos calada surpresa por ela achar que minha relação com o Bruno se tratava daquilo.

Que eu estava com ele para provocá-la.

- Então, é isso? Acha que tudo isso é por sua causa?

No começo, eu realmente me aproximei dele por causa da merda de um trato, mas isso fazia muito tempo. Se eu estava com o Bruno agora era porque eu o amava.

- Por que mais séria? - questionou. - Você prometeu aquele dia no aeroporto.

Ela realmente achava que meu mundo girava ao seu redor.

Inacreditável.

- Eu tinha 16 anos na época e estava irritada com você. - disse. - Falaria qualquer coisa para tentar te provocar.

Um carro parou do nosso lado e ela se aproximou dele me deixando para trás.

- Mãe, a gente não terminou. - falei, sentindo minha garganta seca.

O motorista saiu do carro e deu a volta no automóvel para abrir a porta para ela.

- Quando o Damon me contou... eu não acreditei. - disse, e voltou a me olhar. - Mas então eu comecei a notar como você ficava quando eu mencionava o Bruno nas nossas ligações. Ai resolvi te testar falando do casamento. Você ficou tão mal que a minha ficha caiu ali mesmo.

Agora, eu entendia o que ela estava fazendo aqui.

Minha mãe queria que eu visse o Bruno como o vilão dessa história. Como o cara que não se importava de trair a "namorada". Se eu enxergasse ele assim, iria me afastar.

E era isso que ela queria.

Era horrível saber que a minha própria mãe estava sendo tão baixa a esse ponto.

Ela entrou no carro e me deixou sozinha no meio da calçada com os olhos cheios de lágrimas.

- Helena. - Bruno chamou, depois que atravessou a rua.

Fui até ele e passei meus braços pelo seu corpo precisando do seu toque. Bruno me abraçou de volta e deu um beijo na minha cabeça.

- Está tudo bem. - ele murmurou, quando percebeu que eu estava chorando. - Tudo bem, Helena.

Não, não estava tudo bem.

Minha relação com a minha mãe estava arruinada e eu nem sabia se um dia ela voltaria a falar comigo.

Ele é o Filho Do Meu Padrasto // ConcluídoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora