— Nós vamos encontrar um jeito de fazê-lo acreditar que é para o bem dele. — A expressão no rosto do Philip é de total descrença de que vamos conseguir isso. — Você quer entrar para vê-lo? — pergunto mudando de assunto.

— Não. — Apesar da negação, a insegurança na voz dele me diz o contrário. — Eu não... — ele para de falar hesitante, como se estivesse decidindo se me diz a verdade ou não —, eu não queria ter que falar com ele.

— Ele está dormindo — digo. — Você pode apenas vê-lo para ter certeza de que está bem. Talvez, isso faça você se sentir menos culpado.

Sou sincera demais.

Mesmo não conhecendo tão bem o Philip, eu já gosto dele ao ponto de me sentir triste por toda esta situação. Queria que ele se sentisse melhor.

Então, ele respira fundo e assente.

Andamos de volta até a porta onde o Lucas deu ordem para um soldado ficar e não deixar ninguém entrar.

— Você tem certeza? — o soldado me pergunta. — Pode ser perigoso e você sabe que tenho ordens para não deixar ninguém visitar o prisioneiro.

— Ele não é um prisioneiro — apresso-me a dizer. — E não estou sozinha.

Ele me olha cheio de incertezas, mas, por fim, concorda:

— Tudo bem.

Abre a porta descontente e nos dá espaço para passar.

— Você também pode entrar— digo, fazendo um carinho na cabeça do Loki que me olha nos olhos.

Eu toquei em alguns cachorros antes, mas pequeninos.

Este é grande, e se ele não tivesse essa cara de bobo, seria bastante assustador.

Os pelos do peito e das patas são brancos, assim como da metade do focinho dele. Em cima dos olhos, há dois pontos dourados que se destacam no pelo preto da cabeça que se estende pelo resto do corpo.

É lindo e meigo, e só consigo pensar em como ele não combina com o Thomas.

— Ele não tentou resistir? — Philip pergunta curioso enquanto paramos na porta. Dou um pouco de álcool em gel para ele passar nas mãos e faço o mesmo nas minhas.

Ele não estava por perto quando o trouxemos para a enfermaria, provavelmente deve ter ido alimentar e dar água para o cachorro. Ou apenas não queria ter que falar com o Thomas naquele momento ou não queria vê-lo sofrendo.

— Tentou — digo, esforçando-me para não mostrar como foi difícil. — Principalmente quando ele viu o Lucas. Mas estava fraco demais para conseguir nos impedir.

Loki cheira o cotovelo do Thomas que está um pouco do lado de fora da maca e, a seguir, deita em baixo dela, esticando as duas patas da frente e pousando a cabeça nelas.

Meus olhos sobem para o mercenário mais procurado de Gaia.

Os braços tatuados estão pousados ao lado dele que usa uma bata azul. Meus olhos correm para o rosto e só agora tenho uma noção da beleza dele.

A pele do rosto não apresenta nenhuma imperfeição, com exceção dos pontos no corte próximo à sobrancelha. O cabelo loiro quase branco brilha com a luz. Encontro um pequeno inchaço na têmpora, onde provavelmente amanhã veremos um hematoma.

Observo o Philip se aproximar hesitante da maca e tentando não fazer nenhum barulho.

Aproveito para regular um pouco o soro que está pingando muito devagar, mas não consigo deixar de notar o que o Philip faz.

A Resistência | Coroa em Chamas (Livro 3)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora