Capítulo 15

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É um estande de tiros.

— Você vai me ensinar a atirar? — pergunto, surpresa.

Nate me guia para a cabine que está com a luz acesa, e vejo ao fundo os alvos.

— Não quero pressionar você, Em, mas vou me sentir mais seguro se começar a praticar — diz, parecendo bastante inseguro e hesitante. Provavelmente, com receio de que eu não aceite. — Nós estamos em guerra agora, e poderá haver momentos em que você terá que se defender ou defender alguém.

— Você não precisa tentar me convencer, eu mesma iria pedir para que me ensinasse.

Ele sorri parecendo aliviado.

Não é que eu me sinta confortável com a possibilidade de ter que atirar em alguém, mas agora tenho oportunidade de conseguir ajudar o grupo quando for preciso.

Enquanto estava na Matriz, não era possível, não poderia simplesmente me inscrever em um curso de tiro ou de autodefesa, eles nunca permitiriam. E, nos últimos dias, quando não estávamos fugindo, estávamos tentando encontrar o antídoto. Não havia tempo nem recursos, muito menos disposição para qualquer treinamento.

Acho que este é o momento certo, e me sinto estranha por ter ficado tão empolgada.

Assim que chegamos à cabine, olho para a mesa a nossa frente demoradamente. Há vários tipos de armas e munições expostas.

— Vou pedir ao Vitor ou ao Philip para ensinar a teoria para você em outra hora — fala, enquanto eu me sento na bancada ao lado das armas de frente para ele.

— Pode ser a Sarah — digo.

Ela o treinou, e dá para ver que fez um ótimo trabalho. Também seria uma forma de nos aproximarmos e eliminar qualquer possibilidade de haver algum clima ruim entre nós duas.

— Claro, eu falo com ela. Ela é uma ótima instrutora — ele diz. — Mas agora vamos começar na prática, quero que sua primeira vez seja comigo.

— Você parece entusiasmado com isso.

— Eu estou — fala sorrindo. — O primeiro tiro é uma experiência poderosa, você vai ver.

Ele examina algumas armas e as aponta para o alvo que está atrás de mim.

Tento me concentrar, mas é tão difícil. Ele parece tão perigoso e lindo fazendo isso com o uniforme militar, que sinto um arrepio percorrer meu corpo.

Depois de testar algumas, ele escolhe uma e me ajuda a sair da bancada, entregando-me a arma a seguir.

— Ela é pesada — comento, quando percebo que a peguei com menos força do que era necessário.

— É um revólver calibre 38. Ele é pequeno e o punho de borracha é confortável, pode ajudar você a ter mais estabilidade ao manuseá-lo — fala parecendo um especialista em armas.

Ele segura as minhas mãos e vira a arma para a nossa direita. Só agora percebo que a estava apontando para ele.

— Acho melhor paramos na gravata, não preciso de um tiro pra me apaixonar ainda mais por você — rimos junto. — Brincadeira à parte, ao manusear a arma, sempre a aponte para um lugar seguro e nunca coloque o dedo no gatilho se não tiver intenção de atirar, ok?

— Vou tentar me lembrar disso. — Aponto a arma para o alvo com as duas mãos e sinto um frio na barriga. — É normal sentir medo? — pergunto, sentindo-me frustrada.

— Sim, é um objeto poderoso. Além disso, você já teve o azar de ver uma apontada para você algumas vezes, isso nos faz ter algum respeito. — Ele suspira no final, sei que ele não gosta de se lembrar desses momentos. — Não vou dizer que é fácil aprender a atirar, porque não é, Em. Mas com muita prática, tenho certeza que você vai ficar capacitada.

A Resistência | Coroa em Chamas (Livro 3)Where stories live. Discover now