Capítulo 79

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As últimas horas passaram a uma velocidade assustadora.

Meu anúncio está sendo transmitido de forma ininterrupta para a Fronteira e os Setores. E depois de tudo organizado na base militar e combinado com os Soldados e as Facções, voltamos para o bunker.

Na maior parte do tempo, senti que estávamos tentando apenas controlar o nervosismo e a ansiedade uns dos outros até dar a hora de encontrar os soldados para irmos para a Matriz, o que já não falta muito.

Mas também comemos, conversamos, repassamos os planos e descansamos um pouco.

— Em hipótese alguma podemos nos separar — Nate fala, fazendo-me sair dos meus pensamentos. — Todos nós temos uma função importante aqui. E independentemente do rumo que essa guerra tomar, nós só vamos sair vitoriosos se no final estivermos todos juntos.

E, nesse momento, isso é tudo o que eu quero!

— Além disso, atirem para matar! — A voz do Gabriel soa firme enquanto nos preparamos. Além das pistolas e munições, também colocamos algemas, soqueiras, lanternas, sprays de pimenta e facas nos compartimentos do colete balístico e do coldre. — Não para desarmar, para desviar a atenção nem para ganhar tempo. Se vocês ou outra pessoa estiver em perigo, atirem para matar!

— Isso é uma ordem! — Nathan diz e olha para mim, deixando explícito que é para eu segui-la também.

Faço um gesto de cabeça para deixar claro que eu concordo com eles.

Posso ter tido uma postura diferente até agora, mas sei que não é mais possível.

Olho para Mere quando ela resmunga algo que não consigo entender enquanto coloca a pistola no coldre, e é fácil perceber que nada disso combina com ela.

Mas apesar de ela parecer tão deslocada, sei que nos momentos decisivos ela vence o medo e as inseguranças e faz o que tem que fazer.

Ela é médica, salva vidas sob pressão. Já a vimos fazer isso algumas vezes.

— Mere!

— Ok, Emily — ela responde antes que eu continue. — Eu entendi!

— Eu também odeio isso — digo sincera, e ela dá um suspiro longo enquanto pega a soqueira e a coloca em um dos bolsos do colete — Você e a Anna vão ficar protegidas nas ambulâncias blindadas e terão sempre alguém por perto para protegê-las. Mas se quiser ficar aqui na Fronteira, todos entend...

— De forma alguma — ela me interrompe e afirma convicta. — Posso não ter aprendido a usar uma arma ou aqueles golpes de muay thai, mas sei que posso salvar alguém de outra forma.

— Para que esse drama todo então? — Kyle a provoca, e lanço um olhar de reprovação para ele.

— Não posso ficar nervosa por estar indo para o meio de uma guerra e reclamar disso sem ninguém me julgar? — Mere pergunta para ele com a voz irritada e constrangida ao mesmo tempo.

Seguro a vontade de brigar com o Kyle por fazê-la se sentir assim.

— Eu estou brincando, Mere — ele diz enquanto caminha até ela e a abraça. Sorrio vendo ele ser carinhoso com ela, e ela corresponde ao abraço. Apesar de estarem sempre se provocando, não duvido que eles gostam um do outro. — Você é a médica, é a pessoa mais importante aqui. E o que importa é que apesar de estar morrendo de medo, você está indo mesmo assim. E isso mostra o quanto você é corajosa!

— O que você quer, Kyle? — Mere pergunta desconfiada, saindo do abraço dele.

— Nada — Kyle responde tentando controlar um sorriso. — Tenho certeza que se eu precisar de atendimento, você vai me dar prioridade, né?

A Resistência | Coroa em Chamas (Livro 3)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora