Capítulo 50

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— Fiquem calados! — Gabe pede enquanto nos aproximamos da guarita.

O vidro da janela dele desce até a metade e ele dá uma rápida olhada em direção aos dois guardas.

— Tenha uma boa noite, Senhor!

Solto a respiração quando o portão de ferro se abre de forma lenta e silenciosa. Para todos os efeitos, o Gabe é o Líder Supremo de Gaia nesse momento, portanto, ele pode entrar e sair de quase qualquer lugar quando e como quiser.

Quer dizer, não pode sair com três prisioneiros, por isso, a carnificina lá dentro.

Depois de fazer uma curva na rampa de saída inclinada do estacionamento subterrâneo, a Matriz se desdobra à nossa frente em ruas e avenidas amplas encravadas de prédios altos com paredes de vidro que dão um aspecto elegante e luxuoso, tão típico da capital de Gaia. Gabe avança rápido, mas é obrigado a respeitar todos os sinais vermelhos para não chamar a atenção.

— Embaixo do banco há uniformes — diz olhando para o Philip pelo espelho retrovisor. — Coloque um!

O soldado não contesta, apenas põe a mão no lugar indicado e puxa de lá um saco que rasga imediatamente. Ele verifica o tamanho da camiseta preta e se inclina um pouco para a direita, ficando de costas para mim e para o Thomas enquanto tira a que está usando com movimentos cuidadosos para não nos atingir com os longos braços.

Assim como o Vitor, o Philip é magro, mas dá para notar os músculos bem definidos nos braços, e não consigo deixar de reparar nas costas dele.

A asa do lado esquerdo surge do pescoço e se estende por todo o ombro antes de fazer uma curva delicada e descer para o meio das costas, enquanto a do lado direito é mais fina e está um pouco mais fechada, dando a impressão de que o pássaro está voando. As penas da cauda comprida e ondulada acompanham a linha da coluna e parecem flutuar até à cintura.

É linda!

Observo o Thomas colocar a mão na fênix nas costas do Soldado que paralisa ao sentir os dedos contornando devagar o desenho. Mas ambos sabem que não podemos perder tempo, apesar de o Gabe não ter explicado para que precisa do Philip fardado.

Thomas abaixa a mão, Philip veste a camiseta preta e pede desculpa por ter que se trocar na minha frente. Desvio o olhar quando tira o resto da roupa para vestir as calças camufladas do exército.

Provavelmente não é a primeira vez que faz isso dentro de um carro, porque apesar do pouco espaço e de estarmos em movimento, rapidamente ele está com o uniforme. Depois de colocar o cinto, Philip apoia o pé com o coturno preto na parte de trás do banco onde a Gi está sentada para amarrar o cadarço.

Quando está terminando de apertar o cadarço do outro lado, Gabe freia de forma tão brusca que o eu e o Thomas somos jogados para frente.

— É melhor você ter cuidado — o soldado avisa chateado. Fico esperando a resposta do Gabe, mas o silêncio dele me surpreende. — Você está bem? — Philip pergunta baixinho com um tom preocupado para o Thomas.

— Eu adoro ver você todo irritado — Thomas comenta com a voz ainda um pouco sonolenta. — Sabe o que dá vontade de fazer?

Limpo a garganta pra lembrar o Thomas que estou do lado dele ouvindo tudo o que ele está falando. Ele apenas sorri entendendo o meu recado.

Mas meu alívio não dura muito.

— O que? — Gi pergunta curiosa se virando para nós. — O que você queria fazer?

— Você não vai querer saber — digo, sorrindo para ela.

— Vou sim — ela insiste, com um sorriso divertido que se reflete nos lindos e expressivos olhos castanhos.

A Resistência | Coroa em Chamas (Livro 3)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora