Capítulo 06 - Beatriz

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A Mansão Vasconcelos era barulhenta. Eu nunca entendi como uma propriedade tão grande poderia ser tão agitada. 
Os funcionários corriam nos corredores. 
As vozes altas das cozinheiras e as conversas animadas das empregadas. 
A risada alegre do Senhor Vasconcelos, os sons dos objetos se quebrando quando a Dona Leonor derrubava alguma coisa no chão. 
Eu gostava dos ruídos da Mansão. Ela tinha vida e muita alegria. 
Havia um lugar na Mansão que normalmente ganhava a minha atenção… Era a biblioteca. 
Entrei na imensa sala com várias estantes de livros, que chegavam até o teto de gesso. 
Samuel o irmão mais novo do William costumava brincar na biblioteca. Eu gostava da sua companhia, mesmo sendo o mais tímido. Ele era muito diferente do irmão, William tinha uma vibração contagiante. Mas hoje encontrei o Samuel observando o imenso jardim. Ele esfregou os olhos com o dorso da mão. 

— Sam… Está tudo bem?

O menino agita-se, fungando. 

— William mentiu… — Respondeu com a voz falha. — Ele me prometeu que o Billy ficaria bem. 

Engulo em seco, prestando atenção no jardim. William estava ao lado do Senhor Vasconcelos, acompanhados do jardineiro. 

— Sinto muito, Sam. Eu fiquei sabendo que o Billy morreu. 

— Eles estão preparando um enterro. Eu nunca mais vou ver meu cachorrinho. 

— Will amava o Billy, ele também está triste. 

— Você não sabe de nada… — trovejou, soluçando. 

— Ele disse que cachorros ficam ao lado dos seus donos até mesmo quando morrem. Will pesquisou nos livros; — apontei para as imensas estantes. — É uma maneira de demonstrar amor e gratidão. O Billy vai continuar ao seu lado, com a mesma alegria de sempre. 

— Você está mentindo. William não gosta de ler. 

— Estou falando a verdade… Eu ajudei ele a pesquisar, Loly também ajudou. 

— E por quê ele faria tal coisa? 

— Porque ele ama você! — cruzei os braços. — Eu vou chamar a Loly, ela pode confirmar a minha história. Runf… 

Não tenho motivos para criar mentiras. 

— Bea, espere! 

Parei, próxima da porta. Olhei para trás, Sam era muito parecido com o irmão, apenas os olhos tinham um tom mais claro. 

— Acredito em você; — completou. — Eu também amo muito o meu irmão. 

— Eu sei, é muito fácil amar o William! 

(…)

Há anos não sonho com minha infância ou com meus momentos vividos na Mansão Vasconcelos. A primeira coisa que notei quando acordei, foi a luz do sol iluminando meu quarto.

Meu quarto…

Estou no meu apartamento, deitada na minha cama. Inspirei fundo, sentindo um alívio surreal ondular na minha pele. 

Graças a Deus! 

Pequenos flashbacks de memórias surgem na minha cabeça. Recordo-me do reencontro com os irmãos Vasconcelos… William!
Ele estava no casamento da minha melhor amiga. Incrivelmente belo, mantendo sua postura eminente. Aquele sorriso sedutor ainda iluminava seu rosto elegante, uma barba ralinha completava a perfeição das suas feições. 
Aqueles olhos-castanhos devorando meu perfil, analisando meus movimentos como um predador. A minha boca ficou seca, preciso de água ou de um bom café forte para processar a minha noite desastrosa.

Milionário Sedutor (DEGUSTAÇÃO).Where stories live. Discover now