Capítulo 01 - Will

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2008
William Vasconcelos.






Eu estava lendo o “maldito” Álbum de Memórias pela décima vez. Eu tenho registrado no Álbum as lembranças mais marcantes da minha vida, ainda tinha muitas páginas para preencher com as figurinhas autocolantes. Era um hobby que adorava, não tinha um significado grandioso ou estava relacionado a momentos históricos, mas gostava da sensação nostálgica de abrir o álbum e ler cada memória escrita. São pequenas lembranças que gostava de escrever, no entanto, havia uma figurinha em especial que sempre arrancava a minha paz de espírito. Aconteceu no dia do meu aniversário de oito anos, quando pedi a filha da empregada em casamento. 

Comecei a rir, recordando do momento insano de uma criança sem juízo… completamente sem juízo!

Você foi uma criança perturbada William Vasconcelos. 

Balancei a cabeça, passando os dedos na assinatura delicada de uma garotinha. A caligrafia dela era perfeita, muito bonita para uma criança de seis ou sete anos na época. A minha mãe nunca contou ao certo o que aconteceu naquele dia, o porquê um grupo de policiais invadiu a Mansão e algemaram a empregada. Eu curti meu aniversário de oito anos como qualquer criança, brinquei com meus amigos, aproveitei os brigadeiros e dancei ao som dos Mamonas Assassinas. Entretanto, quando chegou a noite não consegui dormir, pensando no colar que presenteei a garotinha. No outro dia tentei conversar com meus pais sobre o ocorrido, e mesmo com oito anos percebi o quanto eles ficaram abalados. Não quiseram conversar, garantindo que era uma história muito complexa e perturbadora para uma criança. 

Eu soube que nunca mais voltaria ver a Beatriz. Até mesmo Lorena, a minha antiga babá evitava falar sobre a garotinha de olhos-azuis.

Voltei a ler uma promessa feita aos oito anos de idade que nunca será comprida. 

Acredito que já tenho idade suficiente! 

Peguei o álbum, saindo do meu quarto.

Infelizmente encontrei meu irmão mais novo no corredor, ele estava lutando com seu skate. 

— Will, graças a Deus. Eu quebrei outro shape. — Falou aflito. — Você pode me emprestar duzentos reais?

Até parece! 

— Nunca, nunquinha. 

— Fala sério, Will. Você está me devendo dinheiro.

— Sim, estou devendo. Mas não vou emprestar duzentos reais para você comprar outro shape. Você trocou de skate, semana passada, já está na hora de ter responsabilidades… 

— Eu tenho treze anos, que se foda as responsabilidades. 

Revirei os olhos, desviando do meu irmão e continuando meu trajeto até o escritório do nosso pai. 

— Se você não me emprestar o dinheiro, eu vou contar para nossos pais que você está transando com a empregadinha. 

Congelei na metade do caminho. Virando-me para fulminar meu irmão. Eu acho que vou matá-lo só com a força do meu ódio. 

— Você o quê?

— Will, não sou idiota. O meu quarto fica na frente do seu; — ele apontou na direção da porta. — Eu flagrei ela saindo do seu quarto toda suada, com o uniforme amarrotado e cheirando a…

— Está bem, eu empresto o dinheiro! 

Inferno, geralmente sou muito cuidadoso. Eu notei os flertes da empregada quando ela começou a trabalhar na Mansão há três meses. No começo supus que era coisa da minha cabeça, ela é cinco anos mais velha, mas depois percebi que a mulher não estava brincando. Perdi a minha virgindade com a empregada gostosa, continuo dormindo com ela e prevenindo-me de todas as formas possíveis… principalmente com camisinha. 

Milionário Sedutor (DEGUSTAÇÃO).Where stories live. Discover now