VII - A Evolução

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Restava agora apenas sanar as dúvidas de Nícolas. Zara sabia do desejo do comandante de contar ao jovem sobre as transformações que o ser humano sofrera através dos tempos, a forma como havia evoluído até ao que veio se tornar no futuro e outras questões sobre a escolha do nome do planeta, e por que foram para outra galáxia.

O comandante, então, disse:

— Nick, fico muito feliz que tenha aceitado nos ajudar. Eu gostaria de conversar um pouco com você sobre a evolução do ser humano. Gostaria de ouvir?

Os olhos de Nícolas brilharam frente à perspectiva de adquirir novos conhecimentos.

— Por favor, eu adoraria ouvir mais sobre o que aconteceu. Imagino, porém, que o ser humano não tenha mudado muito, já que não vejo grandes mudanças na aparência de vocês.

Sivoc sorriu do engano de seu interlocutor. Era engraçado, mas fazia sentido, afinal de contas, ele não havia visto ainda a real forma dos tripulantes da nave.

— Você está enganado, mas vou começar a história do início. Antes, preciso dizer a você que escolhemos o nome do planeta que colonizamos no futuro pela coisa que mais valorizamos no mundo, a vida. A Terra já havia sido devastada no passado devido à destruição do meio ambiente, às pandemias e pelas guerras por escassez de comida e água. Não queríamos lembrar desse episódio tão triste da história dos seres humanos que ceifou bilhões de vidas. Aquele planeta que você viu no holograma da nave é o Planeta Vida, na nossa galáxia de Andrômeda que monitoramos de nossa nave. — Agora as coisas começavam a se encaixar na cabeça do estudante. — Voltando ao assunto da evolução humana, nós conhecemos todo o mecanismo biológico das espécies do seu planeta, portanto não precisamos fazer experiências com os seres humanos ou outras espécies. Quando realizamos nossas missões, os objetivos principais são coletar genes para no nosso planeta recuperar espécies extintas através de clonagem. A Science possui um vasto banco de dados com a maioria dos genomas terrestres. Portanto, acho que seria interessante falar brevemente como desenvolvemo-nos a partir do homo sapiens moderno: o cérebro humano tem uma capacidade surpreendente de armazenamento de dados... Com o advento das tecnologias de informação e aumento do conhecimento humano, o desenvolvimento cerebral foi acelerado, pois a necessidade de acompanhar as inovações aumentou a cada geração.

O garoto escutava o que Sivoc dizia e sentia-se completamente mergulhado num mundo desconhecido e fantástico. A cada instante, se tornava ainda mais curioso.

— Assim sendo, os inventos e as tecnologias cresceram de forma exponencial e a mente humana se desenvolveu mais rapidamente, ocorrendo então um aumento do cérebro e, consequentemente, do crânio, em proporção maior em relação à face. Devido às mudanças nos padrões alimentares que já começaram nos dois últimos séculos, os maxilares sofreram mutações por causa da falta de mastigação dos alimentos, que se tornaram cada vez mais moles e industrializados. Com a ausência de mastigação, os últimos dentes de cada série das arcadas, incisivos, pré-molares e molares desapareceram, tornando-se elementos dentários apenas resíduos dos atuais. A mandíbula diminuiu até o tamanho que possuímos no futuro por causa da redução de sua função, ou seja, ocorreram várias mutações genéticas em harmonia com o meio ambiente durante milhares de anos.

Ele jamais ouvira falar sobre isso em sua curta existência de vida. "A que Sivoc se refere? Ficaremos cabeçudos e com queixo pequeno?"

Com suas capacidades telepáticas, o comandante percebeu que ele entendera claramente como ocorrera a evolução humana. E Zara resolveu continuar a explicação, telepaticamente:

"Sua conclusão em relação ao futuro está correta. Por isso, eu disse que nós somos o futuro da raça humana."

Ele, que prestava atenção às palavras de Sivoc, desviou seu olhar para ela e a ouviu atentamente:

— Zara, você está lendo minha mente e falando comigo telepaticamente? Isso é simplesmente fantástico. Eu adoraria fazer isso também! — Ele estava realmente impressionado com tal capacidade, mas também estava confuso. — Eu não entendo! Como vocês podem ser tão evoluídos se têm a mesma aparência das pessoas que conheço?

— Nick, a telepatia é comum em meu planeta. Todavia ela é utilizada com prudência e todos sabemos como bloquear a leitura dos pensamentos quando assim o desejamos.

— Meu Deus, eu não acredito... É surpreendente!

Ela sorriu e, telepaticamente, começou a contar para Nícolas como o homem destruiu o ecossistema terrestre:

"Bom, continuando... Nós sabemos que o Sol em torno do qual a Terra gira ainda vai durar cerca de seis bilhões de anos. Mas, para que o planeta seja preservado é necessária uma conscientização dos seres humanos quanto à renovação dos ecossistemas. Daqui a algumas décadas, o homem começará a utilizar as energias alternativas com ainda mais frequência, pois não haverá possibilidade de suprir a falta de petróleo. Ele dominará a tecnologia do uso da energia solar e da fusão nuclear atômica, o que permitirá uma multiplicação das fontes energéticas e aumento da radiação. Entretanto, com a ineficácia dos métodos de controle radioativo, principalmente, pelos países que usarão tal método sem total domínio, haverá uma maior destruição da camada de ozônio. Consequentemente, uma quantidade maior de radiação solar entrará no planeta e modificará drasticamente as condições climáticas. O aumento exponencial da população mundial provocará muitas guerras por alimentos e água. Isso tornará o planeta de difícil habitação e iniciará uma busca por outros lugares para servirem de lar para nossa espécie, além de tornar necessária a utilização de redomas com oxigênio filtrado e proteção contra a radiação solar e cósmica. Com isso, o trabalho de aquecimento do ar pelas fossas nasais para absorver melhor o oxigênio será extinto, determinando mutações nasais e reduzindo o nariz a dois pequenos orifícios no meio da face."

Nícolas tentava imaginar como seria o ser humano do futuro, mas não era fácil. E Zara ainda tinha mais coisas para dizer:

"A visão usando os dois olhos dos humanos também sofreu adaptações. Quando o homem finalmente começou a viver no espaço, a visão teve que se adaptar ao novo estilo de vida, melhorando a percepção de profundidade para enxergar melhor e ver os objetos mais distantes. Isso fez com que os olhos se distanciassem e aumentassem de tamanho. Os dedos humanos atrofiaram devido à modificação dos processos de trabalho, já que com a robotização dos meios de produção não havia mais necessidade de trabalho artesanal. Com o passar das gerações, a função dos dedos foi perdida e a mão ficou com apenas três dedos, que não têm unhas. Afinal, os seres humanos não precisam de garras a milhares de anos. Com o uso da telepatia para comunicação, as orelhas atrofiaram e nossos ouvidos diminuíram até se tornarem pequenos orifícios."

O garoto imaginou-se com as características citadas e sentiu medo de que fosse realmente verdade o que acabara de ouvir. Talvez, se contasse isso aos seus amigos de faculdade, seria chamado de louco. Ninguém acreditaria, mesmo sendo verdade. Ele percebeu que a garota pela qual se apaixonara não podia ser daquele jeito e igual as humanas da Terra. Ficou curioso para ver como eram aqueles seres na realidade.

Zara fitou o controle central e um holograma apareceu na frente deles mostrando ao jovem como os seres humanos do futuro se pareciam. Nícolas ficou chocado ao ver que, na verdade, os humanos do futuro eram os Extraterrestres que tanto tememos.

Ele arregalou os olhos, assustado...

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Leia #OOutroLado, uma #ficcãocientífica de #ChaieneSantos 

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Os Filhos do TempoWhere stories live. Discover now