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Não era hora de brigar com Lauren. Isso não levaria a lugar algum. Além do mais, já cometera o erro de querer ir muito rápido logo no primeiro dia. Era mais prudente ser sutil e esperar uma oportunidade.

Se é que um dia Lauren se dispusesse a lhe conceder tal oportunidade…

— As pessoas daqui gostam da atmosfera do bar — comentou ela.

— Atmosfera? — a palavra escapou. Camila não conseguiu evitar. Não via ”atmosfera” nenhuma por ali, muito menos com Bob, aquele vira-latas sentado no meio do salão. — Talvez eu deva andar um pouco mais pelo bar, a fim de captar a atmosfera.

— Esteja à vontade.

Lauren notara o sarcasmo na voz dela. E o brilho frio em seus olhos era a prova concreta de que não o apreciara.

— Vou também aceitar a sugestão de Arthur para examinar o cardápio. Parece fascinante. Tantos pratos fritos… quase não se vê mais isso hoje em dia.

Lauren replicou com um tom tão frio quanto o que ela usara:

— Parece uma boa idéia. Enquanto isso, vou verificar o estoque de mantimentos com Art.

Não era de admirar. Com certeza, Lauren e ele tinham muito a conversar.

— Vejo-a mais tarde, então.

Lauren entrou na cozinha e foi logo se desculpando:

— Desculpe, amigo. Eu nem podia imaginar que ela resolvesse ficar. O problema é que, pela lei, Camila tem esse direito. É aí que está o drama.

— Não me importo com o que ela faça, desde que não venha bagunçar minha cozinha.

— Também não gosto muito da idéia de vê-la zanzando lá fora.

— Isso é problema seu. Só não a deixe entrar aqui. — Arthur golpeou com mais força do que o necessário com sua faca de desossar.

— Fique frio, Arthur.

O cozinheiro era famoso pelas explosões temperamentais e suas ameaças de que iria embora se alguém interferisse em seus domínios eram legendárias. Claro que jamais cumprira as ameaças, pois sempre fora leal a Alejandro. E Lauren não sé surpreendia com o fato de que essa lealdade a Alejandro não se estendesse à filha intrometida dele.

— Vou mantê-la longe daqui — prometeu Lauren. — Se conseguir.

— É bom mesmo.

— Olhe, sei muito bem que a presença de Camila é uma amolação, Art. Mas não se preocupe, ela não vai incomodá-lo. — Lauren deu um tapinha amistoso no ombro do cozinheiro, e acrescentou, numa atípica demonstração de emoção: — O SummerSun não sobreviveria sem você.

— Não quero ir embora — Arthur admitiu. — Este velho lugar é um lar para mim, também. Gosto da vida que levo aqui. É confortável para mim. Espero que a gente possa manter tudo como está.

— Não se preocupe, amigo. Vamos pensar numa solução.

— De que tipo? — Arthur desistira de fingir trabalhar despreocupadamente. Agora, de braços cruzados, observava Lauren.

— Por enquanto, acho que teremos de deixar o barco correr. Deixar ela pensar que tem o controle aqui. Entretê-la com trabalhinhos triviais. Quem sabe assim ela se canse.

— Sou todo ouvidos, patroa. — Arthur deu uma risada.

— Camila parece interessada em culinária, então talvez você possa encontrar algo inofensivo para mantê-la ocupada.

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