Prólogo de uma conseqüência

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Alyssa acordou na manhã seguinte com os raios de sol que entravam pela janela com as cortinas abertas, se espreguiçou se esticando na cama, virando de barriga para cima olhando para o teto um tanto atordoada por ter acabado de acordar. Então... tinha realmente acontecido. 
 
Um sorriso bobo brotou em seus lábios, as bochechas coraram com a lembrança que ainda permanecia por seu corpo, como se rastros de calor tivessem sido deixados em sua pele. Olhou para o lado esperando encontrá-lo como antes estava, o dorso nu e tatuado virado em sua direção, dormindo com a mão em direção a sua. Mas encontrava-se sozinha, o lençol permanecia amassado e fora do lugar como se tivesse acabado de ser deixado, porém não havia sinal de Niklaus pelo quarto. 
 
Se sentou na cama de imediato, o lençol cobrindo seu corpo despido torcia em suas mãos nervosas, esperando que sua imaginação paranoica fosse apenas uma fantasia de sua mente. Digo… ele não poderia fazer isso, não é? Ter sido só uma noite que então guardariam apenas nas lembranças.
 
 Pois então seu olhar focou em uma mesinha diretamente em sua direção, repleta de pratos do café da manhã, frutas, massas, sucos e leite. Suas sobrancelhas se ergueram em surpresa, agarrando o lençol contra seu corpo, levantou da cama macia em direção a mesa repleta de comida. Os olhos correram por tudo que ali havia, parando em um pequeno papel dobrado perto dos talheres e do prato.

"Tive que sair, te vejo mais tarde depois de seu expediente.  Aproveite o café, Klaus."

 Era curto e singelo, mas de alguma forma acalmou o coração da jovem híbrida que já tomava conclusões por si mesma. Deixando o bilhete no lugar, abriu um sorriso ao olhar novamente para o tanto de comida, a maioria sendo suas preferidas, escolhendo cada pedaço para seu desjejum especial do dia.
  
A bandeja não demorou a ficar vazia, quando satisfeita Alyssa descia com ela nas mãos, já vestida depois de um banho relaxante na suíte. Podia-se dizer que havia algo diferente em si agora, ela mesma sentia isso mesmo sem conseguir explicar. Seria ridículo falar que era por causa de uma noite, mas por que se sentia diferente? Bem, talvez não fosse hora de responder agora.
 
- Vejo que teve uma noite ótima. - Ao deixar a bandeja encima da bancada na cozinha, se virou ao ouvir Elijah a suas costas, o encontrando com um leve sorriso no rosto. Mas não era verdadeiro, havia um vinco de preocupação que se formava em sua testa. 

 - É, acho que posso dizer que sim. - Sorriu de canto constrangida, por alguma razão o olhar do vampiro indicava claramente o que estava insinuando. E isso deixava a híbrida incomodada, para não dizer ofendida. 

 - Você parece gostar muito do meu irmão. - Disse quando a mesma se virou para desviar o olhar dele, mas a frase a fez voltar a olha-lo visivelmente constrangida. - Por isso eu…

 - O que foi, Elijah? - Havia um quê de irritação ao encara-lo ergueuendo as sobrancelhas, esperando algo decente viesse por todo suspense e tensão que parecia ter.
 
- Só estou tentando dizer que não foi uma boa escolha ter dormido com ele, ainda mais tendo sido a primeira vez. - A frase que saiu fez a bruxa arregalar os olhos, e por um momento seu coração errou as batidas.

 - Como você sabe? - Sua voz saiu mais clara do que achava que sairia, suas sobrancelhas se erguendo.
 
- Todo mundo percebeu que vocês dois sumiram, e obviamente não iriam pro quarto jogar xadrez. 

 - Não estou dizendo disso, tô dizendo… - Alyssa reprimiu os lábios buscando palavras para usar, começando a passar a mão no braço desconfortável. - Como sabe que foi minha… primeira vez?

 - Tenho mais de mil anos, Alyssa. - O vampiro disse também de braços cruzados, mas um leve sorriso sem emoção pousava em seus lábios ao encara-la. - A gente aprende a perceber algumas coisas depois de tanto tempo.

 - E você quer mesmo falar sobre minha virgindade? - Ergueu as sobrancelhas, o lábio inferior tremeu e as pupilas dilataram em irritação.
 
- Não, eu não seria tão indecente. - Elijah disse sério, sem um pingo de humor em sua expressão com o maxilar destacado. - Só estou te alertando.

 - Quer dizer que eu não devia ter dormido com seu irmão, porque ele só está se aproveitando da jovem indefesa? - Certamente ofendida, Alyssa o fitou esperando a resposta, os dentes se trincando.

- É uma maneira de se ver a situação. - Retribuiu o olhar, deixando o paletó que tirava dobrado em seu braço.
 
- Certo, Elijah. Certo… - A bruxa suspirou balançando a cabeça em negação e foi em direção a saída, não queria mais ouvir nenhuma palavra do que dizia, já se sentia envergonhada o suficiente. 

- Alyssa…

- Tenha um bom dia, Elijah.

.Não pensou nessa conversa até chegar no laboratório, e quando parou, não foi exatamente uma boa idéia. Tinha a leve impressão que ele estava certo, um lado de sua consciência dizia que não devia ter cedido, enquanto outro ignorava esse fato e apenas a mandava aproveitar o momento. Alyssa xingou-se mentalmente, focando no trabalho que tinha para fazer, isso não era o fim do mundo.
  
Tal discussão não voltou a sua mente, a híbrida era teimosa o suficiente para manter esse assunto longe apenas por não querer achar que Elijah tinha razão, e não tinha, certo? Enfim, não pensou nisso durante as semanas seguintes, deixando sua mente ocupada com assuntos mais pertinentes do que sua “pureza” perdida. E tão pouco o vampiro elegante voltou a citar esse assunto, como se aquelas palavras nunca tivessem sido trocadas.
 
 Nas semanas seguintes, a vida parecia ter mudado para Alyssa. Aquele vazio do luto permanecia, um buraco em seu peito que ela sabia que não iria se fechar facilmente - isso se um dia se fechasse - , mas ela aprendera a lidar com ele, em lembrar dos bons momentos que tivera com Martina e Joffrey, e entender que estava tudo bem não estar sempre tudo bem. Eles estavam em paz.
 
Com isso, esperava logo encontrar a sua paz também. 
 

The Originals: UnanimousWhere stories live. Discover now