Código Binário | Vhope

Capítulo 4 - Taehyung

Taehyung travou.

Não lhe disseram o que deveria fazer caso perguntassem algo que o levaria a falar sobre sua missão. Aquilo não estava sendo como imaginava...

— Como é? — sua voz saiu falha, tremida. Aquilo que era se sentir nervoso?

— Você o olhou como se já o conhecesse, mas não de uma maneira boa. Se você quer saber... — Taehyung não queria. — Eu também não gosto do Park, mas... toma cuidado como o olha.

— Por que?

— Porquê suas vestes são de segunda mão, assim como as minhas, o que prova que você também é bolsista, como eu — ele forçou outro sorriso. Talvez ele não gostasse de ser bolsista... Taehyung arquivou aquela informação. — E Jimin é rico. Você não vai querer mexer com ele; eu não mexo se posso evitar.

— Rico? — Taehyung sorriu, confirmando que as informações que o laboratório deu não estavam erradas. — Quão rico?

— O pai dele construiu o projeto dessa escola — Hoseok riu, outra vez forçado. — Então eu diria... — ele lambeu os lábios, jogando o cabelo para trás. Taehyung notou aquilo. — Milionário.

— Quem são os garotos com ele? — seu olhar não desviava em nenhum momento de Hoseok, o que era um tanto assustador.

— Os melhores amigo deles. Ninguém importante, apenas dois riquinhos que puxam seu saco... — suspirou. — Por que a pergunta?

— Não pode perguntar? — ele se calou.

— Desculpa — o garoto – não tão – calado (Taehyung gostou daquele apelido) murmurou. O robô não entendeu. — Não queria ofender.

— Tudo bem. Não ofendeu.

— Senhor Jung — o tom frio da professora – que ela só usava com o aluno bolsista – foi ouvido da parte de frente da sala, fazendo Hoseok sobressaltar, nervoso. O grito ficou preso em sua garganta; seria vergonha demais até para ti gritar naquela situação. Taehyung ergueu a sobrancelha, sem entender aquela reação. — Talvez você devesse explicar as regras de conduta para seu novo colega, e não ficar tagarelando durante minha aula sobre o que quer que esteja atraindo tanto sua atenção... O que acha?

— Acho que a senhora está certíssima, Senhora Lee — ele respondeu mecanicamente, se ajeitando na cadeira antes de abrir seu fichário na parte onde sua última anotação foi feita. Tinha sido em agosto... eles estavam em novembro.

Hoseok se sentiu um grande pedaço de lixo inútil.

Taehyung respirou fundo (ou algo do tipo), observando a maneira que a professora escrevia o conteúdo no quadro de tonalidade verde escura. O giz passava pela madeira, deixando rabiscos que deveriam ser o hangeul, mas era pequeno demais para um ser humano comum entender. Bom, observando os alunos ao seu redor, eles pareciam bem acostumados com a escrita desleixada da professora, não demorando para anotarem a tarefa daquele dia.

O andróide decidiu fazer o mesmo, rodando a caneta esferográfica preta entre os dedos longos antes de começar a escrever, não precisando olhar muitas vezes para o quadro para conseguir anotar tudo, antes de todo mundo.