PARTE UM - A ÁGUA

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Breathe - Fleurie

O som da água varria de mim a sensação de vazio enquanto minha consciência era restaurada. Quando meus olhos se abriram tudo o que vi fora o azul suave dos céus sem uma nuvem sequer ou pássaro algum.

_ Nimue, a morte não é o fim. _ as vozes em minha cabeça sussurraram. _ Você ainda não cumpriu com seu dever. Precisa protegê-los.

_ Eu os salvei. _ digo tão baixo que minha voz quase não sai dos meus lábios. _ Eu os libertei.

_ O destino de Camelot está em suas mãos. _ as vozes, agora altas e sufocantes despertaram-me por completo para esta nova realidade.

Senti meus poderes se manifestarem como jamais senti antes. Era como se fosse feita inteiramente deles.

Sentada sobre a superfície rochosa da beira do lago avistei no horizonte um homem e uma criança sobre um cavalo e logo os reconheci.

O cavalo em que estavam praticamente vagava sem rumo com exceção das poucas tentativas de Esquilo a guiá-lo. Ele vinha da floresta com o temido Monge Choroso que atrás de Esquilo se mostrava completamente diferente de tudo o que já ouvirá sobre o tal. Estava ferido e abatido.

Nas várias lendas que ouvi a respeito do Homem que chora, ele era invencível, intocável. Vê-lo assim me trazia até um certo sentimento de pena.

_ Nimue! _ chamou o pequeno menino parando o cavalo, descendo e correndo até mim. O Monge por sua vez continuou onde estava. _ Você está viva!

_ Esquilo! Pensei que estivesse morto! Porque andas com o Monge Choroso?! _ sussurrei para o mesmo analisando seu pequeno rosto com arranhões e hematomas.

_ Está tudo bem, ele é meu amigo. Pode nos ajudar?

_ Seu amigo?! Ele é um assassino! Precisamos sair daqui! _ digo segurando sua mão tentando nos tirar dali.

_ Ele me salvou dos Paladinos Vermelhos! _ Eu estava completamente confusa. O Monge Choroso era o membro mais fiel dos Paladinos Vermelhos, ele jamais faria isso! A não ser... que isso seja uma armadilha. _ Ele precisa de ajuda. _ Esquilo me olha nos olhos com teimosia.

_ Esquilo, precisamos sair daqui agora! _ tento puxá-lo mas ele me impede.

_ Não! Eu não vou deixá-lo! Ele é um de nós!

_ O que?

_ Ele é Feérico! _ na mesma hora tudo parecia fazer sentido, o porque de ser tão diferente, o porque de ser tão eficaz no que fazia, ele sabia como reconhecer um Feérico pois era um.

_ Não importa! Se ele fez mesmo o que diz que fez, Paladinos Vermelhos podem estar atrás dele agora mesmo!

_ Não há mais Paladino algum! Os homens do Rei Pendragon mataram todos! _ Levanto meu olhar para o homem no cavalo e ele não se move. Ele apenas nos encara com seu olhar plangente e semblante pálido.

_ Tudo bem, mas vou ficar de olho nele. É melhor que não tente nada, ou vai passar dessa para melhor! _ desta vez digo mais alto para que ele também ouça.

_ Obrigado! _ Esquilo me abraça novamente e corre até o cavalo para contar ao Monge as boas novas.

Assim que o Monge desce do cavalo e seus pés tocam o chão, seu corpo desmorona sobre a estrada de terra como se fosse feito de areia.

CURSED - NIMULOTOnde as histórias ganham vida. Descobre agora