Mesmo o movimenta lento do homem ao me fazer deitar ainda me causou uma fisgada de dor direto do meu braço, rasgando em minha cabeça, não era nada bom. Mordo os lábios e respiro lentamente.

— Não se mexa ou a dor vai piorar, mundano. - A voz do homem de mais cedo adverte o óbvio.

De novo essa palavra.
Mundano ? Ele é um ET por acaso ?
A frase se monta devagar em minha cabeça, mas não chega a meus lábios. Abro os olhos para ver pequenos e gordos querubins dançando em nuvens brancas acima de mim, torço o nariz, inconsciente.

— Ah, estou no céu... - Murmuro.

— Está mais para enfermaria.

— Enfermaria ?

Por que eu estaria na enfermaria ?

— Você não se lembra do demônio que o atacou ? - O homem que ele ainda não vi pergunta com o tom indiferente, como se dissesse demônio todos os dias.

Mas então eu lembro...
Aquele monstro gosmento e liso, parecendo uma larva nojenta e gigante vindo atrás de mim pouco depois de sair da delegacia onde levei o jantar para Luke, aquela sensação estranha de ser seguido em plena baixa luz da noite naquelas becos escuros. A dor em meu braço é uma lembrança firme de que os espinhos salivado que enfileirava a boca daquela coisa me feriu.
Mas seria um erro não me lembrar daquelas flechas que gravaram no cujo demônio, a explosão viscosa e escura que fendeu a podridão, mesmo com a luz baixa posso me lembrar do vulto negro que parou acima de mim tão rápido que os reflexos de Scott ficariam no chinelo. Lembro vagamente da voz de Arthit me tranquilizando e pedindo por ajuda a um homem erguio e rígido escondido nas sombras ao lado de outros, e então a escuridão.

— Oh, merda! - Xingo baixinho em frustração.

Forço meu corpo a se sentar, ignorando toda maldita dor que atravessa meu corpo mesmo estremecendo por inteiro apenas para pode ver a pessoa que está junto comigo com mais clareza, e parece que o universo levou isso a sério pois meu nariz fica a centímetros do outro.
Seu rosto ligeiramente preocupado acolheu minha visão, mas logo se apagou, olhos intensos em cima de mim. E para ser sincero, nunca vi um rosto tão angelical e esculpido em um garoto, mas esse na minha frente deixaria qualquer um chinelo. Posso sentir sua respiração aquecer meu rosto e ele não faz menção a se mover de onde está, pisco algumas vezes podendo sentir o enrubescer das minhas bochechas.

— Por que está com vergonha, mundano ? - O hálito do homem fazem cócegas em meus lábios rachados.

Embora estivesse hipnotizado, meus olhos reviram por hábito, engulo a seco.

— Eu tenho um nome, ET. - Murmuro com a voz rouca, não negando minha vergonha.

O homem sorri, sem se afastar, umideço os lábios e junto saliva para molhar a garganta seca. Encarando os olhos escuros a minha frente, traçando as feições bonitas, o cabelo escuro arrepiados com uma fina mecha preta caída por sua testa franzida.

— Sim, Arthir comentou algo.

Ele levanta, o movimento fazendo as pontas de nossos narizes roçarem como um beijo de esquimó fofo. Sigo o homem com os olhos, vendo ele caminhar até a mesa no canto da sala e encher uma xícara com alguma coisa, um curativo grande entorno de meu braço me chama a atenção.
O cheiro de ervas vem dali e percebo que tenho os ombros nus, pior, meu tronco também está. Ergo o coberto para ver que estou apenas de cueca, puxo o cobertor para junto de mim.

— O que aconteceu com as minhas roupas ? - Pergunto.

— Eu queimei. - Responde.

— O quê ?! - Indago. — Por que ?

STALEC × WHAT IF ?Onde histórias criam vida. Descubra agora