Capítulo Bônus (+18)

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"Eu amo-te como um homem ama uma mulher que ele nunca toca, só escreve, e guarda dela poucas fotografias."

- Charles Bukowski

***

Luzes de neon entraram no meu campo de visão destacando-se entre a noite densa e fria me despertando de um quase sono. Lucien dirigia com calma pela estrada deserta e seu cheiro doce cobria todo o carro me trazendo serenidade. É bom está aqui com ele. Sinto que finalmente achei o meu lugar. Aos poucos observo que essas luzes vão ganhando forma até o momento que consigo ler perfeitamente as palavras "motel". E, para minha surpresa, reconheço a fonte dessas letras vermelhas que compõem a placa. Encaro o rosto de Lucien e sorrio.

— Esse motel de novo? — brinco me lembrando da noite que passamos ali enquanto iniciávamos uma busca implacável pela Sam.

Ele me olha pelo canto de olho e sorri.

— Ainda tem muito caminho pela frente, acho melhor a gente descansar um pouco. — responde Lucien e em seguida vira o rosto na minha direção com um sorriso malicioso.

Meu corpo, automaticamente se arrepia e fico nervoso.

— Seu safado. — brinco e bato de leve em seu ombro esquerdo.

— Eu não disse nada. Quem tá insinuando é você. — ele tentava se fazer de inocente, mas seus olhos revelam suas verdadeiras intenções.

Gostei disso.

Ele vira o carro devagar e ficamos esperando na frente do portão do motel. Nem presto atenção na conversa de Lucien com a recepcionista, minha mente vagueia entre o nervosismo de saber que, possivelmente aqui, irei transar pela primeira vez e o medo de que amanhã, quando encontrar o pessoal do grupo, eles não gostem de mim. Porém, a ideia de transar ocupa todos os cantos da minha mente e consequentemente sinto minhas mãos suarem.

Quando me dou conta, Lucien estaciona o carro em frente à porta de número 245 e me encara.

— Você não vai descer? — pergunta Lucien

— C-Claro... — minha voz quase não sai — Claro que vou. — digo com mais firmeza.

Ele desse e eu o acompanho até entrarmos no quarto. Reparo que esse é diferente do que ficamos na primeira vez, pois agora as paredes são aveludadas em tons vermelhos, há uma pequena jacuzzi no canto direito - próximo à porta que dá ao banheiro - e uma cama em formato de coração no centro com lençóis aparentemente macios. O quarto está frio e, para minha surpresa, cheirava a lavanda.

— Uau — digo encarando tudo ali e depois olho para Lucien ao meu lado. — Gostei desse upgrade.

— Precisamos de conforto. — responde enquanto sorri para mim. — Vou pegar as coisas do carro.

— Okay. — digo e o observo sair.

Até esse momento não havia me dado conta do cansaço que meu corpo se encontrava devido as várias horas que fiquei naquele carro apertado. As juntas dos meus joelhos doíam e meus pés formigavam, sem contar das minhas costas que pareciam uma engrenagem enferrujada. Me estico, tiro os sapatos e deito na cama, bem no centro. A maciez daquele colchão me abraça e sorrio com essa sensação prazeirosa crescendo dentro de mim. Abro os olhos e encaro meu reflexo no espelho preso no teto.

Antes que eu pudesse viajar em pensamentos, ouço à porta do quarto se abrindo e levanto um pouco a cabeça até ver Lucien fechando a porta com a mão esquerda enquanto carrega algumas malas na outra.

— Acho que vou tomar um banho. — fala ele depois de colocar as malas no canto próximo a um armário de madeira.

Porém, eu não o queria longe de mim e uma ideia surgiu pela minha cabeça. Algo que - antigamente - eu não teria coragem de pedir por não entender os sentimentos dele e os meus. Só que agora era diferente.

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