4. Estudando possibilidades

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Adora estava há mais de meia hora procurando por Felina pelo castelo de Lua Clara. Havia perdido a conta de quantas vezes desejou que Cintilante estivesse por lá para ajudar teletransportando-se de cômodo em cômodo, mas, estava visitando os pais de Arqueiro e ficariam lá por alguns dias. Micah seria uma boa ajuda também, se não tivesse ido para Mystacor visitar a irmã. A princesa nunca pensou que passaria por tamanha frustração estando sozinha no castelo com Felina. Na verdade, ela esperava se divertir com isso. Se ao menos sua namorada não estivesse se esvaindo no ar esporadicamente.

Apesar de ter reconciliado com ela há semanas atrás, as ausências estavam enlouquecendo a princesa. Ao mesmo tempo que estava determinada a respeitar esse momento de reflexão pessoal de Felina, mais angustiada ficava. Não demonstrava porque queria aproveitar o tempo em que conseguiam dividir um tempo uma com a outra. Não estava em seus planos desperdiçar essas tão preciosas horas com ainda mais conflitos. Adora tinha a convicção que tudo iria se acertar cedo ou tarde, que sua namorada encontraria uma solução dentro dela para aceitar sua própria redenção. Ela só esperava que fosse o mais cedo possível.

Entrou na biblioteca depois de perder as contas de quantas portas abriu só naquela noite, e, já sem esperanças chamou:

– Felina?

Silêncio. Adora já estava desistindo dos poucos segundos que estava ali.

– Me procurando, princesa? – Felina se torna visível junto com Melog e surge do lado dela.

Adora suspira alto e com espanto –Você tem que parar de fazer isso!

A risada da ex-comandante fazia eco pelas altas estantes da biblioteca. Gradativamente foi cessando, até virar um sorriso bobo no rosto.

– É que eu não me canso de ver essa sua cara de quem quer sair correndo de susto!

– Ha-ha... Idiota – a outra dá um soco de leve no ombro da namorada a repreendendo enquanto também sorria – O que você tá fazendo aqui?

– Hã... O que uma pessoa faz na biblioteca, gênio?

– E desde quando você gosta de ler?

– Eu tenho meus novos hobbies, e eles são individuais – mentiu.

Estava há dias fuçando dados que coletaram na Zona do Medo na tentativa de estudar mais sobre o portal. Só não tinha achado nada, ainda.

– Claro, claro, a nova vida solitária que você tá adorando ter ultimamente – o tom não era mais de brincadeira, e sim de falta de paciência acumulada dos últimos dias.

Adora não conseguia nem mais fingir que não estava intrigada com isso:

– Eu não quero atrapalhar e nem invadir seu espaço, mas a gente vai ver a Scorpia daqui há uma hora, lembra? O jantar?

– Eu já disse para você parar de achar que me atrapalha – a outra responde revirando os olhos e demonstrando desinteresse pela revolta aleatória de sua namorada.

– Não atrapalho? Estranho, porque às vezes parece que... – encarando Felina, que já estava com uma das sobrancelhas arqueadas e os braços cruzados, só esperando para responder no mesmo tom impaciente, Adora hesita:

– Enfim. Temos uma hora para nos arrumarmos.

Mais uma vez essa semana, a princesa evitou uma possível briga.

– Sim, majestade – a ex-comandante sarcasticamente responde.

Ao passar perto de Adora, ela dá um beijo em sua bochecha e ronrona baixinho, como um gesto de desculpas pela maneira como a deixou excessivamente com raiva. Ou era uma provocação. Ela nem sabia mais. Esses sinais nada mais faziam além de confundir a Adora.

A Última Redenção (Catradora)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora