☠ VIII - O diário de Kidd ☠

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Haya deixou os braços caírem, sem acreditar no que estava ouvindo.

— Por que ele pensaria isso? Skyller sempre foi o seu braço direito, nunca deixou de estar ao lado dele, inclusive assumiu o seu lugar todas as vezes em que se ausentou.

James deu de ombros.

— Ele escondeu o segredo desta ilha, secretamente planejou tomar posse dela e de seu tesouro, construindo aqui a sociedade que John sempre sonhou. Se tivesse sido leal, teria lhe contado.

— Ele fez isso por Louise — protestou ela, a voz meio alterada. — Para salvá-la de Garret e proteger a ela e ao filho. Coisa que, aliás, você jamais faria.

— Como você é ingênua — ele sorriu de forma irônica. — Acha mesmo que "amor" é a única motivação para um homem como Skyller?

Trincando os dentes, Haya aproximou-se dele como uma fera selvagem pronta a atacar.

— E o que é que você entende de amor? Abandonou Louise, depois me abandonou, sempre tão egoísta para pensar em outra pessoa além de si próprio. Deve ter envenenado Fox contra Skyller esses anos todos, você sempre teve inveja da posição que ele ocupava na Confraria.

James fechou a distância que existia entre eles, segurando no braço direito superior de Haya. Ele pôde sentir o objeto irregular que a circundava por baixo de suas vestes enquanto encarava-a fixamente.

Ele sempre teve inveja de mim porque Louise me escolheu antes dele. Depois te levou para o lado dele porque sabia que isso me feriria. Com você era diferente, porque eu te amava.

Eles estavam muito próximos agora. Haya podia sentir a respiração quente de James sobre si. Em outra ocasião, poderia ter sucumbido a ele, mas não ali. Abaixou os olhos para o braço que ele agarrava, indignada com a ousadia do pirata e apreensiva por ele ter tocado no segredo que carregava no corpo, empurrando-o para longe.

— Não ouse me tocar! Skyller é um homem muito melhor que você, sua lealdade foi o que me levou até ele, nada mais. Ele me salvou da forca, coisa que você não teve coragem de fazer, nem mesmo depois de assistir ao meu sofrimento com a perda do meu bebê naquela cela imunda.

James trincou o maxilar, anuviando sua expressão em uma máscara agressiva.

— Acha que ele fez aquilo sozinho? É claro que ele não contaria a minha participação no seu salvamento. Posso não ser um santo, Haya, mas Skyller também não é tão bonzinho quanto pensa.

— Sua participação? — riu ela, balançando a cabeça. — Que delírio é esse?

— Não há delírio algum — ele disse devagar. — Skyller só sabia onde colocar as bombas porque eu entreguei a ele um mapa do presídio, com a indicação dos pontos mais vulneráveis.

Haya o encarava, perplexa.

— Não acredito nisso — disse, porém seu tom de voz indicava que as palavras de James a haviam abalado. — Está mentindo.

Ele suspirou, voltando a rebatê-la com paciência. Podia fazer aquilo o dia inteiro se ela estivesse a fim.

— Talvez você conheça um sujeito chamado Thomas. Ele era meu subordinado, eu o incumbi de entregar o mapa a Skyller, mas depois daquele dia ele desapareceu. No entanto, não acredito que o nosso amigo o tenha liquidado depois do presente que enviei.

— Thomas? — chocou-se ela. — Sim, eu o conheço, ele realmente era um oficial, mas nunca mencionou nada a seu respeito.

— Pois pergunte a ele. É claro, deve ter feito um trato com Skyller para continuar vivo, mas irá confirmar a história.

Libertália: Raízes PiratasOnde as histórias ganham vida. Descobre agora