4| só sei falar de você

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Eu e você e mais nada
E não sobra e não falta e não tem lugar
Onde mais eu queira estar
Só sei falar de você, com você
Por você, pra você
- Coisas Dentro das Coisas -

16 de Março, 2020
Monte Verde

Tainá até parecia interessante, e Bianca não descartava um envolvimento com a morena, mas naquele dia especificamente a carioca precisava ir pra casa. Bianca nunca foi muito neurótica e também nunca deu muita importância pra isso de dividir o tempo ou passar a imagem de garota responsável de 23 anos. Afinal, só tinha 23 anos e também precisava se divertir; mas naquele dia ela precisava dar um basta em toda diversão pra focar pelo menos minimamente no que a trouxe até a cidade.

— Infelizmente não vai dar hoje, Tainá, já tô a bastante tempo aqui, sabe? E tenho um monte de mudança pra fazer ainda... — Se explicou calmamente e tentando buscar alguma ajuda no olhar de Gizelly mas a capixaba estava focada demais em Ivy logo ao seu lado.

— Ah, então deixa eu te ajudar, Bi! — Ofereceu com tom malicioso fazendo Bianca rir sacana. O jeito de Tainá, de certa forma, era legal e até atraia Bianca um pouco. O pé atrás que tinha com a menina era completamente originado da informação que Gizelly passou: Tainá é uma grande fofoqueira.

— Olha, eu agradeço muito a ajuda, Tainá, e talvez uma outra hora você possa me ajudar, mas hoje... hoje eu prefiro ficar sozinha. — Assegurou sorrindo de lado e piscando pra menina. — Gi, tem carona pra casa? — Questionou chamando a atenção da amiga.

— Sim, chefinha, fica tranquila. Te vejo amanhã? — Respondeu se aproximando de Bianca, que assentiu em concordância. — Ótimo, eu tô doida pra te ver em ação. Louquinha!

Bianca riu se despedindo das três mulheres e saiu da casa antes que fosse abordada por alguma outra fofoqueira ou mais alguém tentando leva-la pra casa. Durante a festa toda a carioca se surpreendeu com o coração leve e solto de todo mundo em Monte Verde. Bom, alguns mais que os outros. Nunca, em seus vinte e três anos de vida, Bianca tinha se sentindo tão desejada.

Provavelmente se sentia dessa forma porque era 'carne nova no pedaço', ou alguma coisa desse tipo, e então tinha todos os olhares sob si. Era bom, bom pro ego, mas ficou um pouco demais depois de algumas tentativas mal sucedidas de algumas pessoas; Bianca tinha vontade de beijar na boca, vontade de transar, e vontade de curtir, mas não no segundo dia. Ainda mais em uma cidade pequena como Monte Verde.

Seria loucura.

No pouco tempo que levou pra dirigir da casa de Rodolffo até sua própria casa, Bia observou o horizonte com algumas elevações montanhosas e o sol alto, sem nenhuma nuvem aparente. A cidade era linda, e precisava admitir isso.

O Rio de Janeiro tinha sua beleza própria. O Cristo que podia ser avistado de quase qualquer ponto da cidade, ou as praias de aguas azuis, o fim da tarde na mureta da Urca, e até mesmo as noites lotadas nos Arcos da Lapa. As coisas na capital carioca eram badaladas e modernas. Já em Monte Verde a história mudava um pouco. O ar de simplicidade tomava conta, e também passava uma sensação de tranquilidade muito grande. O centro da cidade era muito charmoso, e o cenário que rodeava a cidade era estonteante; enchia os olhos. Bia tinha certeza que acharia um ponto da cidade onde o por-do-sol fosse tão bonito quanto o do Rio.

Quando chegou em casa decidiu tomar um banho, fazer um café, e começar a arrumar as roupas dentro do armário. Pelo menos isso ficaria resolvido antes do dia seguinte. Ainda precisaria desfazer algumas caixas com decorações e outros itens pessoais, mas isso poderia esperar.

Laços | RABIAOnde as histórias ganham vida. Descobre agora