Acidente!

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Melissa falando:
Era sabado a tarde, estava a espera do daddy porque tínhamos combinado fazer uma sessão de cinema, em casa. Comer pipocas, chocolates, frutas,  pizza e comida do Mac.

Estava deitada na cama com o meu vestido de noite, com a TV enorme ligada e a procura de um filme que chamasse a minha atenção quando recebo um telefonema do hospital:

- Sim?

- Senhorita Melissa?

- Sim?

- O senhor André teve um acidente de carro... —literalmente saiu da cama largando o telemóvel—

Nem sei se o médico disse outra coisa, se desligou ou se ficou a chamar por mim para ter a certeza que estava bem, só sei que peguei o primeiro que apanhei a mão, ou seja, uma saia, bastante curta "péssima escolha" e um top negro de manga comprida.

Saiu do quarto literalmente a correr, a gritar pelo motorista que poucos segundos depois já estava ao lado da porta, todo desaromado...se não estivesse tão apressada, preocupada e assustada, até me divertia com isso...

E bem que ele me tentou parar e acalmar mas sou demasiado casmurra. Estava estérica, não tinha como conversares comigo sem te responder com uma pedra na mão, e muito inquieta, tanto que, assim que chegamos ao hospital saiu a bater a porta do carro á pressa e entro no hospital exatamente da mesma forma:

- Quero ver o André! —fui brusca eu sei mas precisava ver que estava bem.
Acho que a enfermeira entende a minha agonia porque não diz nada, apenas leva-me até ele e deixa-me sozinho a porta do quarto onde ele estava—

Ganho coragem para entrar só para bater de frente com a imagem de um André fragilizado, fraco, pálido e extremamente vulnerável.
Era como se a armadura dele tivesse caído e uma versão sem forças do André tivesse substituído tudo o que ele mostrava ser.

Dizem que as pessoas neste estado ouvem o que nos conversamos com elas e sei que devia dizer algo motivador, lindo e carinhoso mas não era capaz nem de formar palavras naquele momento. A única forma lhe demonstrar o meu carinho era com gestos. Aquelas pequenas e típicas demonstrações de afeto: carícias.
Foi o que me dediquei a fazer até sentir a porta do quarto se abrir e por ela entrar o médico, suponho que aquele que falou comigo ao telemóvel:

- Ele está bem, não é? Não está em coma? Nem em estado crítico, ou sim??

- Ele está bem! Estável. Tem alguns arranhões e uma ferida no braço mas muito grave.

- E quando vai acordar?

- daqui a pouco. Dei-lhe uns calmantes para a dor e acabou por adormecer mas o efeito já deve passar.

Sorriu ao ouvir isso e durante aa horas seguintes fico com ele mas acabo por adormecer sentada no cadeirão com a cabeça encima da mão dele...desconfortável, I know.

André falando:
Acordo com uma tremenda dor de cabeça. "Maldita cabeça".... Tento levar as mãos à cabeça para aliviar a dor mas não consegui e ao olhar para o lado, para ver o que me impedia de levantar a mão vejo a Melissa a dormir com a cabeça sobre a minha mão. Tento retirar a mão com cuidado para não a acordar mas é em vão. Ela tem o sono demasiado leve e acorda logo. Indireta o corpo, pondo as mãos no rosto e esfregando os olhos...parece uma criança quando acorda, mais pelo rosto do que pela atitude.
Acho que até ao momento não tinha percebido o que estava a acontecer porque tinha ficado a olhar para mim da forma mais serena e tranquila. Assim que percebeu que estava bem saltou, literalmente, para cima de mim a abraçar-me o que só provocou o meu riso:

- Ai! Amor...

- Desculpa! —ela afasta-se, senta-se ao meu lado e agarra a minha mão— estas bem?

- Estou bem amor, respira

- Tá, já venho —recebo selinho para depois vê-la afastar-se e ir em direção a porta—

- Onde vais?

- Chamar alguém para ter a certeza que estás bem —sorriu negando com a cabeça varias vezes repetidas. Deduzi que ela ia fazer isso. Cada emoção dela é bastante visível: o medo, a preocupação, o nervosismo, a felicidade, vontade de chorar...tudo! E neste momento, tudo nela gritava preocupação—

Melissa falando:
Depois de o doutor certificar-se que estava tudo bem com o André e sair, o mencionado procura o meu olhar, perdido nos arranhões que ele tinha:

- Disseram que amanhã á tarde podes voltar para casa —digo encontrando finalmente os olhos dele—

- Desculpa pequena

- Não voltes a fazer isso comigo

- Prometo —diz pondo uma mão no peito e começo-me a rir por causa disso—

- Pequena...

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