Cap. 48

95 3 0
                                    

POV HARRY

Após retirar Delilah do hospital, passo a visitá-la algumas vezes. Seu médico diz que devido ao trauma, sua mente deve descansar para que seu corpo não crie outro sistema de defesa e exclua informações desnecessárias novamente.

Observo-a sentada no chão do quarto. Seus olhos cansados revelam o efeito de seus remédios chegando lentamente, e atento, assisto enquanto a garota remexe a comida no prato. As bolsas debaixo de seus olhos já desapareceram, e seu rosto ganha cor novamente. Mas seus olhos ainda demonstram desânimo devido a todos os acontecimentos anteriores.

"Não está bom? Quer que eu te busque outra coisa?" Questiono. Seus olhos castanhos se direcionam aos meus novamente. E um pequeno sorriso se forma em seus lábios avermelhados.

"Não é isso. Está ótimo, obrigada. Eu apenas estou preocupada. Vocês têm saído muito e não tenho te visto com tanta frequência. Tenho medo que algo aconteça."

Aproximo-me de seu corpo pequeno. Os últimos acontecimentos levaram um pouco de seu peso anterior, e sinalizo para que coma mais um pouco para que recupere as suas forças.

"Não se preocupe. Tudo já está quase resolvido. Em breve não precisaremos mais nos preocupar com nada relacionado a estes assuntos." Afirmo. Seus olhos pequenos deixam o prato já vazio.

Delilah deixa seu prato de lado, e num movimento inesperado, arrasta seu corpo para mais perto de mim. Seus braços se enrolam em minha cintura, e seus cabelos fazem cócegas em meu pescoço, ao descansar sua cabeça em meu peito. O peso de seu corpo contra o meu, me lembra de momentos passados com ela há meses atrás. E permito que todo o nosso cansaço vá-se embora, enquanto nossos olhos pesam-se lentamente. O sono nos leva, debruçados sobre a lateral da cama de solteiro.

(...)

POV DESMOND

#flashback#

Louis sai do quarto de hotel, e me preparo para desfazer mais uma parte das malas antes de parar para descansar. Aperto meus olhos lutando contra o cansaço da viagem, e me sento para tirar meus sapatos, quando batidas na porta me fazem levantar novamente.

Caminho em direção a esta e não demoro em girar a maçaneta, revelando brevemente um rosto que há muitos anos não via.

"Desmond Styles, é bom vê-lo novamente." Roland se arrasta rapidamente para dentro do quarto, e fecho a porta, enquanto seus olhos viajam por todo o quarto.

"Roland! A quanto tempo não nos encontramos!" Exclamo com entusiasmo. Roland se senta em uma cadeira giratória, e observando o quarto novamente volta a me responder. Sarcasmo carregado em sua voz.

"De fato. Desde que resolveu me abandonar com risco de ser pego pela polícia. Demitiu-me e fugiu me deixando sem nada. Desde este momento Desmond."

"Roland, eu sinto muito. Não sabia que as coisas acabariam dessa forma." Paro para observar sua aparência recente. A barba em seu queixo provavelmente não é cortada há meses. O cheiro de álcool e cigarros baratos pode ser sentido já por todo o quarto. As roupas de marca que Roland ainda veste, diferente da última vez que nos vimos, agora estavam velhas e surradas. E o cabelo, antes coberto de gel e perfeitamente penteado, mal cortado e com falhas em ambos os lados."Se tivesse me dito antes, eu teria o ajudado, amigo."

"Não me chame de amigo. Você deveria ter me ajudado quando tudo aconteceu. Nós dois montamos o plano e apenas eu levei a culpa por tudo o que fizemos juntos."Afirma em irritação.

"Roland, você precisa superar esta história. Olha se for preciso, deixe que eu te ajude. Eu te arranjo outro emprego, te coloco em um apartamento melhor te dou uma vida melhor. Deixe eu te compensar pelo que aconteceu!"

"Pensa que jogando seu dinheiro em minha cara vai resolver de alguma coisa? Eu fui deixado de lado Desmond. Sem piedade. Por que eu te perdoaria por algo assim? Você teve sua chance. Naquela época. Mas preferiu ir embora e me deixar aqui."

"Roland, tem que haver uma maneira."

"Não Desmond, não existe maneira nenhuma. Você vai pagar por isso da forma que merece!" Dito isto, Roland sai às pressas, e antes que pudesse alcançá-lo deixa o quarto sem explicações.

(...)

Desde aquele dia, Roland não tentou me contatar mais. Tentei procurá-lo, mas não o encontro em lugar algum, e me preocupo com o que este homem tão revoltado pode tentar fazer à mim e a à minha família.

Outra batida na porta é ouvida, e por alguns segundos, luto contra o impulso de abrir sem chegar de quem se trata. "Quem é?" Pergunto. Tento olhar por baixo da porta, na tentativa de identificar de quem se tratava. Botas escuras aparecem por trás da porta e a voz do meu filho me chama a atenção.

"Sou eu, Harry." Sua voz rouca ecoa por de trás da porta vermelha, e me levanto, abrindo rapidamente a porta para meu filho passar.

"Harry, mas que surpresa! Pensaste no que te disse?" Harry entra, e pede para se sentar. "Mas é claro, fique à vontade meu filho!" o garoto se senta.

"Eu pensei no que me disse. Quero te dar esta chance. Mas primeiro, quero que me explique sobre Louis e a outra família que escondeu de mim e de minha mãe."

Sua pergunta cai direto em minha consciência, e me sento em sua frente, respirando fundo antes de falar.

"Como sabe meu filho, eu não era exatamente o melhor pai para vocês, ou o melhor marido para sua mãe. Nem mesmo de minha empresa pude cuidar direito, o que você Harry faz com maestria, devo dizer. Mas cometi um erro muito grande, e depois que havia feito não poderia mudar de ideia. Foi quando resolvi assumir minha família com a mãe de Louis também. Imaginei que descobriria sobre isso um dia, mas não pensei que fosse tão rápido."

"Estão investigando nossa família, essa informação não poderia continuar escondida por tanto tempo."

"Eu sei que não, e é por isso que estava me preparando para contar a vocês dois juntos em breve."

"Tudo bem pai, não é a hora para ficar lhe criticando de qualquer forma, apenas preciso que me conte exatamente o que houve."

"Quando a mãe de Louis ficou grávida, eu não podia mais ir embora, por isso não procurei à nenhum de vocês e nem à sua mãe. E deixei que Louis crescesse levando uma vida normal. Louis porém, também não sabia de nada, nem ao menos que temos o mesmo sangue."

"Como não?" Pergunto.

"A mãe de Louis descobriu tudo quando estava grávida de 7 meses, por isso resolvemos inventar uma história. Eu seria o padrasto que se casou com sua mãe quando ainda estava grávida do último marido, e o pai de Louis, teria fugido quando soube da gravidez. Louis só me chamou de pai aos 9 anos, pois em sua cabeça inocente fui eu a criá-lo e não seu 'pai de verdade'".

"Mentiste de novo?"

"Infelizmente. Eu sinto muito filho, mas a mãe de Louis não queria que uma criança crescesse sabendo que o pai nem ao menos soube cuidar de sua primeira família."

"E quanto à certidão de nascimento?"

"Eu assinei com a desculpa de que 'Louis merecia um pai melhor' e ele de fato merecia, mas não devido ao pai que o abandonou enquanto ainda estava em sua geração, mas a aquele que vivia ao seu lado todos os dias."

"E agora ele descobriu toda a verdade."

"Sim, imagino que sim."

"Eu espero que você entenda que eu ainda preciso de um tempo para assimilar isso tudo, mas que é muito importante que você esteja me contando isso tudo agora."

"Eu sei que sim filho, e vou esperar o tempo que for preciso para que perdoe todos os meus erros. Eu estou realmente tentando."

"Eu também, pai. Obrigada."

"Obrigada, Harry."

(...) 

Deixe-a Ir || H.S. (LIVRO EM PRÉ-VENDA) Vejam o último anúncioWhere stories live. Discover now