Tudo o que importava para Nicolle Ávila era concluir seu estágio e - finalmente - ser independente e não dar mais trabalho para seus pais, principalmente estando em outro país.
Natural do Rio Grande do Sul, a gaúcha era uma garota forte, madura...
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Seαttle, Wαshıngton 17:36pm
—EU NÃO ACREDITO que você foi capaz disso!
Nicolle respirou fundo diante da reação da amiga, enquanto mantinha o foco no computador e no seu trabalho de conclusão de curso da faculdade em que a mesma cursava o último ano. Mesmo que por fora se mostrasse séria e compenentrada, em seu íntimo tinha vontade de rir tão alto que os vizinhos no andar de baixo começariam a bater suas vassouras no teto, demostrando seu incômodo.
A mulher ao seu lado, cerca de dois anos mais velha, continuou encarando com um olhar incrédulo a intercambista, esperando algum vestígio de que tudo o que ela lhe dissera fosse uma reles brincadeira. Mas Nicolle não disse nada.
— É sério? Nick, você é impossível! — a mulher riu enquanto levava as mãos aos cabelos escuros e cacheados — Agora estou com pena dele.
— Não é necessário tudo isso, Jhú. Ele vai ficar bem. — a brasileira garantiu e jogou a franja por fazer para trás da cabeça — Foi só um fora. Todo mundo passa por isso um dia.
Mesmo que ele não tenha cara de quem leva um fora, Nicolle pensou consigo mesma. Os eventos da noite anterior ainda lhe passavam pela cabeça como uma cena de filme, e não podia deixar de se sentir de maneira estranha. Ainda se lembrava perfeitamente da aparência do rapaz que, do canto da lanchonete, a observara encantado e ela, sem vergonha alguma, lhe devolvia o olhar com um meu sorriso no rosto. Alto, forte, pele morena e olhos castanhos que se fechavam ao sorrir, e o pequeno brinco na orelha esquerda; praticamente todo e qualquer detalhe estava gravado na mente de Nicolle.
A maneira como ela havia o conhecido tinha sido um tanto inesperada e, ao mesmo tempo, clichê. A brasileira se encontrava em uma lanchonete em Port Angeles, fazendo o mesmo que ela fazia naquele momento, e não notara quando o rapaz chegara e se sentara no balcão; estava concentrada demais para notar o que quer que fosse, e mesmo um ciclone — seria impossível um passar pela cidade — não conseguiria tirar os olhos da tela do notebook. Ela só notara quando o olhar intenso do rapaz a incomodou.
Uma risada escapou dos lábios de Nicolle, chamando a atenção da amiga que logo arqueou uma sobrancelha de maneira maliciosa e divertida.
— Está pensando nele? — ela perguntou zombeteira.
— E se eu estiver? — Nicolle perguntou com um sorriso travesso desviando o olhar rapidamente do computador para a amiga, voltando para o aparelho em menos de dois segundos.
Jhúlia soltou uma leve risada antes de deixar a amiga sozinha no quarto com seu trabalho e seus pensamentos sobre o rapaz misterioso.
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