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    Ela já havia parado de gritar pelo nome de Al havia um bom tempo, alguns minutos na verdade, mas para ela isso já parecia um bom tempo. Ela estava confusa pelo desaparecimento de Al, afinal não sabia que razão levaria ao homem a simplesmente sumir sem nem mesmo levar as lanternas para iluminar o caminho, além disso se ele não havia por escolha e sim levado por alguma razão ou alguma coisa, o que de certa forma era algo plausível, mas ela tentava não pensar naquilo muito.

    Como não possuía relógio não conseguia saber que horas eram exatamente, mas a última vez que havia visto o relógio na parede da loja de JK era por volta das sete da noite, não lembrava bem, mas talvez naquele momento fosse sete e meia, o que não condiziaria com o fato da chamada de rádio que JK recebeu. No momento ela não havia parado para pensar, mas naquele momento parou, as coisas costumavam aparecer apenas depois das dez da noite ou até mais tarde, e geralmente ficavam ali até as sete da manhã, claro que isso não era certo afinal ninguém jamais havia ido até uma das coisas e perguntado qual era o horário delas, mas por experiência Rosie diria que o "horário das coisas era mais ou menos esse". Então como uma das supostas coisas conseguiu fazer uma chamada de rádio horas antes de seu horário normal, e como essa coisa sabia sobre a vida de JK? Teria sido uma pessoa por detrás? Rosie duvidava disso, pouquíssimas pessoas ficavam na cidade nesse dia e nesse horário, e provavelmente nenhuma delas era inimiga de JK, na verdade a maioria da cidade via a loja de JK como algo economicamente essencial para a cidade, jamais poderia ser uma pessoa, além disso a conversa de JK foi algo meio estranho, a coisa queria imitar algum conhecido dele e pelo visto conseguiu em partes.

   Rosie então balançou sua cabeça como se quisesse limpar ela de seus pensamentos, e queria, era melhor se concentrar em lembrar os caminhos que fazia quando criança para sair logo dali.

    A lanterna que Rosie usava na cintura iluminava os caminhos bem, ela estava em um dos corredores usado para encurtar distâncias para os encanadores, era estreito com ela tendo que se virar levemente de lado para passar sem problemas, as paredes eram feitas de tijolos pretos que já estavam com fungos crescendo em várias partes e a umidade era palpável com suor escorrendo, e era quente, Rosie estava suando também e sentia vontade de tirar seu macacão esportivo e ir apenas seu top mas decidiu não o fazer achando que ao sair daquele corredor o resto seria mais frio e também porque a pistola estava no bolso da roupa, acima dela alguns canos mais finos, tão envelhecidos quantos os outros, se faziam presentes. Após alguns minutos de caminhada ela finalmente saiu do corredor, havia chegado em uma área ampla ao qual a luz da lanterna não conseguia cobrir toda, era alto também, alguns pilares redondos iam do chão até o teto e provavelmente tinham mais de quatro metros, viasse alguns bueiros de grades em alguns pontos do lugar.

    Rosie olhou em volta à tentando ver novos corredores ou até mesmo a parede do outro lado, mas o lugar era tão grande que sua lanterna de cintura não conseguia alcançar além de parte das trevas do local, andou um pouco seguindo a parede próxima, após quase um minuto constatou que o lugar era realmente imenso e tudo parecia muito igual para onde ia, como se estivesse andando para o mesmo lugar e sempre voltando, olhou para trás tentando ver a porta por onde havia vindo, não encontrou, havia se afastado o suficiente para esta sumir na escuridão, parou um pouco e pensou no que fazer.

    Enquanto pensava ela ouviu grunhidos, baixos e ritmados, lembravam os de uma pessoa dormindo, ela olhou vendo apenas escuridão, girou o corpo para que a lanterna iluminasse os locais a sua volta. Pânico tomou o rosto dela quando a luz iluminou o que havia a alguns metros afrente dela.

    Era uma criatura, era grande com talvez dois metros de altura e o dobro em largura, o rosto era redondo com os olhos caídos, quase fechados, a boca e o nariz eram pequenas e desproporcionais aos olhos, lembrava um bebê obeso e tristonho, pelo menos o rosto. O resto do corpo da coisa parecia como uma larva, ou uma pessoa muito obesa e cumprida, a pele molenga se tinha espasmos em vários lugares conforme a criatura se mexia vagarosamente se arrastando, vários braços humanos do tamanho dos de Rosie se faziam presentes embaixo da criatura, alguns tocavam no chão puxando o ser e outros pareciam ter sido quebrados estando em ângulos estranhos, nas costas da criatura se viam vários buracos do tamanho de uma cabeça humana, eles estavam dispostos em duas fileiras e pareciam pequenos túneis.

    Rosie assustada deu vários passos para trás fazendo com que a criatura ficasse menos iluminada, a mulher rapidamente puxou a pistola de dentro do bolso do moletom, verificou se a arma estava pronta para qualquer coisa, estava. O grande ser olhou na direção de Rosie com seu rosto tristonho, a mulher mirou a arma nele enquanto continuava a se afastar, a criatura parou de andar, olhou melhor para a mulher como se a analisasse, os poucos segundos isso durou foram suficientes para Rosie perceber que tremia enquanto mirava, tentou se acalmar, mas não obteve sucesso. Em alguns segundos, a criatura deixou de olhar para a mulher, olhou novamente para frente e voltou a se arrastar para onde iria, a mulher continuou mirando na criatura, ouvindo o rastejar e os grunhidos dela enquanto se afastava, aos poucos a criatura começou a adentrar a escuridão saindo da área de alcance da luz de Rosie, logo a única coisa que havia eram os sons de rastejar da criatura.

    Demorou alguns minutos até Rosie baixar a arma e se acalmar, sua respiração estava ofegante e não tirava os olhos de onde a criatura tinha ido, aos poucos sua respiração voltou ao normal. Ela olhou para sua mão que carregava a arma, viu o dedo no gatilho, o tirou dali e voltou a olhar para onde a criatura tinha ido, nada, nem mesmo os sons podiam ser ouvidos mais.

– Eu já devia esperar por isso – disse ela para si mesmo.

    Ela se virou para ir ao lado contrário a criatura, era a melhor ideia no momento, deu um passo à frente e sentiu um peso subir rapidamente, algo puxou sua cabeça para trás a segurando pelos cabelos deixando seu rosto virado para cima, ela ia fazer algo quando sentiu sua boca ser forçada a abrir rapidamente, alguma coisa entrou por sua boca e descendo até um ponto de sua garganta, a coisa era gelada e lembrava o gosto de carne crua e estava úmida. Rosie sentiu vontade de vomitar, mas antes que pudesse sentiu algo se mover em sua garganta sendo descendo até sua barriga, depois outra, e outra. Em desespero ela se debateu, mas a coisa puxou seu cabelo com mais força, então ela ergueu a arma em direção acima de sua cabeça, ao sentir que havia encostado o cano em algo ela disparou. O som foi ensurdecedor por estar tão perto de seu ouvido, deixando um zumbido tomar sua audição durante alguns segundos, sentiu a coisa sair de sua garganta se arrastando para fora e também sentiu o peso em seus ombros cair, Rosie caiu no chão tossindo sentindo sua boca toda lambuzada por saliva e pelo liquido que veio do que seja que for que tenha a atacado. Quando o zumbido parou ela ouviu o som de algo gritar, era como um grito humano, mas alto e choroso como se tivesse atordoado com algo.

    Rosie se levantou e foi andar ao perceber que o som ficava mais alto como se se aproximasse, mas no quarto passo sentiu uma dor horrível em sua barriga, parou, colocou a mão na barriga e gemeu de dor, a dor se amenizou, voltou a andar, começou a correr.

(NOTA: Sim, voltei a essa história, senti uma baforada de inspiração e provavelmente a história vai voltar a andar. Digamos que eu cheguei a conclusão de que já era hora das coisas realmente andarem, e esse fato é mostrado com a primeira aparição de um monstro, ou dois, quem sabe? Mas enfim Leitores Errantes, boa leitura e um abraço.)

Pedras Não Temem a Noite (CANCELADA)Tahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon