CAPÍTULO XV - A SOLITUDE EM KARATH DORL

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Ele acordou. Estava frio, muito frio. A ponto de nevar e ela era branca, mais até do que poderia lembrar. Ventava muito, mas ele não conseguia perceber muita coisa. Uma densa cortina acinzentada cobria o que estava a sua volta. O chão era duro, feito de pedra, com neve espalhado por toda a sua extensão. Não era um lugar grande, porém parecia ser alto, pois respirar aqui era um sacrifício tão grande quanto carregar um pedregulho subindo alguma montanha. Sim, parecia estar em uma. Mas não era a base e sim o topo.

Resolveu mexer-se um pouco. Levantou, pois, estava deitado e seu corpo doía em demasia. Suas vestes não ajudavam em nada para se proteger do frio. Olhou em volta a fim de encontrar algo, talvez um objeto perdido ou algo deixado do chão rochoso. Pensou: "meu cajado". Sim, não o encontrava e imaginava que ele teria vindo junto com o objeto inseparável. Não lembra como chegou aqui, apenas que está nesse local frio e escuro. Era noite e apenas a luz da lua pálida brilhava no céu estrelado. Ficou ali, por muito tempo, contemplando sua desolação gelada.

Sentiu o plangente vento em sua pele que ficou arrepiada ao seu toque. Nunca estivera em lugar tão frio. A escuridão que o cerca, sendo apenas enfrentada pela luz da lua, deixava um mistério na descida do pico da montanha. Imaginou como faria para sair daquele local e ponderou a única saída: a descida. Mas sem o seu cajado ele não tem o sustento físico e mágico que precisava. Foi aí que ele lembrou. Não era conhecido como O Mago do Cajado, mas sim como o Mago Verde. Sim, Misha era quem estava naquela sozinho ali, naquele pico montanhoso cheio de neve e escuridão.

Começou a se concentrar, mas nada aconteceu. Havia algo de errado. Não estava conseguindo realizar sua Magia. Não dependia de seu cajado, mas algo o impedia de acessar os seus poderes. Então tentou se concentrar novamente, agora com uma maior intensidade. Nada! Já começou a ficar inquieto e um pouco aflito. Tentou uma última vez e infelizmente, para ele, nada aconteceu. Sendo assim, decidiu descer. Enfrentando o frio mortal e a escuridão que estava ao redor da montanha. Porém, se nada o fizesse, seria mais mortal ainda ficar ali. Sem abrigo e sem comida.

Começou a descer. Primeiro, tentando segurar o chão rochoso como apoio para as mãos, enquanto procurava com os pés um local seguro para se apoiar. Foi o que aconteceu. Em meio à escuridão, conseguiu a princípio, ficar firme em um lugar. A névoa ondulava o cume com tristeza e Misha nutria um desejo de que chegasse logo em algum lugar seguro. Foi descendo aos poucos, com cuidado e com muita força. Seus dedos já ardiam no chão rochoso e gélido. Foi então que ao seu lado, jazia um galho seco que havia vencido a parede rochosa e teimava em ficar ali, exposto ao ar gelado e à névoa triste. Sozinho, orgulhava-se de ter vencido tal desafio.

Misha, por sua vez, segurou no galho que parecia ser seguro e forte. Realmente o era. Foi um alívio para o Mago Verde, pois seus dedos não aguentavam mais tanta ausência de calor, ao ponto de começarem a ficar violeta. O sangue parecia negar-se a circular por ali, foi então que Misha, procurou um local para ficar com os pés apoiado. Encontrou um logo abaixo do galho seco. Assim o fez. Ficou em pé, logo abaixo do galho e começou a esfregar às mãos, a fim de aquece-las. Esfregava e soprava. Era um ritual frequente entre àqueles que gostavam de escalar montanhas gélidas, porém Misha não fazia esse tipo de coisa. Não porque não gostasse, mas porque não havia necessidade em suas andanças.

Os vapores pálidos começaram a aumentar sua densidade, ocultando assim a lua e ocupando o cume, que estava logo acima de Misha. Ele desejou que tudo aquilo terminasse logo, pois não fazia ideia de onde estava. 'Será que estou nas Montanhas Gélidas do Norte?" pensou ele, mas sem saber com certeza dar uma resposta a si mesmo. A noite ficou cada vez mais densa. Não se podia ver muito além. Misha então se agachou e abraçou as pernas numa forma de perder o mínimo de calor possível. Ali passou o resto da noite.

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⏰ Last updated: Jun 21, 2020 ⏰

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Harav: A Invocação de DunkurkWhere stories live. Discover now