CAPÍTULO XIV - O POVO VIRTUOSO

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Já cavalgava há dias. Havia saído do castelo Gartana sem dizer nada a ninguém. Nem mesmo a Karatyrol, que ficou responsável juntamente com ele, Karandyr, pela ordem no castelo. Mas uma viagem assim de alguns dias não seria nada de anormal. Ainda mais quando se tem por objetivo agradar a jovem Nimond. Seu aniversário estava próximo e o Chefe da Guarda não poderia chegar de mãos abanando. Teria que entregar um belo presente a ela. Assim poderia impressiona-la e facilitar a sua escolha para seu futuro marido. Karandyr sempre fora apaixonado pela filha de seu Senhor. Contudo, não poderia falar nada pois receava por uma represália do Lorde Gartana.

Estava indo em direção às Montanhas de Prata. Ficava ao Norte do castelo. Lar dos anões mestres artífices. Esta cadeia de montanhas era justamente o limiar entre a República de Formith e a floresta de Menyamen. Lá com certeza encontraria o presente ideal para sua amada Nimond e impressionaria a todos, no entanto, tudo isso terá um preço e uma peça dessas não deveria sair barato! Contudo, Karandyr estava disposto a pagar o preço que fosse necessário.

Cavalgando às margens do Lago do Wyvern, percebeu uma movimentação atípica nesta região. Um aglomerado de homens em suas armaduras, enfileirados e organizados. Um pouco mais adiante viu um acampamento muito grande. Era com absoluta certeza os homens do exército de Formith. Estavam acampados ali, por estarem protegendo esta região da República? Possivelmente sim. Karandyr pensou em quando quase entrou para servir ao exército. Mas preferiu adentrar em outras organizações. Foi aí que conheceu o Lorde Gartana e o deixou impressionado com sua técnica de combate, tanto que o próprio o convidou para, inicialmente, integrar a sua guarda particular. Aceitou depois de uma breve negociação e aqui está! Chefe da Guarda do Lorde Gartana. Teve seu treinamento com um ex-combatente do exército de Formith, que havia saído depois de perder os movimentos de sua perna direita. Herança de um dos incontáveis combates para conquistarem a paz no então Reino de Formith.

Imaginou todas estas etapas de sua vida enquanto via, ao longe, o acampamento do exército. Sentia muita vontade de servir, mas seu tempo havia passado e agora seu futuro é apenas um: ser parte da Família Gartana, pois seria o escolhido por Nimond para ser seu marido. Isto estava claro, depois que ela recebesse seu presente de aniversário. "Os anões hão de fazer uma joia inédita e bela" pensava ele. Isto já estava tomando muito o seu pensamento. Desde que Lorde Gartana, juntamente com sua família, partira para a capital.

Agora o acampamento ficara para trás, assim como seu pensamento no exército. Cavalgava adiante e sempre com uma esperança de que seria ele o escolhido. O sol já estava começando a se por atrás de um monte quando viu uma figura inusitada nestas terras da República. Um lobo! E não estava sozinho. Estava servindo de montaria para um humanoide asqueroso que trazia uma armadura de couro batido como sua proteção e estava munido de arco e flecha. O mesmo olhou em direção onde Karandyr estava cavalgando, sacou o chifre que trazia consigo e o soprou.

- Um batedor orc! – Exclamou Karandyr. Mas estou apenas a algumas horas de chegar nas Montanhas Prateadas. Não é comum vê-los por aqui. Não importa, pois o batedor me viu.

O Chefe da Guarda tentou desviar seu caminho para longe do batedor, mas foi inútil. O mesmo já estava vindo em sua direção. Agora só resta saber se o cavalo de Karandyr é mais veloz que o lobo do batedor orc. De fato, não era. Cada vez mais a distância entre os dois diminuíra. Mais uma vez, Karandyr estava lidando com orcs. Desta vez não estavam sendo carregados por morcegos, mas estavam montados em lobos. Logo mais os demais orcs da tropa apareceram. Um orc maior e mais encorpado que os outros vinha atrás de toda a tropa. Parecia ser o Capitão Orc.

As flechas do batedor começaram a zunir pelos flancos de Karandyr. Sua velocidade era a maior que poderia pedir ao cavalo. Porém, uma delas acertou o flanco esquerdo de sua montaria que relinchou e caiu no chão. Do mesmo modo, caiu Karandyr. Rolara pela grama da planície dos campos de Formith. Uma grande dor no seu ombro direito foi capaz de sentir quando cessara de rolar pelo chão após o impacto da queda. Instantaneamente colocou a mão esquerda tentando, de uma forma desesperada, diminuir a dor que estava sentindo.

Harav: A Invocação de DunkurkOnde histórias criam vida. Descubra agora