Capítulo cinquenta e cinco

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Perlla. 💋

Assim que coloquei meus pés na calçada suspirei fundo. Muito contrário do que pensava, o tempo não cura a minha dor e sim conforta. Cada dia que passa eu penso mais e mais na Maria Clara, penso em como seria se ela estivesse aqui, em como seria ser sua mãe, em como tudo estaria tão diferente.

Confesso que é tudo mais difícil sem Nem, carregar essa barra toda sozinha foi extremamente doloroso para mim. Com certeza a perda da minha filha foi um divisor de águas na minha vida! Dividindo a Perlla inconsequente, da Perlla responsável e mãe.

Sinto muito por só ter tomado um rumo agora que perdi o verdadeiro amor da minha vida. Tudo mudou quando vi seu pequeno corpo naquele caixão, sem vida. Foi alí que eu decidi que queria ser uma pessoa melhor, não só pela Maria mas também por mim.

Sempre que penso na minha vida antiga sinto nojo e repulsa. Sinto vergonha pela pessoa que eu era! Uma mulher totalmente interesseira e fútil. Eu machuquei tantas pessoas com o meu jeito... o fardo que tenho sobre mim é pesado para caralho.

Meu puerpério tem sido péssimo, entrei numa depressão profunda e não tenho forças mais para nada. Meu corpo tem voltado normal aos poucos, o médico disse que isso iria acontecer! Pois a recuperação seria a mesma!

BG: Coe, quero te mandar um papo. - Ele me puxou e eu o encarei.

Perlla: Olha BG, sei que já dei em cima de você e te peço desculpa por isso mas é que... - Ele riu me interrompendo.

BG: Relaxa, te chamei para desenrolar nada não. Eu só preciso que tu venha comigo o mais rápido possível! Preciso que você veja uma coisa. - Assenti confusa.

Perlla: Tudo bem.

BG: Nós vai sair da comunidade, jae? Mas fica suave que tu tá segura comigo dona.

Perlla: Tem certeza, BG?

BG: Tô passando a visão. - Ele disse sincero e acabei concordando.

Subi na sua moto e agarrei na sua cintura. Nós saímos da comunidade e BG seguiu por um caminho que eu nunca tinha ido. Quando dei por mim estávamos em um hospital na pista.

BG: Desce aí dona, vai ter uma mina aí dentro da recepção te esperando. Só siga ela! - assenti. - Daqui a vinte minutos volto aqui para te buscar.

Perlla: Tudo bem. - Murmurei. - BG, eu devo me preocupar com isso?

BG: Relaxa mina, eu te trouxe aqui porque eu sei que tu é a única que mudou pelo Nem. - Ele coçou a nuca. - Tu é a mãe da filha dele, teve um papel importante, tu merece saber!

Suspirei fundo ao ver BG arrancar com a moto. Entrei naquela casa de repouso e no mesmo momento me arrepiei dos pés a cabeça, não sabia ao certo o que estava acontecendo, mas meu corpo sentiu no mesmo instante um tipo de energia estranha.

Assim que vi uma menina encostada no balcão, caminhei até ela. Ela era muito bonita, dona de um corpo magro com curvas, ruiva e tinha olhos azuis. Ela era a única que estava alí então supus que fosse ela de quem BG falou.

Ruiva: Você é a Perlla, certo? - Ela sorriu amigavelmente e eu sorri fraco assentindo. - Sou a Lorrayne.

Perlla: Muito prazer. Desculpe a inconveniência, Lorrayne, mas por que me trouxeram aqui?

Lorrayne: Vem, me segue que no caminho eu te explico melhor. - Eu apenas assenti e fui caminhando ao seu lado. - Faz alguns meses que comecei a trabalhar aqui, tenho gostado bastante, é algo que eu nasci para fazer, sabe? - Ela disse e apertou o botão do elevador.

Opostos [Morro]Unde poveștirile trăiesc. Descoperă acum