capítulo quinze

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Naiara🎀

Eu chorava descontroladamente. O medo antecipado me fez entrar em pânico, saber que papai e mamãe sofreriam por uma burrice minha me deixa em estado de nervos. Será que eles me perdoariam por algo tão... sério?

Já via o desgosto no olhar de papai, saber que sua filha está envolvida com um traficante. A filha que ele tanto sonhou, a que havia escolhido esperar em Deus. Que casaria na igreja e o encheria de orgulho.

As vezes me pego pensando o quanto a vida dá voltas. Mas acredito que tudo isso que estou vivendo já estava escrito por Deus. Sinto que não é atoa. Deus não me daria um fardo que eu não pudesse carregar. Ele não me deixaria passar por tantas tribulações se eu realmente não aguentasse.

Iria totalmente contra aos princípios que papai prega virar as costas para mim. Sei que não é fácil aceitar um absurdo desses pois além de sentir desgosto de mim, a reputação de papai como pastor afundaria por um erro meu. Todos esses anos trilhados por papai escorreriam pelo ralo. Eu sei disso. Mas será que ele me amava mais do que amava sua reputação?

Ursula: Se acalma Naiara, vai ficar tudo bem. Seus pais te amam e irão te perdoar. - Ursula me confortou e eu sorri fraco.

Ouvi meu celular tocar e olhei o visor. Minhas mãos tremeram ao ler "Mãe". Atendi e fiquei calada.

Renata: Filha? Tá aí? Alô?
Naiara: Oi mãe.
Renata: Tá tudo bem com você? Senti um mal-estar e resolvi te ligar!
Naiara: Tô bem sim.
Renata: Irei ter que viajar com seu pai hoje. 22:00 estaremos indo. Conseguimos uma consulta em São Paulo, desculpe não ter te avisado antes, recebemos a notícia de última hora.
Naiara: Que bom mãe, não tem problema algum! Fico muito feliz, quando vocês voltam?
Renata: Daqui a duas semanas. Espero que você fique bem.
Naiara: Vou ficar sim.
Renata: Beijos filha. Te amo e se cuida.
Naiara: Beijos, eu te amo.

Soltei um suspiro de alívio ao desligar o telefone. Sorri para Ursula que bateu palminhas.

Naiara: Foi um alívio.. mas não posso mais viver com essa mentira Ursula, quando eles voltarem eu vou ter que contar.. - Ela assentiu.

Ursula: Concordo plenamente com você. - Sorrimos.

Deitei no sofá novamente sentindo dor e acabei pegando no sono. Se não dormisse aquela hora, entraria em estado de nervos.

***        

Acordei com a porta da sala sendo aberta. Me levantei rápido e gemi por conta da dor na cabeça e dos hematomas. Perigo me encarou sério e caminhou até o meu lado. Ele tirou seu cordão de ouro, relógio, pistola e botou em cima da mesinha de centro.

Perigo: Col foi, tá melhor?

Naiara: Tô sim... - Ele começou a mexer no celular. - Perigo? - Ele me olhou.

Perigo: Fala

Naiara: Obrigada por tudo... Por me ajudar. - Ele assentiu e deu um meio sorriso. - Acho que já vou, está ficando tarde.

Perigo: Tua mãe vai brônca se tu não for?

Naiara: Meus pais viajaram, meu pai tinha uma consulta em São Paulo, volta daqui a duas semanas. - Mordi os lábios.

Perigo: Fica aí então pô.. - Eu sorri irônica.

Naiara: Então você quer que eu fique? - Ele coçou a nuca e me olhou sério.

Perigo: Ih garota, col foi, tô falando porque tá tarde ai para tu andar sozinha, sou traficante mas não sou Deus para ficar te protegendo sempre não ô. - Suspirei entendendo que ele queria que eu ficasse.

Naiara: Tá... eu fico! Mas só se você pedir um hambúrguer para mim, aliás um hambúrguer não, dois!

Perigo: Ram! vocês mulher são foda! não pode dar o braço que querem o corpo inteiro. Abusada. - Disse sério, senti minhas bochechas queimarem e logo depois ele sorriu. - Coe tô de tiração, fica suave, tambem to numa larica monstra.

Eu ri e ele subiu as escadas correndo. Fiquei alguns minutos ali e subi logo depois, deitei em sua cama o esperando e acabei pegando no sono novamente.

Perigo🔥

Subi as escadas e deixei a doida lá em baixo. Liguei para um soldado e pedi para ele trazer o lanche para cá, tomei um banho quente, me enrolei na toalha e saí do banheiro.

Naiara estava deitada na cama, cochilava. Puta que pariu, onde essa menina bate dorme, tá maluco.

Fui até o guarda-roupa e vesti uma cueca, uma blusa e bermuda. Baguncei o cabelo e fiquei olhando para ela, dormia toda desleixada, cabelo no rosto. Cheguei até a sentar ao seu lado e encarei o seu rosto.

É incrível como eu não consigo ver a maldade do mundo nela. Sei lá, coisa de doido mermo, sei nem explicar, papo reto. Nunca senti essa porra, vontade de proteger, me sinto um tremendo viadinho.

Sem pensar fui com a minha mão direita até seu rosto. Acariciei cuidadosamente aquela pele macia e alva.

Perigo: Mas que porra você tá fazendo comigo? - Sussurrei.

Vi a mesma abrir os olhos aos poucos e tratei de tirar minha mão de seu rosto. Me levantei rápido enquanto ela me olhava de olhos arregalados, virei as costas e tentei sair daquele quarto, mas senti sua mão quente me tocar. Sabia que ia dar merda. Sempre quando eu abro a porra da boca dá.

Naiara: Perigo.. - Disse baixo e eu fechei os olhos. - Me fala o que você  sente, te imploro. Me diz que também existe sentimento da sua parte. - Engoli seco e a encarei sério.

Olhei seus lábios rosados e carnudos. Segurei em seu rosto e cheguei mais perto da mesma.

Perigo: Cheguei na conclusão que tu é boa demais para mim. Chega, papo reto, chega! Agora tu tá livre mina, pode ir, eu deixo. - Ela tentou dizer algo mas não conseguiu. - Tu não nasceu para ser mulher nem amante de bandido! Prometo te deixar em paz. - Ela mordeu os lábios e olhou para baixo, vi suas lágrimas caindo.

Naiara: Não. Eu não quero que me deixe em paz, não vou desistir de você porque... porque eu te amo, Perigo e você é o meu propósito.

Opostos [Morro]Kde žijí příběhy. Začni objevovat