Capítulo dezenove

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nossa nai na mídia💖

Naiara🎀

Encarei a janela mais uma vez e mordi os lábios. Não posso negar que a indecisão tomou conta dos meus pensamentos todos esses dias. Sei que a proposta do meu irmão é tecnicamente irrecusável mas algo me faz querer dar para trás.

Posso construir um novo futuro ficando aqui no Rio De Janeiro, contanto que eu saia daqui do complexo da Maré. Sei bem que aqui eu não posso ficar, é muito triste pois não me sinto mais a vontade como antes. A pior coisa é sentir que o seu lar simplismente não é mais o mesmo.

Tudo mudou em fração de segundos, eu era tão feliz sendo invisível aqui, mas bastou eu errar uma vez que todos já me julgaram de uma maneira absurda. É muito fácil cuidar da vida dos outros quando na verdade a sua que é o verdadeiro caos, acho que se meter na vida dos outros é uma válvula de escape para os moradores daqui ( não generalizando claro) e isso me dá muito medo.

Ouvi barulho vindo da porta e caminhei até a mesma me livrandos dos meus pensamentos duvidosos. Abri tendo a visão de Coringa.

Naiara: Oi Coringa, aconteceu algo? - Arquiei a sobrancelha.

Coringa: Perigo mandou eu te entregar isso aqui... - Entregou um envelope na minha mão. Abri aquele papel no mesmo instante e encarei aquelas notas de cem.

Naiara: Não posso aceitar isso não Coringa! Eu nem tenho nada com ele, ele não me deve nada... - Embrulhei o dinheiro novamente e dei para ele.

Coringa: Melhor tu aceitar Naiara, vai bater neurose no Perigo se eu levar esse dinheiro de volta! Vai acabar sobrando para mim.

Naiara: Hum, tudo bem. - Ele apenas deu um sorriso e foi embora da minha casa.

Olhei os exatos mil e cem reais que havia ali pensando no que eu poderia fazer.

Dois meses depois

Olhei meu pai vendo que ele era o último para eu me despedir. O Abracei apertado sentindo o seu cheirinho único. Fechei os olhos quando o mesmo beijou minha testa com amor.

Gilberto: Fica bem minha menina. Eu prometo para ti que logo logo eu compro passagem para você ir nos visitar. - Ele disse e eu sorri limpando minhas lágrimas.

Naiara: Me perdoa por não ir com vocês...

Gilberto: Você sempre foi meu orgulho filha. Impedir essa sua vontade seria puro egoísmo da minha parte, Deus vai estar contigo durante esse tempo te auxiliando a realizar todos os seus sonhos. - Apertou minha bochecha.

O número do vôo tocou pela segunda vez. Abracei meus pais, meu irmão e minha cunhada mais uma vez. Acenei vendo eles indo embora, como meu peito doeu vendo essa cena! O único pensamento que rodiava minha mente era: será que fiz a coisa certa?

Costumo não dar para trás nas minhas decisões e espero que isso realmente tenha sido uma escolha certa. Tenho a faca e o queijo na mão, nada pode estar errado, que Deus me ajude nesse novo recomeço.

Bom, depois da minha decisão insistente de ficar no Rio sozinha, meu irmão sugeriu que eu ficasse em um hostel até eu conseguir um emprego legal e ter condições para me mudar. Ele disse que bancaria todos os meus custos até eu me acertar direitinho com tudo.

De início minha mãe ficou muito chateada comigo, disse que isso era a última coisa que esperava de mim mas depois de muita insistência, ela entendeu meu lado e confiou em mim por completo. Papai como sempre foi mais compreendedor, óbvio que ele ficou triste mas disse que devo seguir o meu sonho, seja aonde for, com ele ou não.

***

Cheguei na minha casinha na Maré e meus olhos se encheram de lágrimas ao vê-la vazia e todos os móveis vendidos, minhas coisas já estavam dentro das caixas. Depois de me despedir de casa, liguei para o transporte vir buscar minhas coisas e transporta-las para o hostel. Sentei no meio fio da calçada e esperei o mesmo que estava mais do que atrasado.

A casa iria ficar fechada, irei dar uma olhada para ver se está tudo certo com a ela todo mês. Para deixa-la conservada caso um dia meus pais decidirem voltar para cá, o que eu acho muito difícil.

Sorri para algumas pessoas e para as outras que me olhavam com deboche eu apenas fingi que não vi. Quando finalmente o transporte chegou, ajudei Seu Aroldo a botar minhas coisas em seu carro. Quando estava prestes a sair, ouvi uma voz gritar meu nome, olhei para trás na esperança de ser ele, mas não, era apenas Marquin.

Marquin: Tá se mudando Naiara? - Ele disse com um sorriso no rosto.

Naiara: Tô sim Marquin, preciso sabe? Esses últimos meses foram muito confusos. - Ele assentiu.

Marquin: Tô ligado sim pô, tá aqui meu número se tu precisar de algo.. - Ele beijou meu rosto demoradamente. - Não esquece. - Sussurrou e eu ri sem graça pegando o papel de sua mão. Quando ele saiu do meu campo de vista rasguei o mesmo.

O que tinha acabado de acontecer? Ou ele não sabe do meu envolvimento com Perigo ou está se fazendo de louco. Sei bem que um beijo no rosto não significa nada, porém todo mundo sabe quando uma pessoa está com maldade, dá para ver através dos olhos, o corpo fica totalmente expressivo.

Assim que chegamos no hostel fui direto para o meu quarto alugado, meu irmão quis alugar um mais caro para eu me sentir a vontade e ficar sozinha, nada de dividir quarto com pessoas estranhas. Ajeitei minhas roupas e sapatos no armário que tinha lá e depois arrumei meus acessórios, maquiagens, cremes e perfumes dentro das gavetas da escrivaninha.

Fui tratada super bem pelo menos até agora. Até que me familiarizei bastante com o local, muito aconchegante e familiar. Tudo muito bem arrumado e com uma arrumação rústica linda.

Perigo🔥

Enquanto Ana Clara beijava o meu pescoço eu torrava um. Na neurose já pensando naquela maldita... Porra o que essa mina tem? Incrível como ela entra na minha mente legal, fico viajando, lembrando de cada detalhe... Do seu sorriso ou até mesmo da sua forma ingênua que me cativou ao extremo.

Ana Clara: O que tá acontecendo mo? Tá distante. - Ela disse me encarando.

Perigo: Já falei para tu parar de me chamar assim Ana Clara! Já disse para tu não levar isso aqui a sério. Gosto de ficar contigo, gosto de te comer, você é gostosa mas nada além disso. Se tu não quer que sobre para você fique calada. - Ela se calou na mesma hora.

Marquin me passou um rádio para eu aparecer na boca, no mesmo momento dispensei Ana Clara e parti para lá. Quando cheguei o movimento estava fraco, Nem não estava lá. Quando entrei Marquin estava sentado no sofá.

Perigo: Coé - Fiz um toque bandido com ele. - Solta o papo.

Marquin: Fui lá falar com a tua mina! Bagulho tá foda mermo irmão, ela se mudou daqui, disse que não quer mais saber de você e que só ficou contigo por interesse. - Arquiei a sobrancelha por conta da contradição das suas palavras.

Meu corpo ficou no ódio, quem ela pensa que é para se mudar e não falar comigo? Então era apenas por interesse? Vagabunda, desgraçada, ela me paga por me fazer de doido.

Agradeci Marquin por me avisar e fui para casa. Chegando lá mandei mensagem para Naiara. Ela vai ver quem está no ódio e ai dela se ousar não me responder.

Hostel: é um tipo de acomodação que se caracteriza pelos preços convidativos e pela socialização dos hóspedes, onde cada convidado pode arrendar uma cama beliche ou quarto individual, num ambiente partilhado, com casa de banho, lavandaria e por vezes cozinha




Opostos [Morro]Where stories live. Discover now