— Estou te esperando, sempre estou lhe esperando Helena, quando você vai se dar conta disso e não me fazer esperar mais.-Diz Scott quase suplicante.

     Percebo o duplo sentido em suas palavras e a ironia também, pois sempre faço essa pergunta para ele. Ao perceber que fiquei encabulada ele dispara.

—Vamos! 

— Ah! Vou lhe trazer para a faculdade e lhe levar para casa todos os dias a partir de agora. E, antes que você diga não, quero que saiba que não vou aceitar um não como resposta, pois fazer isso vai me ajudando a lembrar, lembra? 

— Quem disse que vou dizer não? Eu disse que mesmo não sabendo como eu ajudaria não foi? — Então eu vou! Pois, não sou mulher de voltar atrás em minha palavra e muito menos de deixar um amigo na mão. - Digo sustentando o meu olhar no dele.

— Estão vamos logo, antes que um enxame de mulheres enfurecidas resolvam me bater. 

     Só então parece que ele percebe os olhares curiosos em nossa direção. Como esse homem pode não se da conta do alvoroço que causa a sua volta?

     Vamos em direção ao carro e ao entrar pergunto.

— E então, você já conseguiu se lembra de algo por esses dias?

— Sim, me lembrei da terceira vez que lhe vi, o dia do incidente no escritório do meu pai.

— Terceira? -Pergunto indignada, ele está me confundindo com alguém só pode.

— Scott essa foi a primeira e única vez que nos vimos pessoalmente no passado. -Completo

— Não sei os detalhes, mas, nas minhas lembranças, ouço perfeitamente o antigo Scott dizer, melhor, pensar que era a terceira vez que lhe via. -Diz ele, bem certo de sua afirmação.

     Tento puxar em minha mente as outras duas vezes e nada, como eu poderia esquecer um homem como ele, tem algo de errado aí.

— Será que suas memórias não estão embaralhadas? 

— Não, pois a IA armazena todas as informações e lembranças, com direito a Backup e reprise pelo que vejo no monitor ocular. -Fala ele bem distraidamente.

     Sei um pouco sobre as modificações feitas no seu corpo, pois, foi assistente de Rogério e enter-mediaria do senhor Reboot durante o processo de criação de seu sistema robótico.  Mas ouvi-lo me falar pessoalmente sobre isso me dá uma alegria imensa, é sinal que ele confia em mim.

— Bom saber, pois para me precaver, também preciso registra todas as nossas interações. Com esse seu poder de argumentação e com acessos a provas tão contundentes vou sempre perder todas as causas. -Falo me dando por vencida, pois não sei quando foi às duas outras vezes que nos vimos.

     Ele me conta toda a lembrança, e mesmo assim, não consigo me recordar das duas vezes anteriores, mas percebo que uma delas foi enquanto estava no último ano do ensino médio, pois Keila era o nome da biscate da nossa escola, aquela ali era a filha que minha mãe queria ter e eu não pude dar.

     Paramos na frente do portão da minha casa, estava tão envolta na conversa com ele que fiquei triste por termos chegado tão rápido aqui, Scott sai do carro é abre a porta para mim, me levando até meu portão, ficamos ali nos olhando, um sem querer deixar o outro ir.

      Como eu queria que ele me beijasse agora, depois da minha admissão de mais cedo não posso mais controlar meu desejo por ele. E parece que ele pode ler meus pensamentos, pois ele logo exclama.

— Como eu estou louco para lhe beijar agora, sua boca carnuda me chama e se eu continuar aqui, assim, olhando para você, não poderei mais me segurar, e vou acabar pondo tudo a perder, Helena, pois, como já disse é você quem deve ditar o ritmo e a direção do nosso relacionamento, para manter isso eu preciso ir agora, só assim poderei me segurar.

Roboticamente HumanoWhere stories live. Discover now