•capítulo 11•

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LIZ NARRANDO

Acordo com o despertador tocando às 07:00. Olho pro lado e vejo que Henry não está mais na cama. No mesmo momento começo a lembrar de tudo o que aconteceu ontem.

Tomei meu banho e quando estava indo em direção ao closet me deparo com Henry segurando uma bandeja com uma xícara de chá e alguns cookies.

-Eu trouxe pra você comer. - ele diz com um sorriso fraco mas mesmo assim amigável.

-Obrigada. - peguei a bandeja e coloquei no criado mudo. Peguei a xícara de chá e comecei a beber.

-Tem certeza que quer ir pra escola hoje?

-Tenho, eu vou falar com o diretor sobre isso e pedir pra não ser mais professora dele.

-Se ele vier falar com você, o que você vai fazer?

-Não sei, provavelmente vou ignorar.

-Vai querer ir na polícia?

-Uhum. Vou trocar de roupa. - falei e voltei ao closet.

Coloquei uma calça jeans azul, uma camiseta cinza, um moletom branco da Nike e meu tênis da Adidas. Penteei o cabelo, passei um rímel e um lip tint e desci. Fiquei esperando o Henry terminar de se arrumar e quando ele desce no fomos pro carro. Ficamos o caminho inteiro sem falar nada até que eu sinto ele segurar minha mão, olhei pra ele e o mesmo sorriu. Sorri de volta e não sei porque mais aquilo me trouxe confiança, eu me senti segura ao lado dele. Chegando na escola passamos pelos corredores e todos me olhavam torto, será que é meu cabelo? Minha roupa? Foda-se se for isso também, mas alguns riam da minha cara outros me reprimiam com o olhar. E quando chegamos no meu armário, a Cecília veio aflita em minha direção.

-Amiga, eu não acredito! - ela pergunta cruzando os braços.

-Não acredita no que?

-Como assim você transou com o Bruno?

Não. Não pode ser.

-Pera aí o que? - o Henry chega atrás de mim perguntando - Eu vou matar esse desgraçado.

-Eu não acredito que ele fez isso...

-Como assim amiga? - a Cecília pergunta confusa.

-Eu não transei com ele. Ele tentou me estuprar ontem, aí o Henry chegou e deu uma surra nele.

-Onde esse desgraçado tá? - o Henry perguntou já serrando os punhos pra bater nele.

-Ele tá na quadra jogando com uns amigos. - a Cecília falou e Henry foi correndo em direção à quadra.

Fudeu. Fudeu de vez.

|HENRY NARRANDO|

Fui correndo em direção a quadra e só conseguia ouvir a Liz gritando meu nome atras de mim, mas não dei bola e continuei. Cheguei e ele estava rindo com alguns amigos.

-Ei! Por que não vem mexer com alguém do seu tamanho ao invés de ficar contando mentirinhas infantis por aí? - gritei e ele logo veio em minha direção com seus amigos atrás.

-Olha só se não é o namorado da garotinha. Sabia que eu to louco pra te encher de porrada?

-Henry! - a Liz chega e para na minha frente e fica me olhando - Henry, olha pra mim! OLHA PRA MIM! - olho pra ela - Se acalma okay? Vem vamos embora.

-Vai desistir? Marica! - o Bruno falou.

-Você vai se arrepender! - falei e logo pulei em cima dele. Comecei a socar seu rosto com toda a minha raiva, parei quando percebi que a Liz estava chorando tentando me puxar.

-Henry Montessori, Bruno Swen e Liz Muller, na minha sala agora! - diz o diretor separando a briga.

Fomos pra sala do diretor e a Liz continuava chorando do outro lado do sofá.

-Liz... Me desculpa. - falei pegando em sua mão, a mesma soltou e virou pro outro lado - Liz?

-Por que fez isso?

-Eu tentei te proteger e...

-Tentou me proteger? E aí acabou esquecendo de si mesmo? Henry, você pode ser expulso e a culpa vai ser minha.

-Então, você não tá brava por eu ter batido nele?

-De certa forma, não. Henry, você não pode mais ficar se arriscando por mim. Você já foi expulso uma vez lembra? Você tentou me proteger de um menino que me batia. Assédio, por pior que seja, sempre vai acontecer comigo e com qualquer outra mulher. Sempre vai ter algum macho escroto e eu não posso deixar você se arriscar. Eu tenho que começar a me virar sozinha, entende? Infelizmente vão ter vários outros, essa é a realidade em que vivemos. Nem todos são como você. - ela diz chorando mais e fazendo algumas lágrimas caírem no meu rosto também.

-Me desculpa. - falei e nos abraçamos forte.

-Eu te desculpo, te amo tá?

-Também te amo, princesa.

-Henry Montessori, pode entrar por favor. - o diretor diz e eu vou em direção à porta. Ele me da espaço e para entrar e assim sigo - Sente-se por favor.

-Obrigado. - falo me sentando.

-Então, pode me explicar o que aconteceu?

-Bom como o senhor sabe, a Liz estava ajudando o Bruno a estudar, e acabou que ontem ele chamou ela pra sair e eles foram a uma hamburgueria nova. Eu estava em casa quando recebi uma ligação da Liz mais ou menos ás dez e meia da noite, por aí. Ela estava chorando muito e só me pediu pra ir buscar ela na casa dele. Eu fui e quando cheguei lá, vi ele puxando ela pra dentro da casa dele e ela tentando se soltar. A única coisa que ela me disse foi que ele tentou estupra-la. Por sorte, a Liz conseguiu se defender. Tenho certeza que ele não falou nada sobre isso.

-Tem certeza que isso tudo é verdade?

-Tenho, absoluta.

-De qualquer forma, eu terei que puni-lo. Você levará duas semanas de detenção começando amanhã, e preciso que seus pais venham aqui.

-Tudo bem, posso ir?

-Pode, obrigado.

Saí e fiquei esperando a Liz sentado no sofá. Ela saiu e ficou me olhando por um tempo, depois veio rápido em minha direção e me abraçou ainda chorando.

-Como foi? - perguntei alisando seus cabelos.

-Estranho, mas ele disse que vai falar com a polícia.

-Que bom. Quer ir embora?

-Uhum. Mas pode ficar.

-Eu vou com você, quer ir pra sua casa?

-Sim, minha mãe tá lá. Aproveito e falo com ela.

-Okay.

Fomos pra casa da Liz e quando ela chegou explicou tudo pra mãe que ficou chocada e abalada. A Márcia disse que meus pais vão entender perfeitamente o por que de eu ter feito aquilo. Eu e a Liz ficamos vendo filme e depois ela subiu e se trancou no quarto.

Amizade ColoridaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora