Uma Carta De Overhaul

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- Quais as novidades?- Indagou mexendo seu chá com uma colher pequena e expecífica para esta função.

- Você só bebe chá?

- E você tem passado a sua vida após a morte perambulando por aí e depois contando tudo para um velho maluco. Mesmo assim, você não me vê te julgando.- Disse em tom sarcástico enquanto se acomodava na mesma poltrona de sempre. 

- Perguntar não ofende.

- Certo... Então, quais as novidades?- Indagou bebendo um gole da bebida quente.

- Shouto fugiu. Ele saiu em viagem com um camponês e deixou Endeavor furioso.

- Fugiu para as montanhas?- Riu- Para onde ele vai?

- Acho bom fazer uma faxina.

- Faxina? Por quê?- Indagou confuso.

- Ele está vindo par cá.

- O quê?!- Esbravejou desequilibrando a xícara, derrubando-a juntamente com o seu conteúdo.

- Não seja dramático. 

- A última coisa que eu quero é ter um Endeavor furioso com seus guardas bocós invadindo minha casa atrás do filho maluco dele!- Exclamou preocupado.

- Endeavor não virá. Ele sabe onde seu filho vai, mas optou por não segui-lo.

- Que garantia nós temos? Ele prometeu governar justamente quando você estava para morrer e hoje o reino vive na miséria- Esbravejou irritado.

- Eu sei disso, Gran Torino. Por incrível que pareça, eu compareci ao meu leito de morte, quando eu coroei o meu melhor amigo e braço direito e confiei nele para governar o meu reino.

- Por isso você deveria saber que ele não é confiável!- Rebateu- Ouça, Toshinori. Você foi meu discípulo, meu rei e, acima de tudo, meu amigo. Mas por mais nobres que sejam suas ações, mesmo depois de morto, ambos sabemos que não se pode confiar naquele homem.

- Não peço para que confie em Endeavor. Peço para que confie no seu filho.

(...)

- A resposta de Overhaul chegou.- Sinalizou Hawks, se escorando na porta da biblioteca e olhando para seu interior.

- Dê ao mensageiro duas moedas de ouro pela velocidade em me trazer a carta.- Disse seco, pegando o papel das mãos do mais novo de maneira ríspida. 

- De onde veio essa bondade toda?- Indagou incrédulo. Enji nunca recompensou seus funcionários. Muito menos com duas moedas de ouro. Aquilo era muito dinheiro, considerando que eles recebiam com moedas de prata ou de bronze.

- Faça antes que eu me arrependa.- Ordenou rígido enquanto abria o envelope.

- Como quiser.- Respondeu deixando o outro sozinho para ir executar o que lhe havia sido ordenado. Tirou dos bolsos duas moedas de ouro e caminhou até a sala do trono com elas em mãos para recompensar o pobre mensageiro que ali estava.

"Caro Endeavor,

Eu particularmente não compreendo vossa ira. Como você bem sabe, a guerra é como um jogo de xadrez, onde, para vencer é necessário estar sempre uma jogada a frente de seu adversário. Tudo que eu fiz foi oferecer o dobro do valor que seu peão recebia em moedas de ouro em troca de algumas informações. Nada de comprometedor, no entanto. Ele  chegou a receber o dinheiro, mas infelizmente ele teve o azar de ser decapitado antes de ter a oportunidade de gasta-lo. Uma lástima. Bem, quanto sua decisão de convocar uma reunião, saiba que estou a caminho. Pretendo chegar antes que a neve caia em seu reino. Creio que não haja nenhum problema quanto a isso. Peço que por gentileza me aguarde com um banquete. A esta altura já devo estar com  saudade dos jantares feitos por minhas cozinheiras, já que já parti em viagem. Espero que suas cozinheiras sejam tão boas quanto as minhas.

Atenciosamente, Overhaul."

- Folgado.- Balbuciou dobrando o papel novamente. 

Endeavor estava muito pensativo esses dias. Com a viagem de seu filho e a traição de um de seus guardas pessoais ele estava uma pilha de nervos. Precisaria testar a lealdade de todos os seus homens para saber se haviam mais delatores. Pediria mais tarde para que Hawks avisasse o que aconteceu com o outro guarda para que ele sirva de exemplo para aqueles que desejarem o trair. Mas não só isso o incomodava, como também o dinheiro que estava sendo perdido. Muitos cidadãos estavam deixando de pagar os impostos por falta de dinheiro, e por conta disso, acabavam perdendo suas casas e seus empregos, e então morriam de fome nas ruas.

Isso estava começando a gerar problemas para ele. Por anos o povo se manteve quieto, aceitando os maus-tratos e a pobreza. Mas o que aconteceria se eles se rebelassem? Se eles decidissem parar de produzir e de pagar impostos? Uma rebelião só causaria problemas e mais dor de cabeça. Enji ficaria sem dinheiro, comida e funcionários. O Norte iria a falência. As pessoas iriam morar em outros reinos e no fim o lugar seria apenas ruínas do que um dia já foi um reino cheio de riquezas e honra. 

De fato, isso representava um problema muito grande para Endeavor. Os Senhores Feudais estavam gerando pouco retorno, as mortes estavam aumentando e o Conselho estava furioso. Estavam querendo convocar uma reunião com Endeavor e os Senhores Feudais, mas por hora ele estava apenas adiando o inevitável enquanto pensava em como enfrentaria uma crise a essa altura. Uma guerra estava por vir. Enji se lembrou de All Might. Ele passou por uma única crise no início de seu reinado, e ela durou apenas nove meses. Mas aquela época era diferente. Enji não aprendeu nada com seus antecessor e agora pagava o preço. 

(...)

A garotinha corria depressa pelos corredores iluminados pela lua. O Castelo estava em paz desde a partida de Overhaul. Ela correu fazendo silêncio. Não podia ser pega fora do quarto. Ela ficava trancada nas masmorras, mas após contrair uma doença, todos concordaram que seria melhor transferi-la para um quarto. Eri corria com todas as suas forças. Ela comia pouco, por tanto, seu peso era mínimo. Mesmo assim, ela se esforçava ao máximo. Ao chegar nas escadas, ela as subiu com dificuldade. Adorava o formato em caracol que elas tinham. Aquilo tornava a subida mais divertida. 

Ela chegou até outro corredor. Vozes foram ouvidas se aproximando dela pelo corredor lateral que se encontrava com as escadas. Eram guardas. Eri desceu alguns degraus para se esconder na curva da escacada.

- Eu não acredito que aqueles Nordestinos de merda ganharam de novo!- Exclamou um dos guardas.

- Só pode ser trapassa! Eu estava no banheiro quando soube. Quase caí dentro da fossa* junto com toda a merda!- Comentou o outro guarda. 

Eri não pode evitar de soltar uma risada abafada com o comentário. Imaginou um guarda todo sério caindo dentro da fossa e acabando todo sujo e fedorento. Sua diversão acabou quando ouviu os guardas descendo as escadas. Ela correu o mais rápido que pôde, pulando sobre alguns degraus para descer mais rápido. 

- Volte aqui, praguinha!- Exclamou um dos guardas, agarrando-a pelo braço com tanta força que deixaria um roxo na sua pele alva.

- Me solta! Por favor!- Suplicou se rebatendo nos braços do mais velho enquanto ele a arrastava pelo corredor de volta ao seu quarto com brutalidade- Está doendo! Pare! Por favor!


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