Andando no meio fio da avenida principal, o garoto com os pés descalços no asfalto e sangue seco no canto dos lábios o olhou como um animal ferido e raivoso.

Os olhos negros de corça eram a coisa mais selvagem que Taehyung já havia visto, um ódio tangente que o fez questionar qual tipo de perigo pessoas como Jeongguk poderiam oferecer.

E ele o seguiu, percorrendo o mesmo caminho que Jeongguk normalmente fazia para sua casa, mas nesse dia em particular, levando o dobro do tempo por estar mancando.

Taehyung o espreitou como um predador curioso que observa quanto tempo leva até sua presa estar abatida, mas a reação feroz de Jeongguk teve lhe fez perceber que quem seria abatido ali seria ele mesmo; por detrás da franja negra e pegajosa, o garoto questionou porque o "babaca" estava o seguindo e Taehyung sorriu com a petulância, fascinado pela beleza rústica e suja dele.

Ele não estava acostumado a fazer "amigos", na realidade, Taehyung tinha impulsos ideológicos misantrópicos e uma filosofia niilista, mas o garoto machucado era tão enigmático, aparentemente tão fraco e mesmo assim tão intimidador, aquilo despertou uma enorme curiosidade.

Depois da apresentação rude, em que Jeongguk ameaçou pegar uma pedra para arremessar no crânio de Taehyung, eles disseram seus nomes e um silêncio desconfortável se instalou, sendo quebrado pelo ronco alto do estômago de Jeongguk.

Então, com seu desajeito social, Taehyung propôs ao desconhecido que fossem comer.

Ele se sentia patético.

24 anos de vida e não sabia ao menos como iniciar uma conversa normal por ser tão antisocial, e até Jeongguk aparecer estava tudo bem quanto à isso, mas agora Taehyung o odiou um pouco por fazê-lo se sentir tão deslocado ao tentar fazer amizade, talvez, pela primeira vez na vida.

Com o olhar surpreso e um sorriso zombeteiro, o garoto faminto aceitou o convite, impondo que Taehyung pagasse a refeição.

Partiram caminhando em silêncio até o Dinner na próxima quadra.

- Você come e cheira como um animal. - Taehyung odiou aquele fedor, só não mais que o modo desleixado que Jeon deixava o ketchup respingar pela mesa.

- O babaca do meu irmão me jogou numa poça de lama ... e seus amigos, mais babacas que ele, mijaram em mim.

- Por que mijaram em você?

- Chuta ... - O moreno chupou os dedos sujos de condimentos, fazendo língua estalar alto enquanto observava Taehyung.

- Por ficarem com nojo de ver você comer?

- Não ... - ele riu baixo, deixando o hambúrguer pela metade sobre o prato - Mas tem a ver com nojo ... Eu sou gay e isso aparentemente já é motivo suficiente para eu levar uma surra de 3 imbecis.

Taehyung enrijeu o corpo, trincando o maxilar enquanto caçava uma fuga coerente em sua mente.

Ele próprio já havia se divertido perseguindo homossexuais. Os Corvos em geral eram um bando de babaca hipocritas e falsos moralistas, Taehyung sabia da sujeira por baixo do tapete, mas ele próprio era o grande culpado disso.

No entanto, aqui estava ele. Pagando o almoço para um gay e ficando estranhamente fascinado pelo garoto.

- Você também me bateria, não é? - Jeongguk concluiu o óbvio, sorrindo sem humor ao recostar na cadeira.

- Não! Digo ... Eu já fiz isso com caras do seu tipo ... mas não vou te bater por isso.

- Por que não? Eu ouvi falar sobre você e seus amigos ... Vocês atearam fogo nas igrejas daqui, não foi? Criticam a igreja, mas são tão podres quanto ela quando se trata de pessoas como eu.

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