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Depois da apresentação as aulas oficialmente terminaram e o último evento do calendário escolar era a festa/baile If I Was Famous.

Eu recebi muitos elogios por minha "ótima atuação" como Capitu. Foi realmente algo surpreendente pra mim, mas que me deixou orgulhosa.

Depois desse dia eu não tive notícias de Henrique. Nem ligação... Parece que dessa vez era o fim.

"Fui convidada pro Baile!" Ayla apareceu no meu quarto do nada me tirando dos meus pensamentos e me fazendo levantar da cama que eu estava deitada. Ela estava muito animada.

"Primeiramente, não é baile é festa normal. Segundamente, QUÊ?! A gente não ia de trio? Falsa." Falei zoando.

"Ai, amiga. Mas o Caio, aquele menino alto, bonitão da sua turma de literatura, com voz de veludo, me chamou pra ir com ele!" Caio era o que tinha cantado sobre Carlos Drumond.
"E eu disse que SIM! Aleluia sorte pra mim. Esse ano os boys só queriam saber de você." Ela falou e depois calou.
"Ai, Trid, perdão..." me joguei na cama.

"E olha como acabou bem, ein?!" Olhei pra ela e ri.
"Que perdão o que, doida?! Você merece. Agora me conta isso direito..."

"Então, foi assim..." ela deitou do meu lado pronta pra me contar todos os detalhes.

Aylinha passou o dia inteiro lá em casa me contando histórias e me fazendo rir. A gente teve um dia tão bom. Era bom ter alguém assim sempre ao nosso lado.

"Parece que somos só você e eu agora." Renan constatava através do FaceTime.

"Abandonados. Éramos um trisal tão bom." Disse rindo.

"Exatamente. Ayla partiu meu coração." Ele disse rindo.

"Ninguém te chamou pra ir?" Perguntei curiosa. Renan era absolutamente o cara mais gato da escola. Não colava essa comigo.

"Na verdade, sim. Duas meninas e um menino." Ele riu.

"Nossa vocês populares são um saco." Fingi vomitar.

"Cala a boca. Eu recusei porque queria ir com vocês." Ele parecia sincero.

"Não queria te prender, Renan. Desculpa." Falei um pouco triste. Estava me sentindo um lixo esses últimos dias.

"Que prender o que, garota?! A gente vai ser o casal mais gostoso daquela escola. Todos vão chorar."

"Queria sua auto estima." Falei rindo do comentário dele.

"Eu te transfiro um pouco. Recebe aí." Ele disse fechando o olho e eu comecei a rir.
"Mas e o vestido? Já pegou?"

"Já. É demais." Falei.

"Imagino!" Ele respondeu animado.

"Demais pra MIM. O que a Ayla tava pensando?"

"Nossa, cala a boca mesmo. Hoje só tá falando bosta." Eu gostava da minha dinâmica com Renan. Ele era bem sincero e eu gosto de pessoas sinceras.

"Então você me pega que horas?"

Ficamos combinando as coisas da festa e por fim desliguei.

Deitei na minha cama e, inevitavelmente, comecei a pensar em Henrique.
Vez ou outra minha mente me levava de volta pra nossa última conversa no vestiário.
Os gritos, desabafos, choro, dor.
Eu sabia que Henrique tinha razão. Eu não sabia o que eu queria. Eu quis que ele tivesse certeza porque eu mesma não tinha. Não por não querer estar com ele, mas por medo de estar.

Não conseguia parar de pensar em Lavínia. Na relação deles. Se ela realmente o deixaria em paz ou eu teria que constantemente viver em uma competição que me deixaria exausta. Tinha medo disso também.

Mas... minha mente me levava também pro nosso último beijo. No palco, na frente de todos. E também pro nosso primeiro beijo, naquela festa, ainda meio sem jeito... e nos dias que parecia que éramos só nós dois. E eu ficava tão feliz.

O medo me impediu de tomar esse passo.

Meus últimos relacionamentos... sim... términos foram amigáveis. Eu falo com eles ainda, mas... todo o relacionamento era uma luta. Eu precisava ficar o tempo todo no pé pra ter atenção. Eu era constantemente ignorada e me contentava com o mínimo... fora a vez que fui traída.

E quando Henri veio... daquele jeito... carinhoso, de quem se importa... eu gelei. Eu realmente usei todas as desculpas do mundo pra não assumir nada sério, com medo de tudo se repetir, mas cada vez que eu pensava, mais certa eu ficava de que Henrique era Henrique. Ele era único.

Hoje, mais que nunca, eu sabia bem o que eu queria.
E o que eu queria estava acima do medo simplesmente pelo fato de ser Henrique. Se fosse qualquer outro eu já teria esquecido... deixado pra lá... mas... era ele. Acima de medo e dúvidas.

Chorei em cima da minha cama quando entendi tudo isso, sabendo que agora já era muito tarde.

Mexeu ComigoOnde histórias criam vida. Descubra agora