8

143 17 2
                                    

"Podemos conversar?" Foi a mensagem que recebi no celular, no dia seguinte do meu ultimato ridículo do Henrique. Achei que ele nunca mais falaria comigo.

Recebi essa mensagem enquanto varria a área de convivência da pousada e fiquei olhando pro celular. Eu queria conversar?

"Oi. Olha pra trás." Foi a mensagem seguinte e assim que virei vi um Henrique parado com um celular ridículo de flip na mão, acenando com um sorriso tímido no rosto. Meu coração parece que parou ao vê-lo ali.

Mantive a pose e o chamei com a mão. Ele chegou perto. Eu encostei a vassoura numa parede e nos sentamos num sofá que tinha por lá.

"Desculpa vir sem avisar... mas eu tava ansioso." Ele foi falando. "Mal consegui dormir." Eu ri. Eu dormi feito um anjo.

"Trid... eu... desculpa pela minha reação ontem. Eu não tava esperando aquilo e você me pegou de surpresa." Ele riu. "Eu nunca conversei com uma menina tão segura de si." Eu ri porque por dentro sabia que não era verdade, mas deixei ele continuar.

"E sendo bem sincero você tava certa. Eu queria sim te beijar. E isso me assustou. Porque eu nunca mais tinha tido essa vontade com mais ninguém." Ele riu sem graça. "Enfim..." Ele respirou. Acho que era minha vez de falar.

"Henrique... me desculpa também. Eu... fui meio sem noção né." Eu ri. "Não queria te colocar nessa posição desconfortável. E eu entendo totalmente se você não quiser. Você é apaixonado pela Lavínia e vocês namoram desde crianças. Eu entendo se você quiser continuar sendo só meu amigo." Eu ri. "Ou nem isso..."

"Trid, não é isso." Ele coçou a garganta. "Você tava certa em tudo. Eu quis beijar você na festa, eu quis beijar você na praia e... eu até quero beijar você agora." Eu olhei pra ele e ele ficou sério. "Mas não sei como isso daria certo. Eu não sei mais fazer essas coisas."

"Mas não precisa saber." Eu disse. "A gente vai descobrindo." Me sentei mais perto dele. "Eu gostei que você me beijou na festa, eu gostei que você quis me beijar na praia e..." não terminei. Beijei Henrique ali mesmo. O que tinha dado em mim?
De início ele resistiu, mas depois ele colocou a mão no meu pescoço e me aproximou dele. Eu arrepiei toda. Eu senti falta disso desde aquele dia da festa. E aquele beijo só intensificou isso, mas dessa vez, eu me senti em casa. E acho que Henrique sentiu a mesma coisa porque começamos a sorrir entre o beijo.

"Então..." ele coçou a garganta. "Como isso vai funcionar?" Eu ri de Henrique e sua preocupação. Ele era... meio desesperado. Era engraçado.

"Vamos vendo no que vai dar...?" Sugeri, mas só porque sabia que deixaria ele ainda mais ansioso e pela cara que ele fez, eu acertei. Não contive o riso.

"Não ri, Trid. Eu não sou do estilo de "vamos ver"! Eu sou ansioso demais!" Ele falou rindo de si mesmo. "Preciso de delimitações e saber onde estamos, se não vou ficar pisando em ovos..." Ele foi muito sincero.

"Tudo bemmm." Eu disse. "Entao, esse é um lance de férias. Teremos bastante tempo pra nos vermos."

"Ótimo." Ele sorriu. Percebi que estávamos de mãos dadas e ele percebeu que eu olhei.

"Tudo bem pra você isso?" Ele perguntou. Eu pensei.
"Mãos dadas, abraços, ligações, romantismo." Ele concluiu.
"Você sabe como eu sou." Ele riu.

"Tá. Vamos tentar isso aí." Eu ri. Nunca tinha me relacionado com alguém que era romântico como Henrique. Seria uma experiência nova e eu estava ali pra aproveitar o pacote completo.
Quer dizer, quase completo.

"E vamos manter esse lance só nos beijos, ok?!" Disse.

"Ok. Mas... porque?" Percebi que ele perguntou mais por curiosidade que por interesse na coisa em si.

"Não sei. Mas acho melhor termos esse limite, né?!" Eu olhei pra ele.

"Acho que sim." Ele sorriu.

"Então, tá: saidinhas, demonstrações de afeto: ok. Sexo: não." Ele disse rindo e eu ri assentindo.

"E quando as aulas começarem..." Disse e ele concordou com a cabeça.

"Foi o que combinamos, né?!" Ele sorriu fraco.

"Foi." Sorri de volta. "E como vamos chamar isso?"

"Romance de verão." Ele disse e eu ri.

"Muito brega." Eu ria muito e ele sorria pra mim.

Ele puxou meu rosto pra si e deu um leve beijo nos meus lábios o que me fez corar por algum motivo. Ele riu disso.

"Acostume-se." Ele disse perto da minha boca e me puxou pra mais perto me beijando intensamente.

Ok. Eu acho que posso me acostumar com isso.

"Temos um trato então." Ele disse entre os beijos e eu concordei.

****

Mexeu ComigoOnde histórias criam vida. Descubra agora