Capítulo 20

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A coletiva de imprensa tomou boa parte da tarde deles e quando terminou já estava na hora de seguirem para o aeroporto da cidade e embarcarem no jatinho que os levaria para o aeroporto onde pegariam o avião de volta para Las Vegas. César levou os peritos, acompanhado por Layla que insistiu em ir junto até o local do embarque.

— Mais uma vez, muito obrigada pela colaboração de vocês — disse César.

— Novamente, nós é que agradecemos — admitiu Grissom.

Todos trocaram cumprimentos de despedida.

— Ah, Greg — Layla se aproximou do perito e sentiu seu coração acelerar. — Lembra a banda de rock que a gente estava ouvindo no dia da análise — ela tirou dois CDs da bolsa. — Eu ia te enviar pelo correio, mas achei mais fácil te entregar.

— Uau, obrigado! — ele abriu um sorriso sincero.

— Por nada... — agora além do coração acelerado, suas bochechas ardiam.

— Bem, acho que chegou a hora de vocês partirem — César indicou o jatinho com a porta aberta pronto para receber os passageiros e decolar.

Eles se despediram mais uma vez — você eu espero ver em breve. — Grissom apontou para Layla antes de entrar no avião.

A perita acenou enquanto sorria. Ela e César permaneceram na pista até o avião levantar voo.

— O que ele quis dizer com isso? — perguntou César.

— Eu te explico no caminho.

— Você quer carona até em casa?

— Não César, eu vou pegar meu carro no estacionamento do prédio da polícia. Ainda tem um lugar onde eu quero ir.

*
O sol já estava baixo no horizonte quando Layla estacionou o carro em uma rua tranquila e arborizada. Após trancá-lo ela andou um quarteirão e chegou ao cemitério municipal onde o corpo de Luiz estava sendo velado.

Ela não quis se aproximar da família, escolheu um banco de cimento em um ponto alto de onde podia ver tudo de longe. A sala onde estava sendo o velório estava tão cheia que muitas pessoas tiveram que ficar do lado de fora.

Enquanto olhava tudo, algumas imagens surgiam na mente da perita como um filme. Eram de Edward e Maurício.

— Gostou da bala?

O menino acenou com a cabeça em afirmativa.

Feche os olhos, conte até 100 e depois você procura sua bola... Se achar...

— Ganho o resto das balas?

— Muito mais que isso, algo maravilhoso, que seus pais jamais dariam a você.

— Perfeito! — Maurício sorriu.

Com a bola no chão, ao lado de seus pés, Edward tira a navalha do bolso.

— Só uma pergunta... Porque mesmo você ganhou essa bola?

— Porque sou o novo capitão do time de futebol.

— E porque você conquistou essa posição?

Maurício sorri novamente. A lâmina da navalha brilha com o reflexo dos últimos raios de sol.

— Porque o idiota do antigo capitão quebrou a perna e eu convenci a me colorarem no lugar dele ao invés de adiarem o jogo!

Edward balança cabeça satisfeito.

De repente as pessoas começaram a sair da sala e minutos mais tarde, o caixão com o corpo de Luiz era arrastado sobre um carrinho entre os túmulos do cemitério.

Os últimos a sair foram uma mulher, visivelmente abalada, amparada por outra, e ao lado delas um garoto de aparentemente 12 anos sendo empurrado em sua cadeira de rodas por um homem que tentava conter as lágrimas que insistiam em cair. Layla se aproximou deles.

— Meus sentimentos — o homem parou e olhou para ela enquanto o menino na cadeira continuava com um olhar vago distante. — Meu nome é Layla e eu trabalho com a polícia...

— Você não quer conversar agora, não é? — perguntou o homem.

— Prometo que serei breve. Vocês são da família?

— Eu sou o pai do Luiz, ele é o irmão — o homem tocou suavemente o ombro do garoto. — Elas são mãe e tia dele. — Terminou ele apontando para as duas mulheres que estavam um pouco mais adiante.

— Não haverá necessidade de depoimento. Nós já prendemos o homem que fez isso com o seu filho.

— Muito obrigado — o homem tentou sorrir, mas falhou.

— Não precisa agradecer. É o nosso trabalho — Layla tocou brevemente o braço do homem.

— É de certa forma uma notícia reconfortante depois de tanta coisa que aconteceu em nossa família nos últimos meses — o homem discretamente indicou o filho com os olhos. — É permanente.

— Acidente?

— Atropelamento na porta da escola...

— Pai, eu quero a mamãe — o menino que até o momento permanecera em silêncio se pronunciou.

— Com licença — pediu o pai empurrando a cadeira.

— Fique à vontade — Layla acenou em afirmativa com a cabeça.

A perita ficou vendo a família se afastar enquanto mais imagens inundavam seus pensamentos.

Luiz andava de patinete pelo parque do museu quando de repente caiu. Edward, que já o estava seguindo há algum tempo, aparece para ajudar.

— Machucou garoto?

— Não. Estou bem!

— Venha comigo. Eu ajudo a cuidar disso.

— Eu não posso conversar com estranhos.

— Você não se lembra de mim? Da loja de brinquedos. Você estava feliz ganhar um presente depois de muito tempo.

— Ah, claro. Lembro de você . É verdade. Depois do acidente com o meu irmão, parece que só existe ele naquela casa.

Layla começou a andar em direção a saída do cemitério.

— Você quer ganhar uma coisa realmente legal?

— Como o que?

— Ah, não posso falar, mas eu trabalho numa loja de brinquedos não é? Confia em mim?

— Tá! Tudo bem! Queria ver a cara do encadeirado do meu irmão. Ele vive me atrapalhando a fazer as coisas que eu gosto. Agora chegou minha vez de acabar com isso.

— Você tem toda razão Luiz. Agora feche os olhos e me dê a sua mão.

Quando chegou ao seu carro, a perita pegou o celular e mandou uma mensagem para Grissom.

— Layla descobriu de onde veio a motivação de Edward para matar Luiz. Ele reclamava da atenção direcionada apenas para o irmão recém-acidentado sem conseguir lidar com a questão — explicou Grissom sentado na poltrona entre Sara e Greg.

— Praticamente a mesma coisa que aconteceu com ele e o irmão — comentou Sara. — Acho que isso explica o fato dele ter cometido o crime, mesmo com a polícia tão perto.

— Ele não conseguiu resistir. Provavelmente personificou seu próprio irmão na pele desse garoto — ponderou Greg.

— Imagino que sim — concordou Grissom. — E tem mais, — ele continuou — em breve teremos mais uma integrante na equipe.

***
Bom, assim chega ao fim essa primeira aventura com os peritos de Las Vegas. Espero que vocês tenham gostado da história! Aguardo os comentários! Desde já deixo meu muito obrigada à todas e todos que leram!

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