Capítulo 3

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As crianças foram divididas em grupos. Renato e Samara iriam conversar com duas crianças e Layla apenas uma. Ela então entrou na sala de interrogatório número 02, onde já havia uma criança com sua mãe. A agente mostrou uma foto do menino que tinha conseguido no site da escola onde ele estudava.

— Oi. Meu nome é Layla, e eu gostaria que você me dissesse... — ela olhou o nome do garoto em um papel sobre a mesa — Bruno, você conhece esse menino?

— O Maurício. Conheço. Ele é meu amigo.

— E ontem você e outros meninos foram brincar juntos?

— Fomos. O Maurício ganhou uma bola nova e a gente foi estrear. A gente chegou no campo lá perto de casa um pouco depois do almoço e ficamos lá até quase cinco horas.

— Ele foi embora com vocês?

— Não. Já tava ficando escuro, e a gente já tava indo embora quando apareceu um homem que falava engraçado querendo brincar.

— Brincar com vocês? De que?

— Ele disse que tinha um saco de balas para gente. Mas que só ia dar pra quem aceitasse um desafio, só que ele queria desafiar um por um e chamou o Maurício primeiro. Como ele demorou pra voltar achamos que ele tinha ficado com as balas só pra ele e fomos pra casa.

Em outra sala, Samara conversava com mais uma criança. Um menino da mesma idade de Maurício.

— E seu coleguinha foi embora com você?

— Não moça. Apareceu um homem alto que falava enrolado oferecendo bala pra gente. Como eu não falo com estranhos, fui embora.

— Esse moço falava português?

— Era português, mas parecia que ele não sabia falar direito.

Na terceira sala, Renato conversava com outro menino.

— E como era esse estranho? — perguntou ele ao garoto.

— Ele era grande e tinha o cabelo loiro enrolado.

— Você conseguiria reconhecer o moço se vir ele de novo?

— Acho que sim.

— Se a gente pedir isso você faz?

— Não! — interrompeu a mãe do garoto que o acompanhava.

— Mas senhora, vocês vão contar com toda proteção que polícia pode oferecer.

— Sei, eu acredito — disse a mulher em tom de deboche. — Se vocês não puderem obrigar, ele não vai identificar ninguém. Senão daqui a alguns dias vou ser eu a mãe que perdeu o filho para o maníaco.

— Bom, senhora, quando acharmos o homem se você permitir que seu filho o reconheça vai encurtar o caminho dele até a prisão.

— Me liguem quando encontrá-lo... Se encontrarem — a mulher se levantou da cadeira. — Vamos filho — a mulher retirou um cartão da bolsa e entregou a Renato. — Se precisar falar com meu filho de novo, ligue para o meu advogado — dizendo isso virou de costas e saiu arrastando o filho pelo braço.

Em uma hora, os três já haviam terminado com as perguntas para as crianças e as respostas não variaram muito. Algumas ainda falavam do jeito esquisito do homem falar enquanto mais duas disseram ser capazes de reconhecê-lo e deram mais algumas características do suspeito.

Diferentemente da mãe do primeiro menino que confessou ser capaz de reconhecer o homem, as mães destes dois garotos só se mostraram apreensivas quanto à possibilidade de seus filhos terem que fazer o reconhecimento, mas concordaram em deixá-los fazer.

Esconde - EscondeWhere stories live. Discover now