Capítulo 19

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Layla sorriu para Greg e Mirian ao encontrá-los no corredor assim que saiu da sala de interrogatório.

— Vocês chegaram na hora certa! — comemorou. — Já usamos as evidências que tínhamos. O que vocês conseguiram?

— O sangue recolhido no patinete e na parede do parque combinam com o de Luiz, a segunda vítima. Havia sangue dele também na navalha, além de uma amostra compatível com o DNA do Maurício, a primeira vítima, e mais três amostras. Duas desconhecidas e uma que combinou com o DNA encontrado no forro da peruca que você me trouxe.

— Nossa, eu vi umas nuances na amostra, mas eu nunca iria imaginar que houvesse 4 doadores nela.

— Não tinha como detectar as amostras só olhando. Tivemos que usar alguns reagentes para enxergar. E a amostra de DNA idêntico ao da peruca, estava próximo ao cabo da navalha, era muito pequena.

— E a arma? Conseguiram alguma coisa na mancha misteriosa?

— Saliva de cachorro ressecada — esclareceu Greg. — Provavelmente do cachorro do homem que ele matou.

— Vocês fizeram um ótimo trabalho!

— Obrigado — respondeu Greg em português.

— O resto do grupo está naquela sala — apontou Layla antes de voltar para o interrogatório.

A perita sentou na cadeira entre César e Sara com o envelope contendo os papéis dos resultados impressos.

— Edward, hoje mais cedo, nós vistoriamos o seu carro com a sua permissão, estou certa? — Perguntou a perita.

— Sim — respondeu ele.

— Foi encontrado no seu carro este patinete — César colocou a foto do brinquedo sobre a mesa enquanto Layla falava. — Você reconhece esse brinquedo?

— Tudo isso é por causa desse troço?! Eu não roubei, já disse! Mas fala para o André levar isso de volta pra loja!

— Você reconhece então? — eles preferiram esperar ter a resposta da análise de DNA para confrontá-lo com essa evidência.

— Sim.

— E não estava na caixa lacrada quando você pegou na loja? — perguntou Layla.

— Eu tirei para ver se estava perfeito.

— Então você foi o único a tocar nesse patinete encontrado no seu carro? — continuou a perita.

Edward olhou para o advogado que o instruiu a responder.

— Sim, o único — confirmou.

— Então como as digitais e o sangue do menino encontrado morto hoje de manhã foram parar nele? — sem dar tempo para Edward responder, ela continuou. — E o que essa navalha, com amostra de sangue das duas crianças mortas aqui na cidade, mais dois doadores desconhecidos e a sua estava fazendo escondida dentro dele? — enquanto ela falava, César colocava sobre a mesa as fotos correspondentes às evidencias mencionadas.

— Nós vamos ter que esperar o resultado dos testes dessas amostras desconhecidas voltarem de Las Vegas ou você vai nos contar o que aconteceu? — perguntou Sara.

Edward cochichou no ouvido de seu advogado que logo lhe deu a resposta e se pronunciou — meu cliente quer fazer um acordo.

— Claro — disse César. — Você nos conta o que aconteceu e eu te prometo uma viagem para os Estados Unidos daqui a alguns anos.

Edward cobriu o rosto com as mãos e ficou assim por um tempo, até que socou a mesa com os punhos fechados interrompendo o silêncio com um estrondo.

— Isso é um absurdo! — esbravejou. — Eu não matei criança alguma!

— O que você fez a aqueles meninos então? — questionou Layla.

— Você não pode matar o que já está morto — ele inclinou o corpo sobre a mesa se aproximando da perita. — Quando minha família sofreu o acidente de carro, meu irmão foi o que mais se machucou. Ele nunca mais conseguiu andar, mas eu nunca deixei de acompanhá-lo. Se ele não podia ir a algum lugar, eu não ia, e foi o meu melhor amigo até sua morte.

E continuou:

— Durante esse tempo não passei um dia sem que um dos meus colegas viesse me dizer que eu deveria largar meu irmão de lado e aproveitar a vida. O que seria do meu irmão se eu tivesse concordado? Agora, o que você, — ele apontou o dedo indicador para ela — faz com uma criança que acha bom o colega de time ter se machucado ou reclama da atenção que alguém com mais necessidades recebe?

Layla também se inclinou sobre a mesa — eu ensino o quanto isso é errado. São apenas crianças. Muitas vezes influenciadas por adultos cruéis como você. — Ela se afastou novamente.

— Quantos anos você tinha quando ele morreu? — perguntou Sara.

— Catorze.

— Esses aqui nas fotos são você e seu irmão? — Layla mostrou as imagens encontradas no apartamento de Edward.

— Sim. Nessa é antes do acidente — disse ele apontando para uma. — E essa depois.

— Você está preso pelo assassinato de Maurício Lima e Luiz Antônio Neto. E ficará sob a custódia brasileira durante o seu julgamento e cumprimento da sua pena. Depois será mandado para os Estados Unidos para responder pelos crimes que você cometeu lá — declarou César.

Edward estendeu seus braços em direção ao policial fardado que estava na sala — prendam-me se quiserem, mas eu não me arrependo do que fiz.

— Uma última pergunta — disse Layla levantando a mão direita. — Onde está a bola da primeira criança?

— Minha carteira — pediu Edward já algemado. Seu advogado pegou o objeto no bolso traseiro da sua calça, encontrou dentro dela um papel com o logotipo do correio e entregou para a perita.

— Acho que vocês conseguem receber essa encomenda em Las Vegas — ela passou o papel para Sara depois de ler.

— Se estiver bem para todos, eu dou por encerrado o interrogatório — César olhou para os presentes na sala, como não houve manifestações contrárias a sua decisão ele fez o que queria. — Nos vemos no tribunal Edward. — César fez sinal para que Fernando e o policial que estava de vigia levassem o criminoso para a carceragem e saiu da sala conversando com o advogado.

— Bom, agora acabou — disse Renato saindo da sala na companhia de Samara e encontrando Layla e Sara no corredor. — Pelo menos a nossa parte.

— Sim, o trabalho continua em Las Vegas — anunciou Grissom que vinha com Greg logo atrás deles.

— Grissom, Sanders e Sidle... — disse César se juntando ao grupo. — Obrigado pela ajuda de vocês.

— Nós é que agradecemos. Sem vocês não teríamos prendido esse homem — comentou Grissom trocando um aperto de mão com César.

— Eu fiz umas ligações mais cedo e consegui um avião pra vocês hoje à noite, saindo de São Paulo. Um jatinho fretado vai levar vocês até lá para que possam embarcar.

— Obrigado César — agradeceu Grissom e foi acompanhado por acenos de cabeça dos outros dois peritos.

— Bom, agora temos só uma coisinha. A imprensa pediu uma coletiva para as 15 horas.

— Que ótimo — o sarcasmo de Layla era evidente.

— Não é muito fã de imprensa? — perguntou Greg.

— Acho o trabalho deles fundamental, mas eu prefiro ficar atrás das câmeras — respondeu a perita.

Greg sorriu em resposta.

— Então, acho que merecemos um descanso até a coletiva — sugeriu César. — Vou levar vocês para o hotel, e vocês três podem ir para casa.

Dessa vez ninguém reclamou das instruções e seguiram exatamente o que fora sugerido.

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