76 - ANY

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Coloquei meu sutiã, minha calcinha e estou deitada no peito de Josh nesse exato momento. Nossas respirações estão sincronizadas e eu estou bastante sonolenta.

Minha parte interna dói um pouco, mas é uma dor suportável. Bem diferente da que senti em meu peito ontem.

Uma dor que não desejo a ninguém.

Envolvo meus braços mais apertado em volta de meu namorado e desejo que tudo que vivi nessas últimas horas, antes dele chegar, não passe de um pesadelo.

Mas sei que é real. Eu realmente vi meu pai e eu realmente escutei o que ele disse naquele lugar.

Josh faz carinho em meus cabelos de forma terna e eu sinto um aperto no coração. A intensidade de meus sentimentos por ele agora, ultrapassou tudo o que eu imaginava.

Queria que ele estivesse aqui ontem. Queria não ter ido lá no cemitério. Queria não saber o motivo por meu pai ter me abandonado.

— Sei que essa pergunta é a pior de todas para se fazer, mas eu não consigo evitar – Josh diz, me tirando de meus pensamentos. Sua voz é rouca e sei que ele está relaxado – Você...hm...gostou?

Ele se atrapalha mas palavras e eu não consigo evitar abrir um sorrisinho. É isso que Josh faz comigo. Ele me deixa bem, leve.

— Se eu gostei? Hm...deixa-me ver.

Finjo pensar um pouco.

— Any!

— Ok. Você foi o segundo melhor.

Ele aperta minha cintura um pouco forte, me fazendo rir.

— Eu estou falando sério, Any.

— Ué, eu também.

— Ah é? Então me diz, quem é a pessoa que está em primeiro lugar?

Começo a fazer círculos em sua barriga. Não entendo como ele pode ser definido assim se não põe os pés em uma academia.

— Quem foi que disse que é uma pessoa?

Ele abaixa a cabeça para me olhar e seus olhos são questionadores.

Eu levanto meus dois primeiros dedos e quando Josh se dá conta, ele arregala os olhos.

— Você faz isso? Mentira?

Solto uma risada com sua reação.

— Não, não faço. Estou brincando com você.

— Poxa! Já estava aqui imaginando você se tocando e...AI! Por que me bateu?

Ele diz alisando o braço em que eu deferi o tapa.

— Não me deixe sem graça.

— Imaginar você se tocando te deixa sem graça?

— Óbvio!

Ele relaxa e volta a me abraçar.

— Pois agora vou imaginar sempre.

Ameaço dar outro tapa, mas ele segura minha mão e me puxa, colando nossos lábios. Nos beijamos intensamente e eu já sinto meu corpo formigar novamente. Uma onda de calor me invade.

— Se eu não tivesse acabado de tirar sua virgindade, iria para o segundo round agora mesmo.

Josh diz e morde meu lóbulo.

— E o que te impede?

Digo me aninhando perto dele feito um gato. Ele alisa meu braço, minha cintura, me beija em todo meu rosto. Nunca pensei que ele pudesse ser tão carinhoso. Principalmente nessa situação, mas, felizmente, ele está sendo.

— Não me provoque, Any. Um homem perde a razão em uma situação dessas.

Meu corpo pedia mais uma rodada. Mas Sabina poderia chegar a qualquer momento e não sei qual seria sua reação em nos ver assim, caso acontecesse. Não quero brigar com ela, estou extremamente sensível e não sei o que uma briga nesse momento acarretaria em minha cabeça.

— Tem razão. Acho então que você deveria ir embora.

Levanto da cama e Josh se senta.

— O que? Por que?

Ele diz fazendo um bico.

— Porque Sabina pode chegar e...cadê a sua blusa?

Pergunto enquanto vou catando o que sobrou da minha roupa para vestir e jogo o short, que estava embolado no chão, para ele.

Josh me dá um sorrisinho.

— Você arrancou ela lá na sala, esqueceu?

Ah sim. Quando eu o ataquei feito uma cachorra no cio.

— Então vem, se veste e vamos para sala. Você pega sua blusa e vaza daqui.

Abro meu armário e pego a primeira blusa que encontro. Josh veste o short, mas permanece sentado em minha cama. Seus olhos me avaliam.

— O que aconteceu com você?

— Como assim?

— Eu te liguei ontem, hoje e seu celular estava dando caixa postal, e bem vou falar de como sua aparência está. Quer dizer, você é linda amor, mas quando me atendeu, parecia meio abatida.

Engulo seco. Vou contar tudo para ele. Sinto confiança o suficiente para isso, mas não agora. Não hoje.

— Eu passei mal ontem, mas já estou bem. E meu celular descarregou, eu esqueci de botar para carregar.

Ele me olha desconfiado porque nenhum jovem, no mundo, esquece de carregar o celular.

— Any. Você acha mesmo que...

Escuto o elevador parando e logo depois, a voz de Sabina falando com alguém.

— Vai pegar sua blusa! Corre!

Ele bufa e sai da minha cama, correndo para a sala.

Suspiro aliviada e me jogo no colchão.

Tenho tantas coisas para falar, coisas que envolvem eu me abrir. Tanto com ele, quanto com Sabina.

Já estou esgotada emocionalmente só em pensar nisso.

(...)

Josh foi para casa, com muita relutância, mas foi. Eu disse que amanhã nos veríamos, ainda nos restava uma semana de férias e eu queria estar perto dele. Esses últimos dias não tem sido fácil para mim, me encontro em uma mistura de sentimentos que jamais estive antes.

Ainda não consigo raciocinar que estive a poucos metros de meu pai. Depois de anos na amargura, sofrendo internamente por ele, pelo que ele havia feito, desejando com todo o meu ser o porquê de tal feito, sinto que agora que sei, gostaria de ter permanecido nas sombras.

De banho tomado, deito em minha cama e sou invadida com vários pensamentos. Um deles me faz sorrir. Josh. Não tenho mais como negar o quanto ele está em minha mente e em meu coração. Não planejava me entregar a ele hoje, assim, do jeito que estava. Mas vê-lo depois desse tempo longe dele, acabou com meu lado racional.

Parte de mim tentava não pensar que foi minha insegurança de ele ter visto “coisa” melhor, nesses dias que ficou fora, que fez-me ter essa atitude. Eu me recusava a pensar assim.

Me entregar a ele só para ele saber que eu também valia a pena estava fora de cogitação.

Só queria me convencer disso. Eu TINHA que me convencer disso pois minha mente, já perturbada, não aguentaria mais essa.

— Posso entrar?

Desvio meus olhos do teto para a porta e vejo Sabina parada ali, meio deslocada.

Não escutei ela bater.

Me ajeito na cama e assinto com a cabeça.

Ela adentra o quarto e senta na beirada do meu colchão. Faz tanto tempo que a gente não fazia isso que me sinto estranha.

Ela me observa, seus olhos dourados procuram algo em mim que eu não faço ideia do que seja.

— Any, a gente precisa conversar.

Trust | Beauany - (em revisão)Where stories live. Discover now