Trust | Beauany - (em revisão)

14 - JOSH

Queria descobrir porque raios estou nervoso em bater na porta. Já vim nesse apartamento diversas vezes estudar com Sabina, ou apenas busca-la para irmos em algum lugar. Ela é minha melhor amiga e sempre saímos juntos.
Mas dessa vez não estou aqui por causa dela. É por causa de Any. E isso me deixa apavorado, apavorado de um jeito bom.
Preciso pensar sobre isso mais tarde.

Respiro fundo e bato na porta.

Enquanto espero, dou uma checada em meu visual. Não sei o que vestir para irmos em um show.

Ok, não é um show mas finge. Eu tô fingindo.

Minha blusa de manga branca e minha calça jeans justa parecem adequadas. Espero que estejam.

A porta se abre, revelando uma Any diferente do que estou acostumado. Ela usa um vestido. Um vestido preto com bolinhas brancas de verão, totalmente contra o clima lá fora.

Está linda. Estonteante é a palavra.

Seu cabelo cacheado seco e solto, cai por seus ombros como uma nuvem. Já disse que amo cachos?

Ela fecha a porta atrás de si e parece nervosa. Isso me acalma um pouco, eu estava me sentindo muito idiota estando com esse sentimento.

— E aí? Vamos? — Ela quebra o pequeno silêncio que se instalou.

— Sabina não está? Queria falar com ela.

— Não. Ela saiu.

— Para onde?

— Como se ela fosse me dizer, né Josh?!

Ela diz indo para o elevador. Fico confuso por um instante e a sigo, tendo uma boa visão de sua bunda.

Por que eu estou olhando para lá?

— Não está com frio? — Pergunto de supetão para ter meus olhos focados nela. Na parte de cima dela.

— Não, por que?

Dou de ombros. O elevador chega.
Any entra e eu vou atrás. Ela aperta o botão do térreo e recolhe a mão, juntado-as em sua frente.

— Por que está indo?

— Porque fui convidado. — Digo como se isso fosse óbvio. Não é, sei disso. Mas ela não precisa saber.

— Então se eu te convidar para fazermos uma chacina, você vai só porque te convidei?

Ela me pergunta com aquele tom petulante que só ela tem.
Cadê meu caderno? Preciso fazer anotações.

— Depende. Se eu não tiver nada pra fazer no dia, quem sabe?

Respondo e ela bufa.

— Por que não quer que eu vá?

Pergunto intrigado e talvez, só um pouco chateado.

— Porque isso é estranho! A gente não se fala, você não me dirige mais do que dez palavras. Acho que essa é a conversa mais longa que tivemos e agora estamos indo para um show. Juntos!

Ela enfatiza essa última parte mas eu estou focado em algo que ela disse antes.

— Você também não me dirige a palavra.

Respondo olhando para baixo, na defensiva. Ok que eu não sou simpático com ela, mas ela também não é comigo.
Não que eu me importe com isso.
Ela não responde e eu agradeço pelo elevador chegar no destino. Mas aí lembro que tem o carro e vamos passar mais umas meia hora num pequeno espaço.

Só nós dois.