Gripe

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Setembro de 2019

Completavam dois anos de namoro. O tempo passava rápido.

Jungkook cursava o penúltimo ano da faculdade e Taehyung havia assumido a coordenação da equipe de enfermagem no pronto socorro. O mais novo passava cada vez mais dias em sua casa, mas ainda não havia contado aos seus pais sobre sua orientação sexual. Eles sabiam que o filho namorava, mas não faziam ideia de que era um companheiro ao invés de uma companheira. Mas Jungkook não se sentia pressionado a apresentar o relacionamento à família, já que esta era muito tradicional e seguia os ritos como no século passado, ou seja, só se apresentava o relacionamento na hora que virasse noivado.

O casal se programava para contar sobre o relacionamento após as festividades de fim de ano. Isso estava decidido, por mais que ambos tivessem certo receio da reação dos pais de Jungkook. Isso porque existia uma intenção real de oficializarem a relação e passarem a morar juntos.

Mas, independentemente da proximidade deste dia, eles estavam mais preocupados com outra data importante. O aniversário de dois anos do casal. Jungkook estava animado tentando planejar algo interessante para fazerem juntos, e Taehyung, como de costume, deixou para o namorado decidir pelos dois, afinal, tudo o que o outro escolhia era legal.

Taehyung nunca seria capaz de dizer se era legal de fato porque o mais novo tinha bom gosto ou se era porque Jungkook era a melhor companhia do mundo todo para si, logo qualquer programa a dois seria o mais legal do mundo.

O casal tomava as medicações religiosamente. Taehyung nunca imaginou que alguém — ainda mais tão jovem — fosse fazer essas coisas por si, passar por todas as dificuldades que já haviam passado. Brigavam muito. Por ciúmes, pelo controle da TV e pelo player 1. Mas a verdade é que todas as brigas valiam à pena — já que se reconciliavam deliciosamente antes de dormir, em um sexo cheio de cumplicidade, gemidos e proteção.

— Tenho duas opções. — Jungkook disse sem tirar os olhos da tela do notebook, enquanto Taehyung se trocava para trabalhar.

— E quais são? — Vestia as meias sentado próximo ao corpo do namorado.

— Patinação no gelo ou escalada — respondeu simples.

A verdade é que Jungkook havia começado a se aproximar de uma vida regada a exercícios físicos, e acabou descobrindo uma nova paixão — ser o melhor em todas as modalidades atléticas que experimentasse.

— Faz tempo que não patino. — Olhou para o notebook e sentiu a boca ser tocada com um selinho roubado e rápido. — Vai ficar aqui hoje?

— Vou sim, tenho que terminar um trabalho de direito penal. — Voltou a olhar para o computador. — Você pode no sábado?

— Posso sim. — Levantou-se. — Você trouxe sua chave?

Foi respondido com um manear afirmativo com a cabeça e sorriu. Deixou mais um selinho na boca do namorado e saiu do apartamento para mais um longo dia de trabalho.

{...}

Chegaram ao local de patinação no gelo. Um galpão imenso com uma pista tão grande quanto convidativa. Taehyung não patinava há muitos anos e Jungkook nunca havia patinado. O mais velho empolgava-se com a empolgação do outro. Era maravilhoso vê-lo engajado em atividades físicas consigo.

O mais novo se remexia inquieto, queria que a vez deles chegasse logo. A fila era quilométrica e isso o deixava ainda mais ansioso. Por vezes fitava os lábios do namorado de maneira desejosa. A boca do Kim era a única capaz de acalmar sua ansiedade.

Mas em uma sociedade extremamente conservadora e machista, demonstrações de carinho e afeto deste nível entre dois homens era algo inconcebível. Poderiam ser expulsos do local por estarem infringindo a moral e os bons costumes. Povo retrógrado. Fazer o quê?!

Herança Imprudente VitalOnde as histórias ganham vida. Descobre agora