28 dias

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Janeiro de 2018

Suados e ofegantes.

Mais uma vez.

Desde que os exames de Jungkook vieram negativados para as quatro patologias testadas, o casal tirava todo o atraso sexual do tempo que ficaram sem transar. O estoque de camisinhas de Taehyung nunca havia estado tão em dia e com tantos preservativos diferentes. Sabores, cores, texturas e até fluorescências, valia tudo para tornar o sexo algo extremamente agradável.

E era.

Cada vez mais agradável. Descobriam o corpo um do outro de maneira ora natural, ora voraz. O apetite sexual dos dois parecia sem fim. Estavam felizes. O relacionamento estava cada vez melhor, cada vez mais intenso, com muita fidelidade, diálogo e compreensão. Sem falar no companheirismo.

Taehyung ajudou Jungkook a estudar para as provas do final do semestre. O mais novo por sua vez o ajudava a baixar artigos para um mestrado tão desejado pelo mais velho.

O apartamento herdado quase nunca ficava apenas com a presença só do dono, já que Jungkook dormia muitas vezes lá. Cozinhavam juntos. Organizavam a casa juntos. E banho? Juntos também, todos os dias que estavam um na presença do outro. Era uma conexão gostosa e quase impossível de encontrar por aí. Taehyung não poderia estar mais grato.

O corpo mais amorenado pendeu para o lado, retirando o pênis envolto pelo preservativo Ice usado pelo casal. Puxava o ar com dificuldade, mas não deixava de sorrir. Olhou para Jungkook, que estava deplorável por conta do suor.

— Você fica lindo todo bagunçado — comentou sustentando um sorriso lindo e sincero no rosto.

— Para com isso — Jungkook respondeu envergonhado.

Suspirou.

Depois de se espreguiçar lentamente, sentou-se. Entre os lençóis bagunçados e levemente úmidos, coçou a cabeça com uma mão, e com a outra acariciou a coxa bonita do mais novo.

— Vou tirar isso aqui, me espera.

— Até parece que eu vou ter forças para levantar daqui e ir embora — respondeu manhoso, enquanto se virava, aninhando-se em um punhado de tecido fofinho.

Taehyung se levantou sorrindo e foi em direção ao banheiro — ele havia feito um lixinho especialmente para as camisinhas usadas. Sentindo o corpo mole, sentou-se no tampo do vaso sanitário.

Levou a mão até o pênis, já amolecido, para retirar a camisinha. Porém, ao colocar a mão no preservativo sentiu uma viscosidade diferente do lubrificante de fábrica. Era sêmen. Seu sêmen.

Arregalou os olhos completamente assustado. A camisinha estava estourada. Quase vazia. Seu líquido contaminado estava dentro de Jungkook. Sentiu o corpo amolecer, mas de uma maneira ruim. A pressão havia caído instantaneamente.

Uma preocupação invadiu seu corpo, sua alma e seus pensamentos — que eram deveras catastróficos, por sinal. O medo de ter contaminado aquele por quem nutria os mais belos sentimentos era devastador e terrível. Não sabia como falar com Jungkook. Não sabia o que fazer.

Retirou o preservativo furado e se levantou com o resto de forças que habitavam seu corpo. Precisava falar com o namorado. Era necessário contar o pequeno imprevisto, nem tão pequeno assim. E acima de tudo, sentia que tinha que se desculpar, sabe-se lá o porquê. Mas era uma necessidade intensa, imensa e interna.

Entrou no quarto, com a face assustada. Sentou-se na cama e tocou o ombro do mais novo, que estava coberto pelo lençol azul claro.

— Kook — disse apreensivo.

Herança Imprudente VitalWhere stories live. Discover now