Para onde vão os corações partidos?

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“Olhos bonitos
Sorriso de pirata
Você se casará com um músico
Bailarina, você deve tê-la visto
Dançando na praia..."

Depois de mais de oito horas de vôo, revezando em posições desconfortáveis no minúsculo espaço da classe econômica, eu finalmente havia desembarcado no aeroporto de Lima. Ficou combinado  que o tal Rafael, sobrinho do senhor Lima, iria me buscar no aeroporto, então corri para procurar minha mala, sem querer fazer o moço esperar por mais tempo. Saí pelo portão de desembarque com meu dicionário espanhol de bolso em mãos, ensaiando o meu sorriso menos cansado à procura de algo que identificasse o tal Rafael, deveria ter alguma plaquinha com o meu nome, pelo menos é assim que fazem nos filmes.

Empurrei minha mala, olhando para todos os lados, mas nem sinal do bendito. Suspirei me sentindo exausta, eu odiava atrasos, esperar sempre me deixava em um péssimo humor, e eu já podia sentir minha cabeça apontar uma dorzinha irritante. Ótimo.

Depois de aproximadamente trinta minutos esperando, decidi que seguiria para a pousada da dona Elena sozinha, eu tinha anotado seu endereço, era só conseguir um táxi e pedir para que me deixasse no lugar anotado. E foi o que eu fiz; apanhei o primeiro carro disponível, o cumprimentando no meu melhor espanhol vagabundo, o que me colocou em minutos malucos.

Hola, necesito tu ayuda para llevarme a uno llugar. – falei uma das frases marcadas das minhas aulas de espanhol com o senhor Lima para necessidades urgentes. O motorista que aparentava mais de cinquenta anos me olhou desconfiado e então desatou a falar num castelhano acelerado o qual eu mal compreendia três palavras. – No comprendo tu língua muy bien.

– Dollar?

– Dollar. – concordei, me sentindo ridícula enquanto arrastava uma mala toda desajeitada com uma mão e minha bolsa e dicionário na outra. Entreguei o endereço do distrito de Miraflores, onde estava localizada a pousada para o motorista e entrei no carro, enquanto ele guardava minha bagagem.

O trânsito da capital peruana era dos piores, a cacofonia de buzinas e gritos impacientes fazia piorar minha dor de cabeça, mas eu estava determinada a ignorá-la e me concentrar em rezar para não morrer naquele caos. Quando levamos a segunda fechada, o motorista saiu do carro soltando fogo pelas ventas prestes a xingar até a décima geração do indivíduo que ousou triscar em seu carro. Saltei para fora do automóvel apenas para assistir uma discussão calorosa em espanhol, minha cabeça voltou a doer assim que eu percebi que além de perdida eu ficaria sem o táxi.

– Espera moço, eu não tenho culpa dessa confusão. – tentei voltar, mas já era tarde, o homem tinha me abandonado com minha mala no meio do trânsito caótico.

Arrastei minha bagagem por alguns metros até conseguir outro táxi, desta vez o motorista falava inglês e a comunicação acabou sendo mais prática, porém registrei na minha cabeça que aprender outro idioma era questão de sobrevivência. Descobri que não estava muito longe do meu destino final quando apenas cinco minutos depois o carro parou em frente a pousada, paguei o que mais tarde descobri ser uma fortuna antes de pegar minhas coisas e sair do automóvel.

Me sentindo cansada da viagem, com fome e louca por um banho, caminhei sem olhar direito por onde estava indo e acabei esbarrando em alguém sem querer.

– Mira por donde andas, chica. – senti mãos me segurando pelos ombros e me assustei.

– Desculpa, eu estava desatenta. – encarei o rapaz que tinha uma expressão divertida enquanto me olhava. – Por favor, pode me dizer se é aqui a pousada da dona Elena?

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⏰ Last updated: May 22, 2020 ⏰

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