Twenty One

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Lá estava ela novamente. A mulher dos cabelos negros mais brilhantes que já tinha visto. E, mais uma vez, ela parecia tentar dizer algo sem ao menos abrir a boca. No momento em que seus lábios se separavam para formar alguma sílaba, tudo o que se podia ouvir eram os gemidos agonizados de uma pessoa à beira da morte; o sangue manchava rapidamente a blusa branca que vestia e logo escorria por seu queixo em câmera lenta. Franziu o cenho frustrada antes de deixar que as lágrimas escorressem por seu rosto. Os joelhos falharam, os gemidos se tornaram mais fracos e em alguns instantes ela estava caida no chão praticamente imóvel. Sua mente lhe dizia que estava se arrastando para longe de seu mal feitor quando na verdade a única parte de seu corpo a se mover eram os dedos da mão direita. Com um último sussurro de agonia todos os movimentos cessaram e a escuridão tomou conta de si. 
Stephen sentou-se de repente na cama ofegando, a voz que assombrava seus sonhos lhe acusando de um crime que não cometeu ainda dominava sua mente. Passou a mão pelos cabelos virando-se para o lado direito da cama e encontrando este completamente vazio. O céu estava começando a clarear e, conhecendo a tenente como conhecia, ele sabia que era cedo demais para que a mulher estivesse de pé. Inspecionou a porta do banheiro, mas essa estava aberta e o cômodo vazio. Vestiu uma calça de moletom e foi procurá-la nos outros cômodos da casa, sem obter sucesso algum. Sentiu-se ficar mais nervoso a cada minuto. Onde diabos a garota estava? E se algo houvesse acontecido à ela? E se alguém tivesse invadido a casa? Caminhou na direção da porta quando bateu de frente com Laurence, que parecia tão nervoso quanto o mais novo. 
"Ah, graças a Deus, senhor Larkin."
"O que aconteceu?" 
"Vivien estava vindo para a casa principal para começar os preparativos do café da manhã e a viu deitada na areia." 
"Viu quem?" 
"A senhorita Charlotte."
"Merda. Onde ela está?" 
"Próxima ao deck, estava indo lhe chamar." 
"Eu vou buscá-la. Como é que ela foi parar lá?" 
"Não sei, esperava que o senhor soubesse." disse caminhando de pressa atrás do outro que praticamente corria. 
"Charlotte." a balançou levemente ignorando os olhos do empregado nas marcas vermelhas em seus braços provocadas na noite anterior, ela resmungou sem se mexer "Acorda." 
"Me deixa em paz, fui dormir há meia hora." empurrou os braços dele para longe de si. 
"Vamos, você está dormindo na areia." 
"Para de gracinha, Larkin, ou eu juro por Deus que" abriu os olhos lentamente percebendo que seus lábios estavam próximos demais da areia branca "Mas por que caralhos eu estou aqui?" levantou-se de uma vez fazendo com que os pequenos grãos grudados em seus cabelos voassem para tudo que é canto. 
"Isso é o que gostaríamos de saber." 
"Que tipo de brincadeira é essa Stephen? Eu vou ficar tirando areia da merda do meu cabelo até o ano que vem." 
"Não tem brincadeira nenhuma. Eu acordei e você estava aqui." 
"Isso é verdade, Vivien a encontrou aqui há alguns minutos." 
"Pode me explicar o porquê de estar dormindo na areia? Como veio parar aqui?" 
"Eu… eu não sei." tentou forçar a memória e sentiu uma pontada na cabeça. 
"Hey, hey! Tá tudo bem?" 
"Sim. Eu não sei como vim parar aqui. Me deu um branco." 
"Não tem problema." 
"Você acha que talvez alguém tenha entrado aqui?" 
"Eu sinceramente não tenho a menor ideia." 
"Seria difícil, senhor Larkin. Afinal, estamos numa ilha. Não é exatamente fácil de entrar sem que ninguém ouça o barulho de um barco." 
"Nisso você tem razão, Laurence." 
"Se quiserem nós podemos checar o vídeo de segurança." 
"Eu faço questão." disse abraçando a mulher pelo ombro "Estaremos esperando na cozinha." o outro concordou e caminhou em direção à casa dos empregados. 
"Você acha que talvez aquele filho da puta nos seguiu até aqui?" o mirou preocupada. 
"Quem?" 
"O assassino. O açougueiro." 
"Não sei, mas acho pouco provável que ele tenha vindo aqui e saído sem fazer nada." 
"E se ele não tiver saído?" parou na porta da casa "E se aquele doente desgraçado ainda estiver aqui?" arregalou os olhos. 
"Acho que já está sendo um pouco paranóica, Charlotte."
"É uma possibilidade. Como vamos nos defender?" 
"Não temos do que nos defender." 
"Mas é claro que sim!" aumentou o tom de voz "Ou você acha que eu simplesmente caminhei pra fora dessa casa sozinha e sem motivo algum?" 
"Eu não disse isso, mas não devemos nos precipitar. Vem, vamos pra cozinha esperar que Laurence nos traga o vídeo e esclareça toda essa história." 
"E SE ELE ESTIVER DENTRO DA PORRA DA CASA?" 
"Chega." jogou-a por cima dos ombros e entrou na casa ouvindo-a ralhar. A colocou sentada num dos bancos da cozinha, abrindo a porta de um dos armários e o barulho de um teclado eletrônico pôde ser ouvido. "Pronto. Se tiver alguém aqui não estamos mais indefesos." colocou uma G31 sobre o balcão e a mulher começou a rir "Do que é que você está rindo?" 
"É que" continuou rindo histericamente "É que na delegacia sempre zoamos Brian por carregar uma Glock. Já que é uma arma mais afeminada." gargalhou. 
"Olha..." 
"Aqui está o vídeo, senhor Larkin." o comentário de Stephen foi interrompido e agora a tenente tentava controlar a risada, seus ombros ainda se mexiam "Contém imagens desde a chegada de vocês ontem até agora. Por onde quer começar?" 
"Hm, mais ou menos quatro e meia." lembrava-se de ter ido dormir às quatro.
"Okay, quatro e meia." apertou alguns botões do teclado e o vídeo começou a rolar. Charlotte parou de rir e tentou prestar atenção aos seis quadrados diferentes que estavam na tela do computador. 
"Acelere um pouco" disse Steve depois de alguns minutos assistindo o nada e o outro o obedeceu. O corpo de Charlotte pôde ser visto descendo as escadas calmamente, ela virou-se brevemente em direção à uma das câmeras sorrindo, abriu a porta de entrada e saiu em direção ao deck. "Acho que já vimos o suficiente, Laurence. Estaremos no quarto esperando o café da manhã, obrigado." ele foi em direção ao quarto sem ao menos esperar que ela o seguisse. Lá estava a tenente mentindo mais uma vez. 
"Obrigada por me esperar." resmungou ao conseguir alcançá-lo. As imagens no vídeo não faziam o mínimo sentido para ela, nunca havia caminhado enquanto dormia antes e, certamente, se lembraria se houvesse saído da cama de olhos abertos. Steve sentou-se numa das cadeiras da mesa na varanda e respirou fundo. Odiava mentiras, odiava a maldita sensação de que ela estivesse escondendo algo e a filha da mãe sabia disso. Tentou controlar os próprios nervos, não iria começar uma briga justo no fim de semana em que ambos deveriam se divertir e aproveitar o tempo que tinham longe de tudo e todos. 
"Com licença." Vivien disse abrindo a porta devagar "Vou colocar aqui ao lado da mesa." abriu a base de alumínio e colocou a bandeja sobre essa. 
"Obrigado." 
"Bom apetite." Charlotte sorriu para a mulher vendo o homem forçar-se a fazer o mesmo. Ele pegou um dos pratos colocando-o a sua frente, se serviu um pouco de café e continuou a encarar o horizonte calado. 
"Até quando vai continuar me ignorando?" ela perguntou mordendo o lábio inferior. 
"Não estou te ignorando." 
"Então por que não me olha ao invés de ficar olhando pro nada?" colocou a mão no queixo dele o virando para si, sentindo-o apertar os dentes e segurar seu pulso levemente a afastando de si. 
"É impressão sua." 
"Você pensa que sou idiota?" ela disse tentando se controlar para não gritar. 
"Não." 
"Pois parece que sim! Que droga, Larkin. Me diz por que caralhos está me ignorando e para com essa cara de bunda." 
"Mas eu já disse que não estou te ignorando." ele continuou a encarar o mar. 
"Olha pra mim e diz que não está me ignorando." 
"Eu não tenho tempo pra isso." levantou-se indo na direção do quarto. 
"Ah, não. Você começa a confusão e sai de fininho como se nada tivesse acontecido? Não mesmo!" "SERÁ QUE VOCÊ NÃO PERCEBE QUE EU ESTOU EVITANDO UMA DISCUSSÃO DESNECESSÁRIA?" gritou virando-se para ela que deu dois passos para trás. 
"E eu estou tentando entender o motivo de tudo isso!" 
"Deixa isso pra lá, Charlotte."
"Meu Deus! Como você consegue ser tão ignorante? Não seria mais fácil me dizer o que está te incomodando? O que foi que eu fiz que te deixou assim?" 
"Nada, você não fez nada. Aliás, esse é o problema." 
"Como assim?" 
"Você nunca faz nada, nunca me diz nada e eu sou obrigado a fingir que não sei que está escondendo algo de mim." 
"Eu não est..." 
"Me poupe. Ontem você quis que eu te dissesse a verdade sobre a minha família, eu disse. Eu me abri pra você e você continua me tratando assim." 
"Assim como, criatura?" 
"Como se eu não significasse nada na sua vida. Droga, isso machuca. Eu não posso te chamar de namorada, não posso nem tentar mostrar os meus sentimentos a você sem que você comece a fazer piadinhas pra desviar o assunto. O que é que você acha que eu sou, afinal? Por que não me conta nada sobre a sua vida, hein? Por que não me conta o motivo pelo qual você fica apreensiva quando eu te pego por trás? Por que é que estava andando de olhos abertos pela casa e fingiu não saber como foi parar na areia? Primeiro o Founders Park e agora isso?" 
"Mas eu não sei como fui parar lá!" exclamou frustrada "Você acha que eu também não quero respostas? Eu não me lembro de ter levantado, muito menos de ter descido as escadas e saído dessa casa." ele rolou os olhos. 
"Isso mal responde uma das perguntas que eu fiz." 
"Eu não posso te contar." 
"Por quê? Me dê um motivo, só um bom motivo e eu te deixo em paz." 
"Eu não quero que você tenha nojo de mim." disse num tom quase inaudível. 
"O quê?" 
"Não quero que tenha nojo de mim." 
"Do que você está falando?" tocou o rosto dela com uma das mãos. 
"Eu não sei como te dizer isso." tentava segurar as lágrimas que ameaçavam cair. 
"Não importa o que você fez, eu prefiro que me diga a verdade do que ficar escondendo tudo. Você sabe o quanto eu odeio que escondam as coisas de mim." 
"Eu não fiz nada." mordeu o lábio inferior olhando pra baixo "Na verdade, foi exatamente o oposto." 
"Hã?" 
"Deixa eu fechar a porta." girou a chave na fechadura "Okay, essa é provavelmente a conversa mais difícil que eu tive em toda minha vida." 
"Senta aqui." puxou-a para a beirada da cama. 
"Vamos começar pelo começo." respirou fundo "Minha vida. Não tem muito o que saber além do que você já sabe. Meus pais não podiam ter filhos, eles cuidavam de crianças em orfanatos pelo país e decidiram adotar um garoto. Se apaixonaram pelo Jared e ficaram horrorizados ao saberem a história dele. Sua mãe era uma dona de casa, se é que podemos chamar aquela louca disso, viciada em heroína. Ela perdeu seis filhos para o governo antes de ter o Jared. De acordo com o que meus pais contaram, quando a assistente social finalmente o tomou dela ele estava ferido, mal nutrido e sujo. Tinha três anos e ainda não falava. Minha mãe é psicóloga infantil e já tinha trabalhado com vários casos de violência doméstica e negligência. Uma de suas melhores amigas contou a história de Jared e ela ficou curiosa, em alguns meses tinha decidido falar com meu pai sobre adotá-lo. Meu irmão se isolava bastante no orfanato, apenas conversava com um dos adultos e evitava as crianças até que eu cheguei. Desde o primeiro dia em que fiquei por lá ele não se desgrudava de mim." sorriu brevemente "Por causa disso, meus pais foram meio que obrigados a tentarem me adotar também, o que não foi muito difícil. A maioria dos pais não queriam me levar para casa." 
"E por que não?" perguntou confuso. 
"É aí que a coisa se complica. Quando cheguei ao orfanato tinha quase três meses, era até uma criança bonita, mas o que eu carregava comigo afastava qualquer um do meu berço. Meu p-pai biológico ele…" estava mesmo chamando aquela coisa de pai? - ele matou a minha mãe. 
"Meu Deus!" 
"A polícia e o FBI estimam que ele tenha matado mais outras dezoito pessoas num período de quinze anos. O nome dele é Michael Chase." o homem arregalou os olhos "Sim, aquele que dizia beber o sangue de suas vítimas por causa de uma voz que o obrigava a fazer isso. O que é uma baita de uma mentira. Eu prefiro não falar sobre ele." 
"Sua mãe. Ela não tinha família? Por que eles não ficaram com você?" 
"Ha!" riu sem vontade "Quando eu nasci, minha mãe tinha acabado de fazer dezoito anos. Desde os doze ela cantava pelo sul do país com seus irmãos. Talvez você já tenha ouvido falar da banda dela, eles faziam muito sucesso no Texas, Selena y Los Dinos." ele concordou com a cabeça "Ela estava prestes a estourar quando aquele filho da puta a atacou e, algumas semanas depois, ela descobriu estar grávida. Apesar da situação horrível, ela nunca pensou em se livrar de mim, sempre viu o meu nascimento como uma oportunidade de recomeçar. Dizem que ela foi contra a própria família ao decidir não abortar, e que todos viraram as costas para ela. Com o pouco dinheiro que tinha foi morar com a única amiga que lhe restou, comprou algumas roupas para o seu bebê e começou a pensar no futuro que a aguardava. Pena que a paz em sua vida não ia durar muito tempo. Michael começou a persegui-la, lhe mandar ameaças de morte e ela e sua amiga tiveram que se mudar várias vezes durante a gravidez. Em meio a isso tudo, uma gravadora finalmente resolveu lhe dar a chance que ela merecia, ela gravou seu primeiro e último disco com músicas em inglês. Quando chegou ao seu oitavo mês, ainda fugindo daquele maníaco, recebeu uma visita surpresa, ele apareceu em seu quarto de hotel e lhe deu um tiro nas costas. Ela conseguiu correr até o lobby, mas morreu pouco depois de chegar ao hospital." algumas lágrimas caíram de seus olhos "Por sorte, ou azar, uma cesariana de emergência foi feita e cá estou eu. A família dela não queria nem ver a criança e, por mais que tentasse, sua amiga foi praticamente proibida de me adotar. Como Chase só foi preso no fim daquele ano, me colocaram num programa de proteção à testemunha e meus pais só me contaram a história real pouco antes de eu me mudar pra cá." 
"Charlie, eu…eu não sei nem o que te dizer." a abraçou sentindo o próprio peito doer. 
"Ainda não acabei de contar a história." 
"E tem mais? - disse se afastando dela." 
"Eu te digo que sou mexicana e você pensa que a história da minha vida seria tão fácil assim?" riram levemente "Aos quatorze anos comecei a sair com Anthony. Nosso relacionamento não era lá essas coisas, mas meu pai gostava tanto do pai dele que ignorava tudo até a grande diferença de idade que poderia mandar o meu querido namorado pra cadeia. Anthony sempre fez parte da nossa família indiretamente, seu pai era motorista do escritório em que meu pai trabalhava e desde sempre eles faziam parte das nossas reuniões familiares. O problema é que ele tem um temperamento difícil e frequentemente explodia e colocava a culpa de tudo em mim. Eu era muito idiota pra perceber que aquilo estava errado, até que Lauren apareceu e começou a tentar a enfiar na minha cabeça que eu deveria terminar com ele. Depois de muitas indas e vindas, muitos chifres colocados na minha cabeça, eu finalmente criei coragem para terminar com ele. Faltavam alguns meses para o meu aniversário de dezoito anos e eu decidi que iria mudar toda a minha vida. Vim para a Flórida onde conheci um cara que se tornou meu amigo rapidamente. Em menos de dois meses nós nos tornamos carne e unha, mas era só amizade mesmo. Nenhum dos dois demonstrava a mínima atração pelo outro. Nós sempre íamos em festas juntos, nos divertíamos e tomávamos conta um do outro. Uma semana antes do meu aniversário, fomos à festa de uma conhecida chamada Lauren. Naquele dia eu bebi, como sempre fazia, mas parecia que a cada lata de Four Loko que o Aaron me entregava eu ficava mais bêbada do que se tivesse tomando uísque puro. Três latas e meia depois, eu já estava dando vexame. Me lembro de ouvir a voz de Lauren me dizendo para ir dormir em seu quarto no andar de cima, ela me ajudou a chegar lá e eu desmaiei sobre a cama." respirou fundo 
"E..." 
"Você sabe que eu costumo dormir de bruços, não sabe?" ele concordou "Algumas horas depois de ter capotado na cama, eu comecei a ter pesadelos horríveis. Ouvia um barulho molhado, sentia uma mão me segurar pela cintura com força, algo molhava a minha bochecha e uma dor quase insuportável tomava conta do meu corpo. Me lembro de abrir os olhos devagar, percebendo que eu estava dormindo de lado e um travesseiro branco estava quase perto demais do meu rosto. A dor e o barulho molhado continuavam, eu ainda podia ouvir a música abafada no andar debaixo e fiquei inconsciente por mais alguns minutos antes de ser acordada pelos meus próprios gritos de dor. Lauren entrou no quarto quase que ao mesmo tempo e foi a próxima a gritar. Lágrimas rolavam sobre o meu rosto e quando eu me virei pra trás, vi o rosto daquele que eu pensava ser meu amigo e manchas horríveis no colchão onde eu estava deitada segundos atrás." começou a chorar ao lembrar-se da cena como se ela estivesse acontecendo novamente. 
"Você tá tentando me dizer que…" Steve levantou-se da cama dando passos para trás e afastando-se dela. 
"Eu nunca contei isso pra ninguém. Meus pais não sabem, Lauren não sabe e, muito menos, Jared. Sam era detetive naquela época, estava pedindo trasferência para a delegacia de homicídios, meu caso foi o último em que ele esteve envolvido antes de conseguir se transferir." 
"Meu Deus!" disse olhando para ela horrorizado. 
"Acho que isso era tudo o que você não sabia sobre mim." 
"Como… como é que eu pude? Meu Deus, olha o que eu fiz com você! E a maneira que eu te tratei durante esse tempo todo." 
"Calma, Larkin. Você não teve nada a ver com isso. Foi um momento difícil, é uma ferida que nunca vai cicatrizar, mas eu tento não pensar naquela noite." 
"Que tipo de monstro eu sou? Por que você me deixou fazer isso?!" ele estava entrando em pânico. 
"Do que você tá falando?" 
"De tudo! De nós dois. Eu praticamente te forcei a dormir comigo, sou tão culpado quanto ele!" 
"Nunca diga uma bobagem dessas! Você é louco? Que eu me lembre eu entrei nessa por vontade própria." 
"Não adianta tentar melhorar a situação, Charlotte. Eu não sei se vou conseguir me olhar no espelho depois disso." 
"Steve, para de ser idiota." tentou abraçá-lo. 
"Não! Não me toque. Eu realmente sou um monstro. Ela me disse e eu não quis acreditar." balançou a cabeça de um lado para o outro. 
"Quem te disse? Nada do que você tá falando faz sentido algum." 
"Eu não posso ficar aqui, eu não posso ficar perto de você." destrancou a porta "Arrume suas malas, nós estamos voltando e eu finalmente vou te deixar em paz." 
"Steve! Volta aqui!" uma porta bateu com força do outro lado da casa. Charlotte suspirou derrotada e, mais uma vez, começou a chorar.

Bondage, Discipline, Sadism and Masochism - LEIAM A DESCRIÇÃOWhere stories live. Discover now