Gostaria de possuir um dom que me permitisse resumir essa obra em breves palavras, porém, não sou capaz. Seria de natureza impossível mostrar toda a profundidade psicológica do personagem principal, Daniel, nesse parágrafo; assim como é inviável dim...
Nota do autor: Este capítulo não tem uma música específica, mas deixarei acima a que escutei enquanto escrevia. É válido lembrar que você sempre pode acessar a playlist de Itapoga através da minha biografia do wattpad para acompanhar o que escuto ao escrever e o que os personagens costumam escutar também.
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Conversas frenéticas, saias na altura do joelho, adolescentes civilizados. Outra manhã naquela instituição de ensino e Daniel estava perto de entregar-se a completa insanidade. Contava os meses, os dias e até os minutos para o desfecho da fase escolar. Entretanto, sabia que prolongaria sua estadia em seu inferno pessoal se não se dedicasse aos estudos. O motivo de toda a sua distração desde o início do semestre tinha nome: Pedro.
Em seus ouvidos, a harmoniosa voz de João Gilberto fazia seu coração dançar contente e seus olhos brilharem em fascinação. Encantava-se cada dia mais com a diversidade da bossa nova, que se desdobra em lindas canções de amor, tristeza, exaltação da cultura nacional e críticas de vez em quando. O gênero era como Pedro, sedutor, cheio de ritmo e incrivelmente brasileiro.
Talvez esta seja a primeira vez que o protagonista não será narrado em doses de ansiedade e angústia, pois seus amigos fizeram questão de proporcionar ótimo entretenimento e seus colegas de quarto estavam ocupados demais com a volta de Misaki para importuná-lo. Tirou o momento também para estudar, havia uma prova de biologia chegando e queria garantir boas notas.
Esquivava-se do mar de jovens que ocupavam os corredores, procurando pelo seu armário. Convencera Anya a ensiná-lo a matéria, argumentou que, já que a avaliação seria em dupla, era bom tê-lo ciente do conteúdo e a garota acabou cedendo. Combinaram de se encontrar nas mesas do jardim durante o horário de almoço e ele estava tentando ser pontual, condição impossível ao ver o tanto de pessoas reunidas nas dependências internas do lugar.
Foi incapaz de conter o suspiro de alivio ao finalmente alcançar seu destino. Contudo, notou que havia um papel em cada porta do enfileirado de armários, motivo pelo qual os estudantes estavam reunidos pelos corredores. Franziu o cenho ao ler que a mensagem se tratava da festa de outono, fornecida pela escola anualmente. A intenção do grêmio estudantil era surpreender os alunos ao anunciá-la em setembro e faltando apenas dois dias para acontecer. Daniel realmente estava surpreso, não pela notícia, mas pela voz que vinha detrás de si:
"Pretende ir a este evento?" O peito de Pedro estava tão próximo de suas costas que conseguia sentir o calor corporal, o perfume inconfundivelmente dele e a voz a arrepiar os pelos da nuca.
"Talvez." Apenas deu de ombros, não queria prolongar o diálogo. Sabia que daria falsa esperança ao seu coração apaixonado e ele já estava farto de se envolver em situações como esta.
"Tudo bem, sei que deve estar tremendamente magoado com a mensagem que lhe enviei no fim de semana." Pela primeira vez, falou sem deixar nada subentendido, também abandonou a escolha de palavras galanteadoras que geralmente usava. Apesar de Dan estar claramente desconcertado em sua presença, optou pelo silêncio como resposta. "Estive a semana inteira a te procurar pela escola para dar-lhe um pedido de desculpas digno, mas sempre está acompanhado de seus amigos e não acredito seja de sua vontade que eles saibam do acontecido."
