Capítulo 8 - Posso te levar para casa?

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-Eu não acredito que você tirou a Willy da garagem, Jimin. – disse Tahyung, rindo. – Só por ele mesmo, ou ela teria enferrujado naquele galpão.

-Pois é, e é porque ele ainda levou uma queda. – disse, e Tae quase morre engasgado por ter começado a rir enquanto ainda engolia um pedaço do sanduíche.

-Você vê agora, não é? Se não fosse por mim, Willy estaria enfurnada dentro daquele galpão velho e empoeirado.

-Até quando vai jogar na minha cara que você é o responsável por isso?

-Quando perder a graça.

Reviro os olhos para ele, e o pior de tudo é ter que admitir que ele estava certo. Mas essa questão da bicicleta me influenciou tanto que até aproveitei para usá-la para vir até a escola. Agora ela estava no estacionamento, presa numa espécie de grande barra de ferro com uma corrente. Eu nunca havia vindo para a escola sem ser de carro ou metrô. Vou fazer aquilo mais vezes.

-Ah, e tem mais uma coisa, Tae. – falei.

-Pois bem, fale. – respondeu, engolindo mais um pedaço. – E eu pensei que essa história já não estava boa o suficiente.

-Bem, quando eu fui deixá-lo em casa, antes de eu ir embora, a mãe dele me disse uma coisa...que eu fiquei pensando sobre até agora. Ela disse...que fazia muito tempo que não via ele sorrir daquele jeito.

Ficamos uns minutos em silêncio, acho que ele estava tentando processar a mensagem, tentando entender algum significado. Por mais simples que aquilo pudesse parecer, essa frase me marcou demais, levando em conta que eu só o conhecia fazia pouco tempo.

-Uau. – foi a única coisa que saiu da boca de Tae no primeiro instante. Ele estava tão surpresa quanto eu.

-Pois é. – respondi, meio sem jeito.

-Jimin, eu acho que você fez uma diferença tão grande que nem dá pra contar. Porque, pensa comigo, você conhece ele há poucos dias, certo? E aí a mãe dele chega e fala que nunca viu ele sorrir daquele jeito. Agora pensa em quantas pessoas passaram na vida dele, ficaram mais tempo do que você...e não tiveram a mínima importância. Você tornou a vida dele melhor, Park Jimin, mesmo que minimamente. E mesmo que pra você não seja grande coisa, para ele deve ter sido a melhor sensação do mundo.

Eu vi que ele estava falando sério quando ele me chamou pelo meu nome completo. E o que ele havia dito era verdade. Eu não fazia ideia do que ele havia passado, do que já havia sofrido, das dificuldades, das pessoas que trataram ele diferente e saíram como se nada tivesse acontecido.

-Acho que muita gente filha da puta já passou na vida dele. – disse, porque minha cabeça não conseguia pensar em uma frase tão complexa quanto a de Taehyung.

-Concordo com você. – ele respondeu, e fizemos um brinde com as caixinhas de suco. – À propósito, não é meio errado ter o desenho de uma tartaruga na caixa de suco bem embaixo de onde o canudo ficava colado?

E eu ri, porque era assim mesmo, nossas conversas passavam de um núcleo para outro bem rápido.

-Talvez você se torne o novo melhor amigo dele. Se for o caso, ele vai ter muita sorte mesmo.

Ele soltou isso muito aleatoriamente, do nada, e minha cara ficou igual à daqueles memes, com uma bolinha de "carregando" girando na minha testa.

-Taehyung, você tá com ciúmes?

Isso também saiu do nada. Conheço ele suficientemente bem para saber que ele não tem muito potencial para sentir ciúmes das pessoas. Mas eu sou o melhor amigo dele e, sei lá, eu só tenho praticamente falado de Jungkook durante os últimos dias, e talvez ele quisesse que focássemos mais em nós dois. Mas foi só eu dizer essa frase que ele me olhou com uma expressão no limite do deboche, como quem diz "Sério isso?".

Jikook - Atitudes Valem Mais do que PalavrasWhere stories live. Discover now