Capítulo 18 - Gira-gira

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Eu sou o maior gênio que esse mundo já viu.

Provavelmente já falei sobre os caixotes misteriosos que estavam no nosso jardim desde muito tempo. Ainda preciso descobrir qual que é a origem deles.

Enfim, encontrei um deles um pouco maior do que os demais perto do carro do papai. Fiz os cálculos e concluí que uma pessoa até mesmo maior do que eu (não que isso seja difícil) poderia caber ali dentro se ficasse sentada. Então me lembrei do dia que usei a bicicleta de Tae para ir até a casa de Jeon, e decidi que não era uma ideia nem um pouco ruim usar o caixote para improvisar um carrinho de passageiro, que nem na bicicleta do Taehyung do dia que eu quase matei ele. Convenci meu pai a me ajudar e, com uma certa dificuldade, dedos cheios de esparadrapo e uma missão impossível para tirar a caixa de ferramentas da prateleira mais alta do galpão, finalmente foi montado o banquinho improvisado com as rodas da minha bicicleta de quando eu era criança. Não me perguntem por que ela ainda estava ali. Mas o que importava era que agora minha bicicleta tinha acento para mim e mais duas pessoas. Eu sou um gênio mesmo.

-Caramba. - o Tae diz. - O pior é que ficou bom mesmo, hein?

-Claro. - respondi. - Foi baseado na sua bicicleta, então não tinha como ficar ruim.

-Vou esquecer o fato de que você quase me matou uma semana atrás. Tudo pelo amiguinho apaixonado.

-Mas pense positivo: deu muito certo. - coloquei o braço ao redor da cintura de JK, aproximando-o mais de mim.

-Cara, se eu tivesse morrido e você não tivesse se declarado para ele, eu te levaria junto comigo depois.

-Credo. Não sei se te aguento pela eternidade toda, não.

-Me aguentou por 16 anos, por que não aguentaria por mais uma vida? - responde, como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.

Jeon observava atentamente a bicicleta com um sorriso tímido estampado em seus lábios. Posso facilmente sugerir que ele se lembrou do dia que ele resolveu provar que sabia andar de bicicleta, me levando até em casa. A sensação de estar tão livre voltou à minha mente, e até combinou com o vento que batia delicadamente em meu rosto. Viro meu rosto na direção dele e esboço um sorriso delicado.

-Ai, Meu Deus. - falou o Tae. - Só por essa olhada de vocês posso deduzir que estou segurando vela.

Levanto o dedo do meio para ele e dou um beijo na bochecha de JK, que faz questão de se abaixar um pouco para que eu não tenha que ficar na ponta dos pés. Então Taehyung apenas abre uma das mãos, fecha a outra e a coloca por cima da que estava aberta, erguendo as duas na nossa direção.

-Sinceramente, - ele continua - até que segurar vela dos dois é fofo. Nesse caso eu faço questão de virar o próximo Tocha-Humana.

Dou uma risada exageradamente alta. Se fosse possível, acho que todos deveriam ter um amigo como Taehyung.

-Então, vamos? - perguntei, enquanto Tae apenas fez um sinal de "positivo" com a mão e se aproximou da bicicleta.

-Anda, se beijem depois, agora me ajudem a entrar aqui. - ele fala.

Jeon e eu vamos até ele. Com um pouco de dificuldade, seguramos cuidadosamente o corpo de Tae, tentando ter o mínimo de contato com o gesso grosso, enquanto ele se apoiava nos nossos ombros um pouco desesperado também. JK tenta ajeitar as almofadas com o pé e por pouco não perde o equilíbrio. Acho que o Tae ficou mais pesado, ou eu que continuo não tendo força nenhuma para segurá-lo. Isso vem desde que éramos crianças. Para minha sorte, não era só comigo. Embora a gente fosse um pouco afastado do resto das crianças na primeira série, os meninos faziam fila para ver quem conseguia ficar mais tempo com o Tae nos braços. No final, o que conseguisse recebia a admiração de todas as garotas (o que era um pouco estranho, já que os meninos segurando ele feito um bebê não era a coisa mais heterossexual que alguém podia ver. Mas tudo bem. Tínhamos só seis anos, não sabíamos nem o que era uma camisinha).

Jikook - Atitudes Valem Mais do que PalavrasOnde as histórias ganham vida. Descobre agora