Capítulo 19

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            Eu puxo os meus pulsos de novo e insisto em tentar me soltar, mesmo que inutilmente, o que arranca mais um suspiro cansado de Ryder.

- Ora, vamos, não é tão ruim assim.

Eu solto uma risada incrédula.

- Você está falando sério?

Ele não olha pra mim quando fala.

- Eu não vou te torturar, e ninguém vai tocar em você além de mim. E além do mais, eu prometo que vai ser tão rápido que você não vai ter tempo de sentir nada.

- Então eu devia me sentir agradecida pela gentileza?

Ele sorri pra mim daquele jeito selvagem.

- Devia. A não ser, é claro, que você prefira que eu acabe com isso agora mesmo.

- Você não vai fazer isso - Eu o encaro com raiva. - Se quisesse mesmo fazer isso, já teria feito. Mas você precisa fazer essa merda desse seu joguinho primeiro por algum motivo doentio.

Ele encolhe os ombros de um jeito despreocupado.

- Você tem razão, amor. Mas eu não chamaria de motivo doentio.

- Chamaria do quê? Amor reprimido?

Seus olhos adquirem um brilho sombrio e ele não sorri e não acha graça das minhas palavras.

- Carter é acostumado a pensar que pode ter absolutamente tudo o que quer e eu acho isso um pouco irritante. Sabe, amor, não importa o que você pense dele nesse exato momento, mas você está terrivelmente enganada.

Eu não paro pra refletir no que exatamente eu penso sobre ele porque talvez a resposta me irrite um pouco. Eu não paro pra pensar na sensação que as mãos dele no meu corpo me trazem. Eu não paro pra pensar nele porque eu sei que se eu fizer isso, vou enxergar os seus olhos profundos me encarando mesmo no meu subconsciente.

E eu não posso. Não agora. Não quando eu preciso pensar em mim. Não posso deixar que Carter me arranque de mim mesma agora. Mesmo que no fundo, uma pontada de preocupação genuína esteja me incomodando mais do que o normal e não exatamente só por mim.

Meus olhos são paredes rígidas, imóveis e petrificadas.

- Ele não te falou muito sobre ele, falou? – Ele olha de relance na minha direção, e o meu silêncio parece ser resposta o suficiente. – É claro que ele não falou. E temo que ele não vá ter tempo de fazer isso.

Ele não espera a minha resposta mais uma vez, mas se mantém em silêncio por algum tempo, como se quisesse me torturar com isso.

- Ele tirou algo muito, muito importante de mim. E agora eu vou fazer ele pagar tirando tudo o que ele tem. Começando por você. – ele afasta momentaneamente a mão direita do volante e aponta o dedo longo na minha direção. – Ainda que, sem querer ofender – ele continua, voltando a olhar para a estrada na sua frente. – em uma escala de prioridades, você está lá embaixo. Mas isso vai deixar ele bem irritado e isso me deixa muito, muito satisfeito. Mesmo que eu não entenda porque ele se importa com alguém como você. Nós já falamos sobre isso. Não que você não tenha o seu valor e tudo mais - ele gesticula. - mas caras como ele nunca terminam com garotas como você, amor. Vocês são incompatíveis.

Eu ignoro a queimação estranha que acontece no meu estômago e analiso a minha situação de novo. Ouço o motor vibrando e meus olhos deslizam da logo da BMW que brilha no centro do seu volante para o velocímetro que não parece ultrapassar 80km/h. Ryder não está com pressa. É como se ele estivesse esperando pra ser alcançado.

Mais do que Eu Posso AguentarOnde as histórias ganham vida. Descobre agora