Capítulo 6

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O despertador soou estridente às 7h da manhã do dia seguinte, fazendo tudo parecer um sonho distante. Ou um pesadelo, talvez.

Depois de humilhar Carter publicamente na noite anterior, eu não me sentia tão bem quanto achava que estaria me sentindo. Talvez isso se desse pelo fato de que ele deveria estar planejando o meu fim naquele exato momento e eu estar muito consciente sobre isso.

Seus olhos frios invadiram a minha memória, contendo vingança jurada.

Carter me encarando. Carter apoiando os braços na mesa para se levantar. Carter sumindo no meio da multidão e sendo engolido por ela.

Eu estava mais incrédula do que ele. Estava em choque. Enquanto a multidão vibrava ao meu redor, era como se eu continuasse não ouvindo nada. Fui despertada apenas um tempo depois, quando alguém subitamente me fez levantar da cadeira. As memórias seguintes eram outro borrão que parecia irreal.

Audrey me sacudindo. Audrey segurando o meu rosto. Audrey vibrando e rindo. Audrey derrubando a própria bebida em alguém acidentalmente. Joan em estado de choque também. Joan nos arrastando para fora dali o mais rápido possível.

Meus pés tropeçando no meio fio em frente ao meu prédio e quase me levando ao chão. Audrey rindo do meu estado, ainda pior do que eu.

E então, nada.

Todo o resto da noite havia desaparecido da minha cabeça. E ela doía. Doía como o inferno, pulsando contra o meu crânio como se fosse explodir.

O que tinha naquela droga de drink?

Talvez fosse melhor nunca descobrir isso.

Talvez eu só devesse me levantar logo e tentar não me atrasar para o trabalho.

E foi exatamente o que eu fiz.

...

Eu esperei enquanto Adam esbravejava incessantemente, andando de um lado para o outro atrás da sua mesa. As próprias mãos esfregavam o rosto, a mandíbula e a nuca com desespero, contendo a raiva. Meus olhos acompanharam cada movimento seu enquanto ele cuspia as palavras com vêemencia, falando sobre o que deveria ter sido feito pelos estagiarios e não foi feito. Da averiguação das informações que não foi feita sobre um dos casos de direitos autorais que ele havia deixado comigo para distribuir aos estagiários.

Tentei me lembrar de qual era. A minha cabeça pulsou em resposta.

Merda.

Eu me sentia culpada. Me sentia extremamente culpada. Tanto pela situação com o cliente, tanto pela noite anterior e pelas consequências que isso estava trazendo para a minha concentração. Mesmo assim, tentei afastar todos os pensamentos pessimistas e focar na voz furiosa do meu chefe.

Adam não estava me culpando, mas eu nunca o tinha visto tão preocupado, tão fora de si. Ele não era o tipo de pessoa que perdia facilmente o controle.

- Isso não era para ter acontecido, Katherine. Não sei como resolver isso. – Meus olhos continuaram fixos sobre ele, com compaixão. Ele parou de repente, olhando na minha direção, parecendo perdido. – Preciso da sua ajuda.

Eu procurei dosar o nível de pena na minha voz ao responder.

- Sinceramente, Adam, eu acho que há pouco que eu possa fazer se nem mesmo você sabe como resolver isso.

Ele sorriu, cansado, fazendo o agradecimento pelo elogio passar pelos seus olhos, mas o sorriso não os alcançou. Ele soou desanimado.

- Eu preciso de uma opinião eficiente.

Mais do que Eu Posso AguentarOnde as histórias ganham vida. Descobre agora