Resident Evil 3 Remake (25/04/2020)

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Foi isso que me fez esperar que o Resident Evil 3 seguiria a mesma linha, e colocar algo em mente: encarar o game como uma experiência distinta com elementos do original, mas que fugiria deste em inúmeros pontos e, assim como o RE2 Remake, nunca a ele se equipararia. O próprio conceito de "reimaginação", termo que a Capcom defende ser mais adequado a se referir a esses jogos.

É preciso entender que experiências como o RE1 Remake (2002, remasterizado em 2015) não vão mais se repetir na atual conjuntura. Antes, tínhamos o próprio criador da série (Shinji Mikami) insatisfeito com o primeiro game, o qual achava excessivamente datado e defasado em relação às continuações, por isso decidindo refazê-lo sala por sala, e ainda por cima adicionando uma enorme gama de conteúdo que até tinha sido planejado à versão original, mas não incluído devido às limitações de hardware do período (como ter de queimar os zumbis derrubados, ou os baús não conectados entre si – ainda que isto tenha sido inserido como extra).

Agora temos a Capcom surfando numa onda de nostalgia, entregando novas versões de games que já eram mais redondos em termos narrativos e melhores em gameplay do que o RE1 original, em grande parte por uma pressão dos próprios fãs (de anos em relação ao RE2, e de imediatamente já querer um RE3 lançado na sequência – e bem, foi o que aconteceu!). Para bem e para mal, a opinião da fanbase tem valido muito à Capcom nos últimos anos. Assim como a tendência que ela sempre teve de desfrutar ao máximo de zonas de conforto – no presente caso, "remakes" mostrarem ter um retorno certo em vendas.

Com tudo isso exposto, quero chegar ao ponto que eu já estava preparado para um game de boa jogabilidade (a RE Engine é fantástica), mas enredo capenga. Assim como o RE2 Remake – friso. O que encontrei? Algum downgrade de jogabilidade no RE3 Remake, mas uma narrativa mais polida e com maior carinho aos fãs (sim!) do que eu esperava, inclusive se considerarmos o RE3 original.

Resultado dessa visão: RE3 Remake me divertiu à beça!

Explicando em partes...

MELHORIAS NARRATIVAS

A premissa da história de RE3 Remake continua a mesma do original, mas o que me surpreendeu bastante foi que diversos aspectos foram melhor polidos e trabalhados. Listando:

- Jill Valentine muito mais humana e identificável, com seus traumas do incidente da mansão retratados, assim como suas dúvidas e anseios enquanto foge de Raccoon City;

- Carlos Oliveira, de um personagem chato e caricato no jogo original, esbanja carisma e de longe é o melhor personagem do Remake – o que, consequentemente, também torna suas sessões jogáveis as mais memoráveis da experiência;

- Mikhail ganhou mais peso narrativo, é mais ativo e não apenas o cara que alucinava e se explodia com o Nemesis como no original;

- Nicholai está melhor estabelecido como vilão, mais carismático e inclusive teve sua trama expandida com o elemento de trabalhar a outra facção além da Umbrella (Wesker? HFC, que foi ressuscitada por uma menção no RE7?). Há inclusive potencial para que ele volte em jogos futuros – sim, é possível ver um helicóptero a mais no pátio ao final do jogo e nada impediria o personagem de escapar também da explosão da cidade;

- Tyrell ganhou muito melhor desenvolvimento, acompanhando os eventos até a reta final do jogo;

- Todos os eventos são cronologicamente estabelecidos e respeitam a datação dos games de origem – incluindo trazendo intrajogo explicações de eventos que se intercalam, os quais antes a Capcom havia explicado apenas por material extra. Isso inclui a excelente conexão entre os eventos de RE2 e RE3 Remakes na parte da delegacia, bem melhor concatenados que nos originais;

GOLDFIELD - Nerdices e análisesWhere stories live. Discover now