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— Certo, mas você concorda com os alienígenas, né? — James me perguntou e eu ri.

— E os EUA definitivamente tem uma base secreta para se comunicar com eles e fazer experimentos — completei terminando minha casquinha.

Rimos com a teoria enquanto caminhávamos pelas ruas de Londres. Eu estava descalça e vestia o terno de James — que ele insistira, uma vez que eu estava, claramente, com mais frio do que ele. Havíamos comido em um fast-food logo depois de sairmos do baile de inverno e compramos uma casquinha antes de passearmos pela cidade. Conversávamos sobre coisas aleatórias e riamos. Algumas poucas pessoas passávamos por nós. Já deveria ser pouco mais de três da manhã e eu não tinha vontade de ir para casa. Mas era o caminho que fazíamos, mesmo que inconsequentemente. Eu fiquei me perguntando porque eu mantive distância de James durante todos esses anos, pensando que eu apenas havia desperdiçado um grande tempo.

Nós paramos em uma praça antes de entrarmos no meu bairro e sentamos nos balanços. James se balançava levemente enquanto eu encarava as estrelas.

— Já pensou sobre o futuro? — O questionei.

— Algumas vezes — ele diz. — Acho que é inevitável não pensar.

— Mas você fez planos para ele? — Virei minha cabeça em sua direção, encarando-o.

— Alguns — disse. — Mas nunca tive no que pensar muito. Eu vou me formar em administração em Cambridge e trabalhar na empresa do meu pai, começar debaixo, até chegar ao topo e comandar a empresa, como ele faz — ele deu de ombros.

O encarei por um tempo. Era um plano muito longo e muito concreto. Eu mal tinha ideia da faculdade que iria entrar.

— E é isso o que você quer? — O questionei. — Você nunca me pareceu alguém que assumiria uma empresa assim algum dia, não me leve a mal — completei rápido e ele riu.

Ele parou de se balançar e encarou o céu, parecendo pensar um pouco. Então seu olhar se voltou para mim.

— Eu nunca pensei muito sobre o que eu quero — ele confessou, com um suspiro. — Seguir os passos do meu pai sempre pareceu o certo e ele sempre falou tanto de Cambridge...

Sorri solidária.

— Você nunca quis pensar sobre poder decepcioná-lo — completei e ele assentiu, com um sorriso triste. — Minha mal quer que eu faça faculdade — lhe confessei e ele pareceu surpreso. — Tem sido o principal motivo das nossas brigas. E o fato de eu não ter um namorado. Eu quero fazer psicologia, em alguma faculdade, e minha mãe acha que isso é inútil e que nenhum garoto vai querer uma mulher que fique analisando ele — revirei os olhos e james sorriu. — Não é tão difícil ser um desapontamento depois de um tempo. Mas às vezes, você está se preocupando à toa, e seu pai vai ficar muito orgulhoso do que você escolher. O sr. e a sra. Potter parecem ser muito tranquilos com esse tipo de coisa.

James sorriu desviando o olhar para seus pés e eu encarei o céu novamente. Bocejei pouco depois atraindo a atenção de James.

— Acho que é hora de te levar para casa — ele disse e eu sorri.

O restante do caminho foi silencioso. Eu fiquei pensando o tempo todo no que James me contara. Ele era um garoto incrível e eu não consegui vê-lo decepcionando os pais, não importava o que ele fizesse, só lhes daria orgulho. Ele vinha ajudando Sirius todos esses anos, apoiou Remus do início ao fim quando o garoto estava se descobrindo bi e recentemente tem feito tudo o que pôde para me fazer não pensar nos problemas que rondavam a minha cabeça, problemas esses que ele nem tinha ideia. Nós paramos em frente a porta de casa, ficando de frente um para um outro, e eu lhe entreguei seu terno.

— Essa noite foi incrível — disse sorrindo. — Obrigada.

— A compainha sempre melhora tudo — ele disse, sorrindo, colocando uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha. — Boa noite, Lírio — ele disse beijando minha bochecha logo em seguida.

Eu sorri e entrei em casa, fechando a porta em seguida. O local onde seus lábios tocaram minha pele formigava, mas a minha boca também. E não importava o quão incrível havia sido aquela noite, ainda parecia estar faltando algo. Então eu abri a porta novamente, chamando por James. Ele estava no final da calçada e se virou ao ouvir seu nome. Eu me aproximei e selei nossos lábios, sem fazer cerimônia.

Depois da surpresa, James passou seus braços pela minha cintura e ele aprofundou o beijo. Nos separamos devido a falta do ar e eu sorri para ele, lhe dizendo um boa noite, para logo me afastar. Voltando para dentro de casa. Assim que entrei em meu quarto, me joguei na cama, a cabeça no travesseiro, e rir. O que eu tinha feito? Eu coloquei meu pijama e me deitei, entretanto, nao conseguia parar de sorrir.

De tarde, após eu acordar, minha mãe me perguntou sobre o baile e como eu voltara para casa. Eu poderia ter-lhe contado a verdade. Que eu havia ficado o tempo todo com James e que ele me deixara na porta de casa, e eu me despedi dele com um beijo e que esperava que aquilo fosse mais do que simplemente um acontecimento a parte. Eu paralizei com a última constatação. Eu queria algo mais com James. E fora, provavelmente, por isso que eu mentira. Que havia voltado sozinha, depois de beijar alguns garotos. Ele revirou os olhos e disse que aquele era o exato motivo de eu não arrumar um namorado. Eu apenas sorri, voltando para o meu quarto com a minha xícara de café. Eu encarei meu telefone, me questionando sobre ligar para Remus e contar sobre o beijo. Mas não o fiz. Apenas liguei a TV e passei o domingo assistindo série.

Eu quase me atrasei na segunda-feira devido ao fato de ter ficado assistindo TV até tarde e acabei não tomando café. De toda forma, James apareceu com um copo para me dar bom dia. Eu não tinha certeza de como eu deveria agir, o beijo fora uma pouco impulsivo, mas algo que eu queria e, definitivamente, não me arrepemdia. O agradeci com um sorriso e antes que qualquer um de nós dois pudéssemos fazer algo, Marlene apareceu.

— Vocês não sabem o que aconteceu depois que vocês saíram da festa — ela disse e eu fechei o armário, me virando de frente para ela.

— Uh, fofoca — disse.

— Malfoy pegou uma semana de suspensão — ela contou — acusado de batizar o ponce. Acharam as bebidas no armário dele.

Eu me virei para James com um sorriso vitorioso e ele apenas revirou os olhos. O sinal tocou e Marlene nos deixou sozinhos, indo para a sua primeira aula.

— E a Marlene sabe de tudo — James disse enquanto nós também fazíamos nosso caminho para a sala.

— Nem tudo — o encarei sorrindo e ele sorriu de volta.

Ele me deixou na minha sala e se despediu, indo para a sua. Remus estava sentado em seu lugar habitual e eu fui para o seu lado. Ele me olhou curioso. Eu deveria estar sorrindo muito e, na verdade, não conseguia parar.

TroublesWhere stories live. Discover now